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12/Dec/2023

Tendência é de queda dos preços internos do trigo

Os preços do trigo seguem em queda no Brasil neste início de dezembro, mesmo em meio a novas estimativas indicando menor produção e piora na qualidade do cereal. A pressão sobre os valores vem sobretudo do baixo ritmo de compras de novos lotes por parte de moinhos, que estão reduzindo as atividades neste encerramento de ano. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), as quedas são de 2,7% no Paraná e de 1,13% em Santa Catarina; no Rio Grande do Sul, há alta de 0,54%. No mercado de lotes (negociações entre empresas), são verificadas baixas de 2,07% no Paraná, de 1,45% no Rio Grande do Sul, de 0,78% em São Paulo e de 0,38% em Santa Catarina. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção no Brasil deverá somar 8,14 milhões de toneladas na safra 2023/2024, forte queda de 15,5% frente ao apontado em novembro e expressivos 22,8% abaixo do recorde da temporada passada (quando foram colhidas 10,55 milhões de toneladas).

Esse cenário é resultado especialmente da menor produtividade, que está estimada em 2,35 toneladas/hectare, reduções de 15,6% frente ao indicado em novembro e de significativos 31,3% em relação à de 2022 (3,42 toneladas por hectare). A área com trigo no Brasil avançou 12,3% frente à da temporada anterior, para 3,46 milhões de hectares. Com a menor produção nacional, o volume estimado das importações foi elevado em 600 mil toneladas, passando para 6 milhões de toneladas para o período de agosto de 2023 a julho de 2024. As exportações foram reduzidas em 600 mil toneladas, para 2 milhões de toneladas no mesmo comparativo. A disponibilidade interna recuou 5,6% em comparação ao relatório anterior e está prevista em 14,88 milhões de toneladas entre agosto/2023 e julho/2024, com queda de 5,7% frente à da safra passada. O consumo permaneceu projetado em 12,64 milhões de toneladas, 2% maior que a estimativa da safra anterior (de agosto/2022 a julho/2023).

Assim, os estoques finais, em julho/2024, seriam reduzidos para 240,8 mil de toneladas, relevantes 67,5% inferiores aos da safra anterior (740,4 mil toneladas). Em termos mundiais, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostraram números maiores para a produção e consumo frente aos apontados em novembro. Em comparação à safra anterior, a produção de 783,00 milhões de toneladas representa baixa de 0,8%, com pressão vinda especialmente da Austrália e do Cazaquistão, que devem colher, respectivamente, 25,5 milhões de toneladas e 12 milhões de toneladas. Apesar disso, permanecem as expectativas positivas de produção na Índia e na Argentina na temporada. O consumo mundial está previsto em 794,65 milhões de toneladas em 2023/2024, elevação de 0,3% em relação a 2022/2023 e superior à produção global.

Com isso, os estoques finais se reduziram e devem somar 258,2 milhões de toneladas, queda de 4,3% em relação à temporada anterior e se mantendo como os menores desde 2015/2016. Em relação aos volumes transacionados internacionalmente, devem somar 210,97 milhões de toneladas em 2023/2024, 2 milhões de toneladas acima do indicado em novembro, mas 2,4% abaixo dos registrados na safra 2022/2023 (216,05 milhões de toneladas), mantendo Rússia, União Europeia e Canadá como os principais exportadores. Os embarques do Brasil foram reduzidos em 500 mil toneladas frente à estimativa de novembro. Na comparação com a safra anterior, os volumes exportados da Austrália e da Ucrânia caíram 10,33 milhões de toneladas e 4,62 milhões de toneladas, respectivamente. Todavia, segue a expectativa de elevação nas exportações da Argentina frente à temporada anterior, que deve subir 4,82 milhões de toneladas na comparação com 2022/2023 e atingir 9,5 milhões de toneladas.

Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Dezembro/2023) do trigo Soft Red Winter apresenta alta de 6,6% nos últimos sete dias, finalizando a US$ 6,15 por bushel (US$ 225,97 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem valorização de 1,7% no mesmo período, a US$ 6,55 por bushel (US$ 240,95 por tonelada). As altas estão relacionadas ao maior volume exportado pelos Estados Unidos, com destino à China. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB registram avanço de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 248,00 por tonelada. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que, até o dia 6 de dezembro, 48,2% da área argentina havia sido colhida, avanço semanal de 11,8%. A SovEcon, consultoria russa, estimou a safra de trigo da Ucrânia em 21,1 milhões de toneladas em 2024, com maior área (4,4 milhões de hectares) frente à temporada anterior, e condições climáticas favoráveis. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.