08/Jan/2024
As estimativas de produção da safra 2023/2024, tanto mundiais, quanto do Brasil, são inferiores às da temporada anterior. O Brasil deverá ser apenas o 16º maior produtor de trigo da temporada 2023/2024 e o 10º maior exportador global da commodity. No mundo, a oferta de trigo da temporada 2023/2024 deverá cair, após quatro anos consecutivos em crescimento. No Brasil, depois das altas expressivas nos preços em 2022, a área com trigo aumentou em 2023. Contudo, devido a problemas climáticos, a produtividade foi menor, o que reduziu expressivamente a produção da temporada. De acordo com estimativa da Conab, a produção no Brasil deverá somar 8,14 milhões de toneladas na safra 2023/2024, forte queda de 22,8% frente ao recorde da temporada passada (colheita de 10,55 milhões de toneladas). Mesmo assim, é a segunda maior produção histórica nacional. E, apesar da quebra de safra, o ano de 2024 vai se iniciar com um dos maiores volumes de trigo nacional.
Todavia, a qualidade dos grãos colhidos foi fortemente prejudicada, o que deverá incentivar uma elevação no volume a ser importado, visando a produção de farinha para o mercado interno. A previsão de importação da Conab é de 6 milhões de toneladas de agosto/2023 a julho/2024, 33% a mais que na temporada passada. Em contrapartida, o volume exportado deverá cair, passando para 2 milhões de toneladas (entre agosto/2023 e julho/2024), 24,7% abaixo da safra anterior. Essa situação poderá impulsionar os negócios com a Argentina, que, atualmente, é a principal origem do trigo importado pelo Brasil. Tudo vai depender da flexibilização das exportações, assim como qual será o encaminhamento do novo presidente argentino quanto às “retenciones” em 2024, que, a princípio, sinaliza elevar de 12% para 15%. Com a previsão de alta no volume importado, também será fundamental acompanhar a taxa de câmbio.
Em 2023, o preço médio das importações (FOB) foi de R$ 1.577,29/tonelada, contra R$ 1.872,67/tonelada em 2022. Em relação à próxima safra, a previsão é de que a produção de trigo no País aumente em 2024, se os produtores mantiverem a área destinada ao cereal, a qual foi elevada em 2023. Com isso, se o clima for favorável ao desenvolvimento da cultura no próximo ano, a produção nacional poderá superar à safra recorde de 2022. Caso esse cenário seja confirmado, espera-se que o volume importado seja reduzido no segundo semestre, e o Brasil poderá se consolidar como um importante player nas transações do cereal. Em relação às cotações internas, deverão iniciar 2024 em alta, devido ao grande volume de trigo colhido no Brasil com baixa qualidade. Um fator que pode iniciar um movimento de queda é um aumento na intensidade de importação a preços competitivos e, posteriormente, a entrada da safra de inverno do Hemisfério Norte.
A safra de trigo da Argentina está estimada em 14,7 milhões de toneladas, alta frente à temporada 2022/2023, quando foram colhidas 12,2 milhões de toneladas. Em termos mundiais, dados do USDA mostram que a produção, de 783,00 milhões de toneladas na safra 2023/2024, representa baixa de 0,8% em comparação à da temporada anterior, com pressão vinda especialmente da Austrália e do Cazaquistão. Apesar disso, permanecem as expectativas positivas de produção na Índia e na Argentina. Para o consumo mundial, o USDA prevê 794,65 milhões de toneladas em 2023/2024, elevação de 0,3% em relação a 2022/23 – assim, o volume de consumo pode ser superior à produção global pela quarta safra seguida. Já os estoques finais devem somar 258,2 milhões de toneladas, queda de 4,3% em relação à temporada anterior e se mantendo como os menores desde 2015/2016.
Com isso, a relação estoque/consumo mundial deve passar para 32,5%, a quarta redução anual consecutiva e a menor desde 2014/2015. As transações internacionais podem registrar menores volumes na safra 2023/2024, após quatro temporadas seguidas em alta. Mesmo assim, as transações mundiais deverão representar 26,9% da produção mundial. O USDA indica que as exportações devem somar 210,97 milhões de toneladas em 2023/2024, 2,4% abaixo das registradas na safra 2022/23 (216,05 milhões de toneladas), mantendo Rússia, União Europeia e Canadá como os principais exportadores. A menor qualidade do trigo nacional colhido preocupa os moinhos. Desta forma, a importação de trigo de boa qualidade em 2024 deverá ser essencial para a produção de farinhas, com o objetivo de atender a demanda interna. Para os farelos, haverá maior disponibilidade, e deve-se acompanhar o mercado de milho, já que são substitutos na alimentação animal. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.