11/Mar/2024
A negociação de trigo no mercado doméstico segue praticamente parada. Há divergência em torno de preços pelo cereal de qualidade, matéria-prima escassa no Brasil e, com isso, produtor prefere manter o pouco grão disponível guardado no silo. Os moinhos que se arriscam a buscar trigo no mercado spot na Região Sul do País demandam trigo tipo 1, difícil de encontrar por causa da forte quebra da safra 2022/2023 do cereal. Como saída, a indústria segue recorrendo à importação. Ainda assim, as aquisições de novos lotes acontecem de forma comedida, já que a demanda por derivados no mercado brasileiro está enfraquecida. Os produtores, por sua vez, seguem focados no planejamento da próxima temporada e na colheita da safra atual safra de verão (1ª safra 2023/2024). A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgou os resultados da balança comercial referentes a fevereiro. Em relação ao trigo e centeio (não moídos), as importações em fevereiro somaram 531,54 mil toneladas, ante 291,62 mil toneladas em fevereiro de 2023, ou 82,27% mais. Quanto ao valor desembolsado pelo cereal importado, foi de US$ 128,06 milhões, ante US$ 105,20 milhões de fevereiro de 2023, valor 21,73% acima. O preço caiu de R$ 360,80 por tonelada em fevereiro de 2023 para R$ 240,90 por tonelada em fevereiro deste ano, forte recuo de 33%.
No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, o mercado continua parado. Para o cereal tipo pão, com PH 76, os compradores indicam R$ 1.150,00 por tonelada FOB posto moinho, para retirada imediata e pagamento em 30 dias. Para o grão com PH 72, a indicação está entre R$ 715,00 e R$ 720,00 por tonelada FOB, para os mesmos prazos. Os vendedores indicam entre R$ 1.200,00 e R$ 1.230,00 por tonelada FOB para o PH mais alto e entre R$ 870,00 e R$ 880,00 por tonelada FOB para o PH 72, valores estáveis nos últimos sete dias. Os moinhos do Estado não compram nem pontualmente. Ainda assim, nos últimos dias, aumentou a procura pelo trigo branqueador, com compradores indicando R$ 1.600,00 por tonelada FOB, para entrega imediata e pagamento em 30 dias. Mas, devido à escassez deste tipo de cereal, em virtude da quebra de safra, os vendedores indicam R$ 2.000,00 por tonelada FOB pelo grão da temporada passada. O produtor sabe que os moinhos não têm mais trigo branqueador e que uma hora vão ter que ceder às pedidas dos vendedores.
No Paraná, na região de Campos Gerais, as indicações de compradores no mercado spot de trigo se mantém estáveis na semana nos últimos sete dias, mas o mercado está parado. Os moinhos indicam R$ 1.250,00 por tonelada CIF para o cereal de PH 78, para entrega em abril e pagamento em maio. Os vendedores indicam entre R$ 1.300,00 e R$ 1.400,00 por tonelada FOB. Além de os compradores estarem abastecidos até junho, os produtores também consideram os atuais patamares pouco remuneradores, o que justifica a movimentação escassa no mercado. A última queda nos futuros na Bolsa de Chicago e o preço do trigo argentino barato estão ‘assustando’ os agentes. Os moinhos já estavam recorrendo ao grão da Argentina devido à qualidade, visto que o produto brasileiro sofreu com questões climáticas. Se os moinhos puderem continuar comprando o trigo argentino, que está mais barato, para eles é a melhor opção. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.