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12/Mar/2024

Preços do trigo pressionados no mercado interno

Apesar de dados oficiais indicarem que a produção global de trigo na safra 2023/2024 deve ficar abaixo da demanda, os preços internos e externos do cereal seguem em queda. No Brasil, a baixa liquidez mantém as cotações enfraquecidas ao passo que, no mercado externo, o cancelamento de compras por parte da China e a alta nos estoques norte-americanos pressionam os valores na Bolsa de Chicago. Segundo dados divulgados neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a colheita mundial é estimada em 786,70 milhões de toneladas, leve alta de 0,1% frente ao relatório anterior, mas queda de 0,3% em relação à safra passada. A pressão vem sobretudo da Austrália, que deve produzir 14,5 milhões de toneladas a menos que na temporada anterior. Para o Brasil, a produção permaneceu estimada em 8,1 milhões de toneladas. Quanto ao consumo global, o USDA prevê 798,97 milhões de toneladas em 2023/2024, elevação de 1% frente a 2022/2023.

Os estoques finais foram novamente reduzidos e devem somar 258,83 milhões de toneladas, baixa de 4,5% em relação à temporada anterior e um dos menores desde 2015/2016. Em relação aos volumes transacionados internacionalmente, o USDA novamente elevou a estimativa frente ao relatório anterior, mas ainda seguem inferiores aos da safra 2022/2023. A quantidade mundial exportada deve somar 215,36 milhões de toneladas em 2023/2024, alta de 0,6% no mês, influenciada pela Ucrânia e Austrália; mas queda de 0,3% na comparação com a temporada passada, com o recuo expressivo na Austrália (-27,3%). Vale ressaltar que a elevação nos embarques da Argentina será relevante, podendo somar 10 milhões de toneladas, 113,6% acima dos da safra 2022/2023. No Brasil, os demandantes seguem em busca de trigo de boa qualidade, mas, como a oferta doméstica desse tipo de cereal está baixa, o ritmo de negócios no spot nacional é lento.

Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresentam baixa de 2,23% no Rio Grande do Sul e 0,43% no Paraná, com estabilidade em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), a queda é de 1,15% no Paraná, com estabilidade no Rio Grande do Sul e pequenas altas de 0,16% em São Paulo e de 0,08% em Santa Catarina. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB do trigo apresentam queda de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 218,00 por tonelada. O menor patamar deste ano ocorreu no dia 6 de março, a US$ 217,00 por tonelada. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Março/2023) do trigo Soft Red Winter registra recuo de expressivos 5,9% nos últimos sete dias, a US$ 5,26 por bushel (US$ 193,55 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta valorização de 4,9% no mesmo comparativo, a US$ 6,08 por bushel (US$ 223,59 por tonelada), influenciado pela redução, maior que a esperada, nos estoques mundiais apontados pelo USDA.

Além disso, recompras de contratos após sessões em queda elevaram os valores. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em fevereiro/2024, chegaram aos portos brasileiros 531,55 mil toneladas de trigo, 13,4% inferior ao volume importado em janeiro/2024, mas 82,3% superior ao de fevereiro/2023. O preço médio FOB origem do cereal importado foi de R$ 1.195,41 por tonelada, baixas de 2,6% no mês e de 36% em um ano. Nos últimos 12 meses, as importações somaram 4,59 milhões de toneladas. Em janeiro, a Argentina forneceu expressivos 93,55% do trigo importado pelo Brasil, seguida por Uruguai (4,33%) e Paraguai (2,02%). Quanto às exportações, o Brasil embarcou 276,42 mil de toneladas de trigo em fevereiro, 72,9% inferior ao mês anterior e 48,5% menor que fevereiro/2023. Desta forma, a balança comercial ficou em déficit em fevereiro. Em 12 meses (de março/2023 a fevereiro/2024), os embarques somaram 2,6 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.