22/Apr/2024
O aumento de 1,53% do dólar ante o Real na última semana, com a divisa norte-americana batendo o patamar de R$ 5,20, impulsionou os preços do trigo no mercado interno. Os valores pagos pelo cereal subiram de R$ 30 a R$ 80 por tonelada nas principais praças produtoras, a depender das condições de entrega e pagamento. O aumento do cereal local deve-se à maior paridade do trigo importado. O cereal argentino internalizado pelos moinhos brasileiros subiu US$ 30 por tonelada na última semana. No Nordeste, região com maior dependência de cereal externo, o trigo argentino chega a US$ 260 por tonelada FOB Porto de Fortaleza para entrega em maio, ante US$ 230 por tonelada reportada na semana anterior.
Assim que o dólar atingiu R$ 5,26 a R$ 5,28 nos dias mais nervosos do mercado, os produtores argentinos seguraram os lotes, retraíram ofertas e voltaram nos próximos dias com valores mais altos. A Argentina já exportou bons volumes e está em nível confortável de comercialização. No Rio Grande do Sul, os moinhos também viram alta volatilidade tanto no preço do trigo argentino quanto no do trigo local, mas a maior parte da indústria está abastecida pelo menos para os próximos dois meses. A indústria consumidora da farinha também está estocada. A incógnita é até que ponto vai a pressão do dólar e do preço do trigo em dólar, embora a partir de julho inicie a entrada da colheita do Centro-Oeste.
O cereal argentino chega, em média, a R$ 1.450 por tonelada CIF Porto Alegre, enquanto o cereal local gira em torno de R$ 1.350 por tonelada a R$ 1.400 por tonelada. Nesta safra, o Estado deve internalizar cerca de 60% da necessidade de moagem da Argentina, ou cerca de 1,1 milhão de toneladas. Com a inflação do trigo e o dólar variando em novo patamar, a indústria moageira já cogita a possibilidade de reajuste de preço da farinha neste primeiro semestre. Um eventual reajuste decorre da combinação de maior necessidade de trigo importado neste ano, com baixa qualidade da produção brasileira, somada à apreciação do dólar ante o Real, o que pesa sobre os custos dos moinhos.
O preço da farinha de trigo caiu mais que o do cereal e há defasagem de 5% a 7% no mercado. Conforme o avanço na cadeia de massas e biscoitos, o impacto da farinha de trigo é diluído. Os negócios com trigo nacional seguem praticamente travados sem a oferta de lotes de qualidade superior e com preços pouco competitivos ante o argentino, de melhor qualidade. No Rio Grande do Sul, a comercialização local segue da mão para boca. Os valores pagos pelo cereal no Estado também subiram, R$ 35 por tonelada, acompanhando o aumento do dólar ante o Real, chegando a R$ 1.200 por tonelada na região de Passo Fundo.
No Paraná, nos Campos Gerais, as indicações do trigo subiram R$ 50 por tonelada, também impulsionadas pela alta do dólar ante o Real. Os compradores propõem para o trigo de qualidade, tipo 1, R$ 1.350 por tonelada CIF moinho, com entrega entre abril e maio e pagamento na metade de junho. Há relatos de acordos pontuais para o mercado interno. A tendência de negócios pontuais deva se manter, com a queda nas bolsas internacionais em virtude do conflito no Oriente Médio diminuindo o preço do grão importado. Em contrapartida, o fim da colheita da soja deve fazer com que produtores voltem as atenções para a venda do cereal de inverno, assim como as altas do dólar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.