18/Mar/2024
A negociação de trigo no spot pouco avança na Região Sul do País. Os preços indicados pela ponta compradora não agradam a produtor que ainda dispõe de estoque de cereal de qualidade e, além disso, os moinhos têm se abastecido principalmente do produto argentino, que, inclusive, chega mais barato à indústria brasileira. Outro fator que impede acordos é que o produtor, ultimamente, está mais preocupado em vender o milho ou colher a soja, a depender do Estado, e deixa o cereal de inverno no silo. Com a quebra de safra, há espaço suficiente nos armazéns. Nesse cenário, os preços se mantêm estáveis.
No Paraná, na região dos Campos Gerais, os moinhos seguem abastecidos e, com isso, a comercialização interna fica travada. Até porque há pouco grão local estocado, por causa da forte quebra da safra 2022/2023, que reduziu a colheita esperada praticamente pela metade. Outro fator que impede acordos no spot é o trigo argentino, que tem chegado à região mais barato do que o nacional. Há notícia de que o cereal da Argentina está vindo para o Paraná por preços entre R$ 1.200,00 e R$ 1.250,00 por tonelada. O valor pago pelo trigo da Argentina está abaixo da cotação de R$ 1.300,00 por tonelada CIF, nos Campos Gerais, para entrega em abril e pagamento em maio.
Por este preço, os produtores locais não se animam a negociar. Até porque, neste momento, eles estão vendendo mais soja e milho e deixam o trigo estocado. O cereal guardado nos silos é o tipo 1, colhido no início da safra 2022/2023, antes do excesso de chuvas que assolou as lavouras de inverno no Estado no ano passado. Assim, a negociação de trigo deve seguir bastante pontual nos próximos dias, andando conforme a necessidade de cada parte. Em relação ao trigo futuro, da safra 2023/2024, não há sequer indicações.
No Rio Grande do Sul, na região de Santa Rosa, igualmente, o mercado de trigo está totalmente parado. Os moinhos estão bastante abastecidos, com altos estoques do cereal importado da Argentina, enquanto o trigo feed, voltado para a indústria de alimentação animal, não tem comercialização. Os produtores também têm volumes armazenados e esperam por uma reação dos preços. A expectativa é de que isso aconteça em algum momento em que pare de entrar trigo da Argentina, o que causará o desabastecimento dos moinhos.
O problema é o tempo que isso pode levar. Só deve acontecer quando começar a próxima safra. Neste meio tempo, muitos produtores precisarão liberar espaço nos silos para receber a soja que começou a ser colhida no Estado. O negócio mais recente fechado foi na semana passada, um volume pequeno, a R$ 1.250,00 por tonelada CIF moinho, para embarque imediato e pagamento em 60 dias. As indicações permanecem nessas bases, mas os produtores não querem fazer ofertas. A diferença de preços é tão grande que os produtores nem indicam preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.