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27/May/2024

Preços do trigo em alta acompanhando o exterior

Os preços do trigo estão em alta no mercado interno, acompanhando a alta das cotações internacionais do cereal. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros do cereal ultrapassaram US$ 7,00 por bushel contra US$ 6,00 por bushel há um mês, em meio às preocupações com a safra russa afetada por geadas. No Brasil, em um mês o preço médio do cereal avançou cerca de 8% no Rio Grande do Sul e 12% no Paraná, para, em média, respectivamente, R$ 1.328,00 por tonelada e R$ 1.445,00 por tonelada. A alta do cereal local deve-se ao aumento da paridade de importação, já que o câmbio mais firme e os preços pagos pelo grão internacional em alta aumentam o custo do trigo argentino e, consequentemente, a competitividade do trigo nacional. Apesar dos preços mais remuneradores aos vendedores, a baixa liquidez predomina no mercado.

No Paraná, na região dos Campos Gerais, a negociação de trigo no spot segue pontual, na base de R$ 1.450,00 por tonelada FOB, para retirada em junho e pagamento em julho. Com a demanda, mesmo que pontual, o produtor acabou arriscando elevar o preço para R$ 1.500,00 por tonelada FOB, em iguais prazos, e os moinhos estão concordando com este valor, desde que seja para entrega na fábrica, e não com retirada na fazenda. Sem acordo sobre quem deveria pagar o frete, a comercialização fica travada. Outras incertezas que rondam o mercado também contribuem para desacelerar a negociação no Paraná. Entre elas, problemas na safra da Rússia e indefinição de quando se iniciará o plantio da safra 2023/2024 no Rio Grande do Sul após as enchentes. Além disso, o vendedor está voltado à comercialização da soja neste momento, já que a oleaginosa deu uma subida de preços, e deixa o trigo disponível guardado.

No Paraná, a semeadura do cereal de inverno já começou, mas de forma bastante pontual. Em relação ao trigo futuro, da safra 2024, cuja semeadura recém começou no Estado, os compradores indicam entre R$ 1.300,00 e R$ 1.400,00 por tonelada CIF moinho, para entrega em outubro e pagamento em novembro. O mercado está parado. Ainda há muitas incertezas e ninguém quer arriscar. No Estado, o preço pago ao produtor passou de R$ 65,00 por saca de 60 Kg para R$ 74,00 por saca de 60 Kg, segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). A elevação dos preços pode animar alguns produtores a incrementarem sua área de trigo, porém esse movimento deve ser limitado, visto que o valor ainda é muito próximo do custo variável de produção, bem como a disponibilidade de sementes é restrita. Aproximadamente 45% das lavouras do Paraná já estão semeadas, com relatos de baixa disponibilidade hídrica e desenvolvimento desuniforme em algumas regiões.

No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, com a movimentação escassa, as indicações do mercado spot de trigo se mantêm em R$ 1.350,00 por tonelada FOB para o cereal tipo pão, com embarque imediato e pagamento em 30 dias. O mercado está parado, com produtores indicando entre R$ 1.500,00 e R$ 1.550,00 por tonelada para o cereal com PH a partir de 76 a 78 e entre R$ 1.900,00 e R$ 1.950,00 por tonelada para o grão do tipo branqueador, com PH acima de 78 a 80. O trigo branqueador agrega um preço maior porque tem qualidade, abaixo disso o produtor não vai vender. O produtor acompanha notícias e sabe que tanto na Ucrânia quanto na Rússia as lavouras não estão com boa qualidade e já existe uma necessidade de trigo. A expectativa dos vendedores é de alta nos preços. Não só o trigo do Rio Grande do Sul, mas o do Paraná e da Argentina também podem abastecer esses países futuramente.

Como a próxima safra só deve ter a colheita em novembro, a perspectiva é de que mediante a necessidade de outros países, o cereal vendido seria o que já está nos armazéns. Segundo a StoneX, essas incertezas do mercado de trigo vão refletir nos preços praticados dos derivados do cereal ao consumidor final já nos próximos meses, com aumento dos custos dos moinhos. Há um aperto na oferta global de trigo na transição entre as safras, com o menor estoque de passagem dos últimos 15 anos. Mesmo que a produção global apresente um crescimento gradual, o consumo tem mais que compensado esse movimento, ou seja: há uma demanda muito maior do que a capacidade de crescimento da produção atual. O cenário é desafiador também para a produção de trigo no Brasil, com a rentabilidade baixa da última safra, a menor oferta de sementes e o clima considerado arriscado no Rio Grande do Sul, além da descapitalização dos produtores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.