19/Mar/2024
A temporada de 2023 registrou perdas expressivas na produtividade das lavouras de trigo da Região Sul do País (de expressivos 35,9% frente ao ano anterior), com destaque para o Rio Grande do Sul, onde o rendimento caiu fortes 51%. Esse cenário reduziu a oferta agregada do cereal. Agora, novas estimativas sinalizam queda na área para a temporada 2024, devido aos preços menos atrativos. Ainda assim, se a produtividade ficar dentro da média, a oferta pode superar a do ano anterior. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a área nacional em 3,26 milhões de hectares para 2024, sendo 6% menor que a do no ano passado. No entanto, a produtividade média nacional pode crescer 26%, indo para 2,937 toneladas por hectare, o que resultaria em produção de 9,587 milhões de toneladas, 18,4% acima da colhida em 2023. Quanto às importações, a estimativa é de 5,5 milhões de toneladas entre agosto/2024 e julho/2025, sendo 500 toneladas acima do relatório de fevereiro, mas 700 toneladas a menos que a projeção da safra anterior (de 6,2 milhões de toneladas).
A disponibilidade interna está estimada em 15,48 milhões de toneladas, contra 15,04 milhões de toneladas na temporada passada. O consumo doméstico é previsto em 12,62 milhões de toneladas, e as exportações permanecem apontadas em 2 milhões de toneladas. As negociações estão pontuais no Brasil. Apesar da maior presença compradora, os produtores continuam focados na colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024). A semeadura da nova safra de trigo deve ser iniciada em abril. Os preços internos do grão seguem enfraquecidos. No Paraná, o cereal é negociado na casa dos R$ 1.200,00 por tonelada desde meados de dezembro do ano passado. No Rio Grande do Sul, é comercializado em torno dos R$ 1.100,00 por tonelada desde o final de janeiro/2024. Nos últimos sete dias, especificamente, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresentam queda de 0,44% no Rio Grande do Sul e 0,14% em Santa Catarina, com alta de 0,11% no Paraná.
No mercado de lotes (negociações entre empresas), a alta é de 0,43% em São Paulo, de 0,42% no Rio Grande do Sul, 0,34% em Santa Catarina, mas queda de 0,21% no Paraná. Tomando-se como base números da Conab, de 4 a 8 de março, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina foi de US$ 228,54 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 4,94, o cereal importado foi negociado a R$ 1.131,01 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média maior, de R$ 1.242,32 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 213,49 por tonelada, o equivalente a R$ 1.056,57 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.165,92 por tonelada na média para o Estado. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB trigo registram alta de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 220,00 por tonelada. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Maio/2023) do trigo Soft Red Winter acumula baixa de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 5,28 por bushel (US$ 194,19 por tonelada).
Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem desvalorização de 3,8%, a US$ 5,66 por bushel (US$ 208,06 por tonelada). As baixas ocorrem devido à fraca demanda pelo trigo norte-americano e aos cancelamentos de compras de lotes destinados à China. Segundo a SovEcon, as cotações do trigo com origem na Rússia operam nos patamares mais baixos desde agosto de 2020, pressionadas pela menor demanda e os compradores estão na expectativa de quedas mais intensas. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de março, as importações brasileiras de trigo somavam 201 mil toneladas, abaixo das 429,24 mil toneladas registradas em todo o mês de março do ano passado. O preço médio de importação do cereal foi de US$ 244,81 por tonelada FOB origem, 27,7% inferior ao verificado há um ano (US$ 338,72 por tonelada). Quanto às exportações, o Brasil embarcou 416,66 mil toneladas, contra 607,94 mil toneladas em março/2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.