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27/Feb/2024

M. Dias Branco está otimista para o ano de 2024

Com resultados recordes em lucro líquido, receita líquida e lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no ano passado, a M. Dias Branco, líder em massas, biscoitos e cookies saudáveis, espera ver a rentabilidade e os volumes vendidos crescerem neste ano. Baseado no plano de expansão regional, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde deve crescer acima do mercado, a empresa acredita que este ano será um ano melhor que 2023, tanto em margens quanto em volume. O crescimento passa pelas estratégias internas adotadas pela empresa e por uma dinâmica de mercado mais favorável. A M. Dias está otimista e vê o mercado estável, mas com a redução da taxa de juros, prevista pelos bancos para 9% ao fim do ano, a economia e, consequentemente, o consumo deve melhorar. Além disso, o governo atual, assim que assumiu, melhorou a renda com ajuda adicional do Bolsa Família, o que tem ajudado o consumo na Região Nordeste, um dos principais mercados para a empresa.

A região de defesa, formada pelo Norte e Nordeste, representou 64% do faturamento da M. Dias em 2023, com R$ 6,927 bilhões, enquanto as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, chamada pela companhia de região de ataque, corresponderam a 34% da receita líquida, somando R$ 3,729 bilhões. Um dos fatores determinantes para a rentabilidade da fabricante de alimentos, o preço das matérias-primas deve apresentar pressão estável sobre os custos gerais das empresas. A rentabilidade do 1º semestre de 2023 ainda foi afetada pelo preço mais elevado do trigo em virtude da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. A partir do 2º semestre, vemos a margem voltando ao patamar histórico de 15% a 20%. Em 2023, com a queda das commodities, o custo de aquisição da matéria-prima da empresa recuou 4,7% ante 2022, representando 49,1% da receita líquida (ante 55,1% de 2022). O recuo foi puxado, sobretudo, pela queda no preço adquirido do trigo, de 28%, principal commodity utilizada pela empresa, com contribuição da redução de 32% no preço do óleo de palma.

Os preços do cereal voltaram ao nível pré-guerra entre Rússia e Ucrânia, encerrando em US$ 256,00 por tonelada em dezembro após ter ultrapassado US$ 450,00 por tonelada durante o ápice do conflito. A empresa terá melhor rentabilidade também porque o trigo está mais barato. Em contrapartida, o aumento dos preços de açúcar e cacau é um ponto de atenção para a empresa. Ambos estão em níveis bastante elevados: o açúcar próximo de 22,00 centavos de dólar por libra-peso e o cacau que atingiu o maior preço da história, próximo de US$ 6.000,00 por tonelada com demanda por indulgência alta e produção estável em Gana e Costa do Marfim. Há pressão de custo por essas duas commodities. Para manter rentabilidade e volume crescentes, a empresa tem um curso uma série de alavancas e habilitadores de crescimento. O que ocorreu no quarto trimestre com aumento de volumes superando a sazonalidade do período e margem Ebitda acima do ano, de 16%, não foi um evento isolado. A empresa segue em processo de transformação, com alavancas e habilitadores claros para seguir crescendo em 2024.

Entre as alavancas, destaque para a venda combinada entre as marcas (cross-selling), a contribuição da inovação para os resultados e a retomada das marcas de baixo preço Cash & Carry (atacarejo). Cross-selling para a M. Dias é colocar ainda mais essas marcas em pontos de venda que já atuamos com outras marcas, como a Piraquê que praticamente não existia na Região Nordeste e hoje fatura R$ 200 milhões por ano na região. Os itens de maior valor agregado somaram R$ 443 milhões à receita em 2023. A ideia da M. Dias Branco é consolidar a Jasmine como marca de alimentos saudáveis, a Piraquê referência em biscoitos finos e expandir a Vitarella, de massas e biscoitos, e a Finna, de farinha, para fora do Nordeste. Em inovação, lançará no mercado coisas diferentes que ainda não têm no Brasil. Sobre as marcas de baixo preço, chegou-se a uma boa equação entre preço e custo para reintroduzir as vendas pela Região Nordeste, após a suspensão da categoria pelo custo que subiu muito na pandemia e pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

Como iniciativas para o crescimento, a M. Dias cita o reforço no investimento em marketing, a continuidade do processo de melhoria comercial com modelo de loja e o processo de gestão da receita, que envolve a precificação de produtos. Há três ou quatro anos, o processo de precificação era linear. Hoje, é mais completo e detalhado. A M. Dias divide sua estratégia de ganho de crescimento com rentabilidade em três pilares: expansão regional, maior participação em novas categorias e expansão internacional. A M. Dias espera também retomar a participação de mercado neste ano. Em 2023, a companhia manteve a liderança em biscoitos e massas, mas viu sua fatia de mercado cair para, respectivamente, 31,8% (queda anual de 0,2%) e 28,9% (redução anual de 2,1%). A tendência, a partir do avanço de mercado do quarto trimestre de 2023 frente ao terceiro trimestre do ano, é de recuperação da participação de mercado. A companhia é a primeira que reajusta preço e puxa mercado. Em algum momento, as concorrentes teriam que fazer este mesmo movimento. No curto prazo, e empresa já começou a retomar o market share que perdeu ao longo do ano, basicamente por conta da dinâmica de preço, o que deve continuar.

De acordo com a empresa, a sua participação de mercado em biscoitos avançou em janeiro ante dezembro, tendência vista para o acumulado deste ano. Após um ano voltada à integração interna de seus negócios, especialmente as empresas adquiridas nos últimos dois anos, a M. Dias Branco deve olhar para novas fusões e aquisições (M&As) neste ano. A capacidade financeira da empresa permite novas transações, tendo encerrado 2023 com geração recorde de caixa de R$ 2,126 bilhões e alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) em nível "confortável" de 0,1 vez positiva ante 1,8 vez negativa de 2022. Está descartada a entrada em novas categorias e novos países, mas eventuais novos negócios tendem a integrar o foco da empresa para o ano de avançar na expansão regional, de forma relevante, sobretudo para as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A empresa está pronta para M&As que se conectem a essa estratégia, ou seja, oportunidades de M&As em categorias já existentes no Sul, Sudeste e Centro-Oeste serão olhados com atenção pela M. Dias Branco. Ao longo dos últimos anos, a M. Dias adquiriu a Latinex e a Jasmine, de alimentos saudáveis, e a uruguaia Las Acacias, de massas premium. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.