20/Feb/2024
Os preços internos e externos do trigo estão operando nos patamares de 2020, influenciados por expectativas de que a oferta global fique acima da demanda nesta temporada. Com isso, as negociações envolvendo trigo ocorrem apenas de forma pontual no spot brasileiro. Além disso, enquanto os agricultores estão focados na colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024), as moageiras se mostram abastecidas com a matéria-prima para médio prazo. A enfraquecida demanda por farelo de trigo, devido à maior disponibilidade de milho, principal substituto na produção de ração animal, também reforçou a baixa liquidez no mercado de trigo. A taxa cambial (R$/US$) relativamente estável nos últimos dias e abaixo da média dos últimos quatro anos eleva a atratividade das indústrias moageiras pelo produto importado. O dólar se valorizou 0,2% frente ao Real de 9 a 16 de fevereiro, a R$ 4,96 na sexta-feira (16/02). De 2020 a 2023, a média da moeda norte-americana foi de R$ 5,18.
Com isso, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a média diária das importações de trigo, na parcial deste mês, está 82% acima da de fevereiro de 2023. Os preços de importação registram média de US$ 241,20 por tonelada FOB origem, 33,14% abaixo dos verificados no mesmo período de 2023 (US$ 360,80 por tonelada). Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os preços registram leve alta de 0,05% no Paraná, estabilidade no Rio Grande do Sul e queda de 0,1% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), observam-se quedas de 0,2% no Paraná e de 0,05% em Santa Catarina. Em São Paulo, os preços registram leve avanço de 0,01%; e, no Rio Grande do Sul, de 0,27%. Ressalta-se que a baixa oferta de trigo de PH 78 e o maior excedente do cereal de PH inferior no Brasil limitaram as baixas nos preços domésticos. Quando analisados os preços do trigo negociados em fevereiro de cada ano, as cotações atuais estão nos menores patamares desde 2020, quando o trigo era negociado abaixo de R$ 1.000,00 por tonelada.
Os representantes de indústrias estão atentos às crescentes ofertas de trigo na Rússia e na Argentina, que podem elevar a oferta global e pressionar as cotações nos próximos meses. A expectativa de menor demanda por trigo nos Estados Unidos também segue pressionando os valores internacionais, neste caso, a baixa procura por trigo está atrelada à maior oferta de milho nos Estados Unidos. A demanda externa pelo cereal norte-americano também segue baixa. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), saíram dos portos norte-americanos 11,71 milhões de toneladas de trigo na parcial desta temporada (até o dia 8 de fevereiro), volume que é 18% abaixo do escoado no mesmo período da temporada passada. Os primeiros dados do USDA quanto à expectativa de cultivo para a temporada 2024/2025 apontam redução de 5,2% na área em termos agregados, para 19,02 milhões de hectares, contra 20,07 na temporada passada.
Porém, a expectativa é de que 15,54 milhões de hectares sejam colhidos, 2,9% a mais que na temporada anterior. Esse cenário deve elevar a oferta para o maior nível em cinco anos e contribuir para aumentar os estoques de passagens após seis anos de redução, o que, por sua vez, pode pressionar as cotações. Com isso, os contratos futuros do trigo também estão sendo negociados nos menores patamares para um mês de fevereiro desde 2020. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Março/2023) do trigo Soft Red Winter apresenta queda expressiva de 6,1% nos últimos sete dias, finalizando a US$ 5,60 por bushel (US$ 205,95 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem desvalorização de 5,7%, a US$ 5,67 por bushel (US$ 208,43 por tonelada). Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB registram recuo de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 234,00 por tonelada, o mais baixo desde 22 de janeiro de 2020. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.