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14/Nov/2023

Preços do trigo seguem em alta no mercado interno

Os danos do clima desfavorável sobre a cultura do trigo na Região Sul do Brasil vêm sendo confirmados em estimativas oficiais divulgadas neste mês. Em termos globais, os dados também apontam reduções nas estimativas de oferta. Segundo relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na semana passada, a nova safra de trigo no Brasil deve somar 9,63 milhões de toneladas, queda de 7,9% em comparação com o apontado em setembro e 8,7% abaixo do recorde da temporada passada (10,55 milhões de toneladas). Isso é observado mesmo com a área com trigo no Brasil tendo aumentado 12,1% frente à da temporada anterior, para 3,46 milhões de hectares. Assim, a menor produção se deve à queda na produtividade, que está estimada em 2,78 toneladas por hectare, com redução de 7,9% frente ao indicado em outubro e 18,6% inferior à registrada em 2022 (3,42 toneladas por hectare).

Quanto às importações, o volume estimado foi elevado em 400 mil toneladas, para 5,4 milhões de toneladas para o período de agosto de 2023 a julho de 2024. A disponibilidade interna recuou 2,6% em comparação ao relatório anterior e está prevista em 15,7 milhões de toneladas entre agosto/2023 e julho/2024, com queda de 0,1% frente à da safra passada. O consumo permaneceu projetado em 12,64 milhões de toneladas, 2% maior que a estimativa da safra anterior (de agosto/2022 a julho/2023). As exportações foram mantidas em 2,6 milhões de toneladas no mesmo comparativo. Assim, os estoques finais, em julho/2024, seriam reduzidos para 531,9 mil de toneladas, 28,2% inferiores aos da safra anterior. Em termos mundiais, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontaram nova redução na produção, estimada agora em 781,98 milhões de toneladas, recuo de 0,2% frente ao apontado em outubro, com quedas na Índia, na Argentina e no Cazaquistão.

Em comparação à safra anterior, a baixa na produção foi de 1%, com pressão vinda especialmente da Austrália e do Cazaquistão, que devem colher, respectivamente, 15,18 milhões de toneladas e 4,4 milhões de toneladas a menos em 2023/2024. Em contrapartida, as expectativas de aumento da produção na Índia e na Argentina continuam positivas na temporada, com respectivas altas de 6,5 milhões de toneladas e de 2,45 milhões de toneladas frente às da safra anterior. O USDA prevê o consumo mundial em 792,84 milhões de toneladas em 2023/2024, elevação de 0,1% em relação a 2022/2023 e ainda maior que a produção global. Com isso, os estoques finais podem somar 258,65 milhões de toneladas, queda de 4% em relação à temporada anterior e os menores desde 2015/2016. Em relação aos volumes transacionados internacionalmente, devem somar 208,96 milhões de toneladas em 2023/2024, sendo 3,4% abaixo dos registrados na safra 2022/2023, mantendo Rússia, União Europeia e Canadá como os principais exportadores.

Os embarques da Austrália e da Ucrânia foram reduzidos em 10,8 milhões de toneladas e em 5,12 milhões de toneladas, respectivamente, frente aos da safra anterior. Todavia, há expectativa de elevação representativa nas exportações da Argentina frente à safra anterior, que deve subir 4,8 milhões de toneladas na comparação com 2022/2023 e atingir 9,5 milhões de toneladas. No Brasil, os preços do trigo têm avançado de forma expressiva, impulsionados pela queda na safra nacional e pela qualidade inferior, que, ressalta-se, pode impossibilitar, em muitos casos, a utilização para farinhas de alta qualidade. Assim, nos últimos sete dias no mercado de balcão (preço pago ao produtor), as valorizações são de 8,45% no Paraná, de 3,24% no Rio Grande do Sul e de 2,62% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), são verificadas altas de 10,55% no Paraná, de 6,06% no Rio Grande do Sul, de 5,01% em Santa Catarina e de 3,18% em São Paulo.

Nos últimos sete dias, o primeiro vencimento (Dezembro/2023) do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra avanço de 0,5%, finalizando a US$ 5,75 por bushel (US$ 211,37 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta desvalorização de 0,5% no mesmo período, a US$ 6,40 por bushel (US$ 235,16 por tonelada). A queda está relacionada aos estoques mundiais e dos Estados Unidos apontados pelo USDA acima do esperado por agentes, ao passo que o avanço esteve atrelado à expectativa de maior demanda da China e à queda no volume exportado pela Rússia. Na Argentina, nos últimos sete dias, observa-se queda de 15,6% nos preços FOB do Ministério da Agroindústria, a US$ 248,00 por tonelada. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que, até o dia 8 de novembro, 14,4% da área da Argentina havia sido colhida, avanço semanal de 5,1%.

No Brasil, segundo a Conab, até o dia 4 de novembro, a colheita foi prevista em 71,8%, restando apenas os três Estados da Região Sul do País para finalizarem. A nova estimativa de safra de trigo para o Rio Grande do Sul foi reduzida pela Emater-RS, para 3,28 milhões de toneladas, queda de 27,88% frente a inicial. A colheita atingiu 82% da área, forte avanço semanal de 24%, mas com produto de baixa qualidade (PH inferior a 78). No Paraná, a colheita havia alcançado 92% da área até o dia 6 de novembro, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). Das lavouras que ainda se desenvolvem, 23% apresentavam condições boas; 39%, médias; e 38%, ruins. No leilão realizado pela Conab no dia 7 de novembro, foram comercializadas 159,9 mil toneladas de trigo, somando Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) e PEP (Prêmio para o Escoamento de Produto). Este volume foi inferior ao do leilão anterior (199,85 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.