17/Apr/2024
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), após fechar 2023 com aumento de 9,6% na receita de vendas, a R$ 70,464 bilhões, a indústria brasileira de biscoitos, massas alimentícias, pães e bolos industrializados projeta crescimento de 5% a 8% no faturamento neste ano. Já o volume comercializado pelo setor tende a ficar praticamente estável, ante os 5,071 milhões de toneladas vendidas no ano passado (2% mais que 2022). A perspectiva é a de que o volume fique estabilizado e o valor vendido deva aumentar em virtude da reposição de custos ao preço dos produtos, o que também pressiona a expansão de volumes. No ano passado, o maior faturamento foi obtido no setor de biscoitos, que cresceu 11,3%, para R$ 32,477 bilhões vendidos e 1,526 milhão de toneladas, volume 1,7% inferior na comparação anual.
Na sequência, o segmento de pães industrializados registrou R$ 14,376 bilhões comercializados, alta de 13,1% ante 2022, e volume de 744.550 toneladas, aumento anual de 3%. O setor de massas obteve receita de vendas de R$ 13,899 bilhões, 1,9% abaixo do reportado em 2022, e volume comercializado 3,2% inferior, com 1,250 milhão de toneladas. As vendas de farinha de trigo doméstica avançaram 18,9% em receita, para R$ 7,255 bilhões, e 10,7% em volume, para 1,488 milhão de toneladas. De bolos industrializados, o setor reportou faturamento de R$ 2,456 bilhões, 14,7% superior ao de 2022, e 61.400 toneladas comercializadas, 4% acima do ano anterior. O desempenho do setor quanto ao faturamento é atribuído a uma reposição de custos pela indústria, considerando câmbio apreciado e preço da matéria-prima, o que influencia diretamente no volume comercializado.
Em 2023, os preços, sobretudo da farinha de trigo, estavam elevados e, mesmo com a entrada da safra, os custos da matéria-prima não caíram como o previsto. A queda no setor de massas, o único que registrou menor faturamento em 2023 ante 2022, está associada à redução no peso das embalagens, adotada pela maior parte da indústria no ano passado. Quando há redução do tamanho da embalagem, consequentemente há menor consumo per capita, porque o consumidor está acostumado a comprar massas em número de pacotes. Para 2024, não dever haver pressão de custos sobre os produtos, pelo menos neste primeiro semestre, sem necessidade de reajuste de preço ao produto final. Os custos da matéria-prima, de forma geral, estão caindo e a maioria da indústria possui contratos anuais com moinhos a preço mais razoável, apesar da inflação de outros custos, como mão de obra. Neste primeiro semestre, observa-se certa estabilidade.
Porém, se o preço do trigo voltar a aumentar, se a guerra da Ucrânia continuar, se a safra nacional for ruim, pode haver pressão de custos à indústria no segundo semestre. O câmbio, em forte valorização ante o Real nos últimos dias, também é sinal de atenção para a indústria de derivados de trigo, já que, além de elevar o preço do trigo e da farinha do cereal, os fabricantes dependem do glúten importado. Nos setores de pães e massas industrializadas, o principal componente do custo de produção é a farinha de trigo, enquanto no mercado de biscoitos e bolos o custo da farinha de trigo é diluído com participação também relevante do cacau e do açúcar na composição dos custos. O Brasil é o terceiro mercado mundial em consumo de biscoitos e massas e o quinto maior mercado em consumo de pães. As indústrias da Abimapi representam 80% do consumo nacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.