30/Apr/2024
Após aumentar nas últimas quatro safras, com salto de mais de 70% entre 2019 e 2023, a área dedicada ao trigo sinaliza redução neste ano. Os menores patamares de preços do cereal somados a incertezas climáticas e aos altos custos explicam o possível recuo no cultivo com a cultura. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta queda média de 4,7% na área semeada com trigo em relação à safra anterior, pressionada pela menor área na Região Sul, de 7%; para as Regiões Sudeste o Centro-Oeste, a entidade estima aumento. O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) aponta forte redução de 19% na área destinada ao trigo no Paraná nesta temporada, para 1,14 milhão de hectares. Apesar disso, a produção deverá crescer 4% no mesmo comparativo, atingindo 3,8 milhões de hectares no Estado, em decorrência da maior produtividade. Nas últimas quatro safras, ao contrário, a área aumentou, impulsionada pela recuperação expressiva dos valores domésticos, puxados pelos maiores níveis internacionais, que também favoreciam crescimento das exportações.
Ao mesmo tempo, o elevado risco de cultivo do trigo no Brasil, influenciado por fatores climáticos diversos, além de parâmetros de custos, faz com que tradicionalmente produtores da Região Sul deixem parte expressiva da propriedade sem uma cultura comercial na 2ª safra. Do ponto de vista das cotações em abril, até houve sustentação, puxada pelo mercado externo, diante de problemas climáticos no Hemisfério Norte, especialmente, que pode impactar a oferta de 2024, assim como tensão no Oriente Médio. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Maio/2024) do trigo Soft Red Winter apresenta alta de 9,6% nos últimos sete dias, a US$ 6,03 por bushel (US$ 221,66 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem valorização de 11,1% no mesmo período, a US$ 6,46 por bushel (US$ 237,46 por tonelada). Entre março e abril, o primeiro vencimento na Bolsa de Chicago subiu 3,5%, com média de US$ 5,62 por bushel (US$ 206,72 por tonelada) para o Soft Red Winter na Bolsa de Chicago.
Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter tem leve queda de 0,1% em igual comparativo, para US$ 5,91 por bushel (US$ 217,17 por tonelada). Segundo estimativa da SovEcon, as exportações de trigo da Rússia podem atingir 4,6 milhões de toneladas em abril, volume recorde para o mês. A projeção ficou acima dos 4,4 milhões de toneladas de abril/2023 e da média de 2,9 milhões de toneladas. segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, nos últimos sete dias, os valores FOB apresentam alta de 1,2%. Na terça-feira (23/04), a cotação atingiu a máxima de 2024, de US$ 254,00 por tonelada. Mesmo valor de fechamento da sexta-feira (26/04). Com essas altas, a média de abril está em US$ 243,83 por tonelada, 10,3% acima da média de março/2024 (US$ 221,11 por tonelada). No Brasil, a média mensal de abril do trigo negociado no Paraná é de R$ 1.264,74 por tonelada, aumento de 1,9% frente à média de março/2024, mas recuo de 20,7% sobre a de abril/2023, em termos nominais. No Rio Grande do Sul, a média é de R$ 1.196,12 por tonelada, alta mensal de 1,9% e recuo anual de 15,5%.
Em São Paulo, a média de abril, de R$ 1.304,92 por tonelada, está 6,7% acima da do mês anterior, mas 23,7% abaixo da de igual período de 2023. Em Santa Catarina, a média é de R$ 1.394,46 por tonelada, estável no comparativo mensal, e queda de 12,6% no anual. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor) o trigo registra valorização de 0,64% no Rio Grande do Sul, 0,62% em Santa Catarina e 1,62% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os aumentos são de 0,42% no Rio Grande do Sul, de 3,92% no Paraná, de 0,91% em São Paulo e de 1,22% em Santa Catarina. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de abril, as importações brasileiras de trigo somavam 329,76 mil toneladas, acima das 312,71 mil toneladas registradas em todo o mês de abril do ano passado. O preço médio de importação do cereal foi de US$ 236,8 por tonelada FOB origem, 30,8% abaixo do verificado há um ano (US$ 342,00 por tonelada). Quanto às exportações, o Brasil embarcou 382,8 mil toneladas, contra 280,65 mil toneladas em abril/2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.