29/Jul/2024
O dólar forte ante o Real puxou a alta dos preços do trigo nas principais regiões produtoras. Isso porque a valorização da divisa norte-americana aumenta a paridade de importação, tornado o cereal local mais atrativo para moinhos nacionais ante, sobretudo, o cereal argentino. Em uma semana, o dólar avançou 0,96%, encerrando a R$ 5,66 na sexta-feira (26/07). Na mesma proporção, o Indicador de preços Cepea/Esalq, que há uma semana apresentava retração, revela alta mensal em média de 1% no preço do cereal pago ao produtor. Apesar dos preços firmes, a movimentação segue lenta na entressafra, com agentes aguardando a entrada do trigo novo no mercado.
No Paraná, na região dos Campos Gerais, as indicações no mercado spot de trigo passaram de entre R$ 1.600,00 e R$ 1.650,00 por tonelada FOB no início da semana passada para entre R$ 1.700,00 e R$ 1.730,00 por tonelada FOB e para R$ 1.740,00 por tonelada CIF, em todos os casos para entrega em agosto e pagamento em setembro. Com a alta nos preços atribuída ao dólar valorizado ante o Real, rodam apenas volumes pontuais. Mas, os moinhos estão bem comprados, um ou outro que precisou comprar. No geral, a negociação acontece da mão para a boca, com moinhos recebendo compras da Argentina e recorrendo também ao Paraguai.
Para a próxima safra, a expectativa é de que as lavouras não se desenvolvam de maneira uniforme, devido à falta de chuvas. A produtividade já está comprometida, mas pode ser que a qualidade não. As indicações para o cereal da próxima temporada são de R$ 1.400,00 por tonelada FOB, para embarque em setembro e pagamento em outubro. Não tem rodado volumes, com os vendedores indicando R$ 1.600,00 por tonelada. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a estimativa de produção é 1% menor que a colhida na temporada passada, com colheita prevista de 3,61 milhões de toneladas.
Como a estiagem se prolongou, parte das lavouras teve o desenvolvimento ainda mais limitado, com poucos perfilhos e baixa área foliar, além de espigas menores que o padrão. Esta situação limitou muito a produtividade das lavouras, especialmente no norte do Paraná, fazendo com que as perdas já representem 6% do potencial inicial. A colheita das lavouras no Estado deve começar no próximo mês a partir das áreas mais afetadas pela falta de chuva. Pode haver uma nova revisão na perspectiva de produção de trigo paranaense no levantamento mensal do Deral de 26 de agosto.
No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, as indicações se mantêm entre R$ 1.350,00 e R$ 1.370,00 por tonelada CIF moinho, para o trigo com PH 78, tipo pão, para entrega imediata e pagamento em 30 dias. Não há relato de negócios, com vendedores indicando R$ 1.600,00 por tonelada FOB. O principal fator de entrave para os negócios é a diferença nas propostas entre compradores e vendedores. Para a próxima safra, não há indicação de compra ou venda. Segundo a Emater-RS, o plantio de trigo está praticamente encerrado no Rio Grande do Sul, com 94% das lavouras instaladas.
Na metade oeste do Estado, a implantação das lavouras foi concluída. Em virtude da melhoria das condições climáticas dos últimos períodos, a semeadura do trigo foi retomada nas regiões em atraso, especialmente na metade leste. A projeção de área plantada é de 1,312 milhão de hectares nesta safra, com produtividade prevista de 3.100 quilos por hectare. A redução da nebulosidade e o aumento da luminosidade no Rio Grande do Sul favoreceram o desenvolvimento mais vigoroso das plantas, melhorando o aspecto geral e estimulando o perfilhamento e o crescimento foliar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.