21/May/2024
Apesar da recente recuperação nos preços de negociação do trigo e do recuo nos custos de produção em 2024 frente ao ano anterior, as margens de produtores estão menores. A receita estimada em abril estava apenas em linha com o custo operacional, o que significa que, quando considerados os custos totais, as margens ficam negativas. Em 2023, as estimativas apontavam margem positiva quando se comparavam receita bruta e custo operacional. Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) evidenciam que os produtores não estão animados para cultivar trigo em 2024. A Conab ampliou a redução de área com trigo prevista para a atual temporada, indo para 3,086 milhões de hectares, 11,1% abaixo da de 2023. A produtividade pode crescer 26,2% no mesmo comparativo, o que resultaria em produção de 9,082 milhões de toneladas, com avanço de 12,2% frente à safra finalizada em 2023. Para a importação, a estimativa é de 6 milhões de toneladas entre agosto/2024 e julho/2025.
Com isso, a disponibilidade interna está estimada em 15,18 milhões de toneladas, contra 15,44 milhões de toneladas entre agosto/2023 e julho/2024. O consumo doméstico está previsto em 12,49 milhões de toneladas, contra 15,34 milhões de toneladas na temporada anterior. As exportações entre agosto/2024 e julho/2025 seguem previstas em 2 milhões de toneladas. Até o dia 12 de maio, 21% da área estimada havia sido semeada no Brasil, sendo que Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul já somam mais de 70% das respectivas áreas. A semeadura precisou ser interrompida em algumas regiões, devido à falta de umidade no solo. Os produtores têm se mantido mais firmes em suas ofertas de venda, principalmente nos casos de lotes envolvendo trigo de qualidade superior (PH>78). Diante disso, o valor médio do trigo está avançando. Negociações ocorrem apenas quando há necessidade imediata, visto que moinhos estão recebendo o grão negociado anteriormente por meio de contratos a termo.
Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), os preços apresentam alta de 2,82% no Rio Grande do Sul, 0,97% em Santa Catarina e 3,87% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), há aumentos de 1,63% no Rio Grande do Sul, de 1,92% no Paraná, de 2,06% em São Paulo e de 0,25% em Santa Catarina. Os preços externos estão pressionados pela expectativa de alta no rendimento da safra de inverno no Kansas, o maior estado produtor dos Estados Unidos. Apesar dos sinais de estresse climático, as condições das lavouras estão melhores que o esperado pelo mercado, ofuscando as preocupações com a safra da Rússia. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Julho/2024) do trigo Soft Red Winter registra desvalorização de 1,8% nos últimos sete dias, a US$ 6,51 por bushel (US$ 239,29 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta baixa de 1,7% no mesmo comparativo, a US$ 6,61 por bushel (US$ 243,15 por tonelada).
Na Argentina, diante das atuais tensões políticas e sociais e do atraso na colheita, os valores do trigo seguem em alta. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB têm alta de 5,8% nos últimos sete dias, indo para US$ 290,00 por tonelada e renovando o maior patamar nominal deste ano. A média de maio está em US$ 272,83 por tonelada, sendo 11,5% acima da média de abril/2024 (US$ 244,75 por tonelada). Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em maio, com 7 dias úteis, as importações brasileiras de trigo somaram 270 mil toneladas, volume 4,7% inferior às 283,52 mil toneladas de todo mês de maio do ano passado (22 dias úteis). O preço médio do cereal importado foi de US$ 240,90 por tonelada FOB origem, queda de 27,8% no comparativo anual. Quanto às exportações, o Brasil embarcou 50 mil toneladas na parcial deste mês, contra 68,2 mil toneladas em maio/2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.