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04/Dec/2023

Preços do trigo firmes com as restrições na oferta

Os preços do trigo nas principais regiões produtoras do País, Paraná e Rio Grande do Sul, estão em direções mistas. No Paraná, o cereal está em alta, já no Rio Grande do Sul, os moinhos adotam a estratégia de comprar apenas lotes pontuais, para garantir o abastecimento do fim do ano, o que faz com que os preços recuem, dada a fraca demanda. Do lado do produtor que ainda tem trigo bom guardado, a estratégia é a mesma nas duas regiões: restringir a oferta, no aguardo de demanda reforçada da indústria mais à frente. Isso porque nos dois Estados a safra teve quebra e piora de qualidade por causa de doenças e principalmente pelo excesso de chuvas. Assim, a perspectiva é a de que falte grão tipo 1 no mercado e os moinhos acabem elevando as indicações de compra ou, de outra maneira, recorrendo ao trigo argentino. Há perspectiva, ainda, que as importações do trigo da Argentina aumentem bastante no ano que vem, em função da baixa qualidade do trigo brasileiro e da oferta restrita.

Além disso, o esperado fim das "retenciones" na Argentina também deve permitir a entrada de mais cereal no Brasil. No Paraná, na região dos Campos Gerais, os moinhos elevam suas indicações de compra para o trigo tipo 1, para entre R$ 1.300,00 e R$ 1.350,00 por tonelada entregue na indústria em janeiro e pagamento no fim do mesmo mês. Os preços estão cerca de R$ 100,00 por tonelada acima do indicado na semana anterior. Quando os leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ocorreram, o produtor conseguiu vender trigo por até R$ 1.400,00 por tonelada e, por isso, os moinhos tiveram de aumentar as propostas. Apesar da quebra importante de safra em 2023 no Estado por causa do excesso de chuvas (em torno de 50% da colheita ficou com pior qualidade), ainda há trigo bom na região e os moinhos têm tentado se garantir para o início do ano. Têm saído alguns lotes de trigo tipo 1 por valores entre R$ 1.330,00 e R$ 1.350,00 por tonelada, para retirada imediata e pagamento em janeiro.

Mesmo assim, são apenas lotes pontuais, porque os produtores têm segurado a safra. Quem tem trigo tipo 1 e não tem problema de espaço vai esperar para negociar mais para a frente. Quanto ao cereal de pior qualidade, tipo 2, com PH 75, as indicações de compra giram em torno de R$ 950,00 e R$ 1.000,00 por tonelada FOB, para retirada em dezembro e pagamento em janeiro. O tipo 3, para ração, é negociado a R$ 700,00 por tonelada, para retirada em janeiro/fevereiro e pagamento em março. Em relação ao trigo da safra futura, não há indicação neste momento. É muito cedo para negociar trigo da safra 2024. Os moinhos devem comprar mais trigo da Argentina no ano que vem. O novo governo da Argentina deve acabar com as retenciones e há relatos de que existem entre 2 milhões e 3 milhões de toneladas no país guardadas no silo, só esperando para serem exportadas. Por isso, os moinhos estão relativamente confortáveis, mesmo com a piora da qualidade da safra brasileira.

No Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, os moinhos adquirem lotes de trigo apenas pontualmente. Os valores indicados para trigo tipo 1 alcançam entre R$ 1.250,00 e R$ 1.260,00 por tonelada, para embarque imediato e pagamento em 30 dias, ante R$ 1.300,00 por tonelada na semana anterior. Apenas lotes pontuais saem por este valor. Trigos de médio padrão são cotados a R$ 1.200,00 por tonelada, nos mesmos prazos, e o trigo para ração é negociado a R$ 1.000,00 por tonelada no Porto de Rio Grande. Os produtores seguem segurando o trigo bom no silo, por causa da quebra de safra no Rio Grande do Sul em razão do excesso de chuvas. Analistas avaliam que o Estado deve colher 3 milhões de toneladas, sendo que apenas 15% são de trigo panificável; 25% de trigo médio e 60% de trigo inferior, para ração.

Será um ano desafiador para a indústria moageira, e a importação de trigo deve crescer bastante. O aproveitamento do trigo médio será gradual, mês a mês, e dependerá da qualidade principalmente do trigo argentino, para compor a mistura. Ainda que a safra no Rio Grande do Sul não tenha sido boa, a exportação deve seguir este ano, com previsão de 120 mil toneladas de trigo previstas para serem embarcadas, diminuindo ainda mais a oferta para moinhos. Nas indústrias de ração local, até se fez um esforço para absorver trigo para ração, mas o DON alto tem sido um impeditivo para esse nicho prosperar, procura que deve amortecer com a chegada do milho em janeiro, pois este grão é concorrente do trigo na produção de ração. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.