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11/Dec/2023

Preços do trigo pressionados e negociação pontual

Negociações de trigo seguem pontuais nas regiões produtoras. O mercado segue atento à safra da Argentina, em razão da quebra da colheita no Brasil, e da possível liberação de lotes por parte do novo governo no país vizinho. A expectativa é de que cresçam as aquisições do cereal argentino, o que pode pressionar mais os preços por aqui, tendo em vista a baixa qualidade geral da safra. Além disso, moinhos, abastecidos, já começam a tirar o pé e fazer propostas de embarque apenas para o início do ano que vem. No Paraná, o mercado anda lentamente, com a proximidade do fim do ano. Os moinhos garantiram estoques para o fim do ano e agora propõem a compra de lotes com embarque apenas em janeiro/fevereiro.

As indicações estão estáveis para o trigo tipo pão, em torno de R$ 1.300,00 a R$ 1.350,00 por tonelada CIF, para entrega em janeiro e pagamento em fevereiro. Os vendedores, entretanto, indicam no mínimo entre R$ 1.350,00 e R$ 1.400,00 por tonelada FOB, para retirada e pagamento nos mesmos prazos. Só ocorrem negócios pontuais. Outro motivo do baixo interesse dos moinhos pelo cereal brasileiro reside no fato de que o trigo argentino pode chegar em bom volume, a partir da posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, e o esperado fim das "retenciones".

Assim, já há especulação baixista no Brasil por causa disso, mesmo com a quebra de safra brasileira. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a colheita estava 48,2% concluída na última semana, avanço de 11,8% ante a semana anterior. Os trabalhos de campo seguem adiantados, na base de 6,1% em relação à safra passada. Até agora, o rendimento médio nacional é de 2.350 quilos por hectare, e a estimativa de produção foi mantida em 14,7 milhões de toneladas. Como os moinhos estão comprados por pelo menos um mês e meio eles podem aguardar a safra da Argentina.

Outro motivo das compras pausadas neste momento é que a indústria vai esperar produtor brasileiro precisar vender o cereal estocado, sobretudo o do oeste e norte do Paraná, onde a safra tem maior volume de trigo de qualidade, para entrar com a safra de soja ou milho safra de verão (1ª safra 2023/2024) no armazém. Em relação ao trigo para ração, as cotações no Paraná giram em torno de R$ 450,00 por tonelada, para retirada em fevereiro e pagamento em março. O trigo para exportação, com PH 15, está cotado no Porto de Rio Grande (RS) a R$ 900,00 por tonelada, para entrega em janeiro e pagamento em fevereiro. Para o trigo da safra futura, de 2024/2025, não há sequer indicações.

No Rio Grande do Sul, há registro de negócio pontual a R$ 980,00 por tonelada CIF Porto e Rio Grande. A venda foi feita por meio de Pepro, do governo federal. Na região das Missões, há muitas áreas danificadas de trigo em função das chuvas que têm caído, prejudicando o desenvolvimento da cultura. A produção do Estado, de modo geral, está com uma qualidade muito ruim e a tendência é a de que seja toda direcionada para a indústria de ração, o que vai pressionar muito as cotações. Até 70% do trigo pode estar comprometido. Os produtores têm insistido na qualidade do produto, mas a tendência é de que a indústria de alimentos não absorva os lotes disponíveis.

Se os produtores não mudarem de posição, pode haver um problema de armazenagem no Estado, pois a partir de janeiro a expectativa é de que a soja comece a entrar nos armazéns. Isso será um problema para as cooperativas. Os produtores esperam que o produto se valorize. Se o trigo não sair, pode apodrecer, o que obrigaria os agricultores a fazer promoções, ou seja, podem perder mais preço. Hoje, os compradores indicam entre R$ 40,00 e R$ 45,00 por saca de 60 Kg no trigo para exportação destinado à indústria de ração. Em março, esses valores podem cair. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.