14/Nov/2023

A fabricante de alimentos M. Dias Branco apresentou lucro líquido de R$ 259 milhões no terceiro trimestre deste ano. O resultado é 32,8% maior na comparação com igual período de 2022, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 195 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 440,7 milhões, valor recorde para o período, avanço de 32,3% frente aos R$ 333,1 milhões do terceiro trimestre do ano passado. A margem Ebitda ficou em 16,1%, ante 11,2% de um ano antes, alta de 4,9%. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 0,3 vez, ante 1,7 vez reportada em igual período do ano passado. A receita líquida recuou 8,1% na mesma base comparativa, alcançando R$ 2,735 bilhões, ante R$ 2,977 bilhões do terceiro trimestre de 2022.

A queda na receita é atribuída pela companhia, em comunicado para a imprensa e investidores, à redução de 2% do preço médio dos produtos na comparação anual do período e ao recuo de 6,6% do volume de vendas. A retração frente ao 3º trimestre de 2022 deu-se pela redução dos preços, com aumento de preço médio em biscoitos e massas e queda nos itens de menor valor agregado, como farinha de trigo e margarinas e gorduras, que acompanharam a queda das commodities, bem como pela retração dos volumes, num contexto em que os varejistas operaram com níveis menores de estoques. Tanto as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, chamada pela companhia de região de ataque, quanto a região de Defesa, formada pelas Regiões Norte e Nordeste, apresentaram queda na receita líquida na mesma base comparativa de, respectivamente, 5% e 10%.

Na visão por região, a retração da receita líquida deu-se pela queda dos volumes, num contexto em que os varejistas operaram com níveis menores de estoques, e pela redução dos preços médios nas categorias de farinha e farelo e margarinas e gorduras, principalmente na região de defesa (Norte e Nordeste). Do montante total da receita líquida, R$ 46,5 milhões vieram da receita da empresa no exterior, o que inclui exportações e a operação no Uruguai, aumento de 12% ante o terceiro trimestre do ano passado. Sobre a alavancagem, a M. Dias afirmou que foi o terceiro trimestre consecutivo de redução do indicador. Segundo a empresa, a redução deve-se à melhora dos resultados e à elevada geração de caixa.

Quanto ao avanço do Ebitda e da margem Ebitda, a companhia atribuiu o crescimento dos indicadores ao aumento do preço médio ao longo dos últimos trimestres, principalmente em biscoitos, à queda dos custos e ao controle das despesas. O lucro líquido 33% maior deve-se, segundo a M. Dias, à expansão do Ebitda e à melhora do resultado financeiro. A fabricante registrou recuo de 6,6% no volume de vendas de seus produtos no terceiro trimestre deste ano na comparação com igual período do ano passado. O volume vendido pela companhia passou de 482,2 mil toneladas para 450,5 mil toneladas. No segmento de biscoitos, o volume comercializado pela empresa caiu 15,3%, de 153,2 mil toneladas para 129,7 mil toneladas.

As vendas de massa cederam 11,9%, de 99,4 mil toneladas para 87,6 mil toneladas, enquanto em outras linhas de alimentos (bolos, snacks, mistura para bolo, torradas, produtos saudáveis, molhos e temperos) ficou estável em 5,6 mil toneladas. Em relação ao trimestre anterior, as vendas totais da companhia cederam 0,8%. A companhia atribuiu a queda nos volumes vendidos à redução nos níveis de estoques pelos varejistas. Apesar do menor volume vendido, a M. Dias aumentou sua participação de mercado de biscoitos na comparação entre o terceiro trimestre de 2023 e o de 2022, enquanto recuou em massas. Em massas, sua participação em volume decresceu 2,2%, para 27,9%. No segmento de biscoitos, a participação aumentou 1,4%, para 31,3%.

Em farinha de trigo, a participação de mercado da M. Dias em volume vendido saiu de 9,9% no terceiro trimestre do ano passado para 11% no terceiro trimestre deste ano, avanço de 1,1 ponto porcentual. Em valor, houve crescimento anual de participação de mercado em biscoitos e farinha e queda em massas. A M. Dias manteve a liderança no mercado nacional em massas e biscoitos no período. O preço médio de todas as categorias caiu 2% na comparação anual dos trimestres, para R$ 6,10 por quilo. Segundo a empresa, o movimento deve-se ao aumento do preço médio em biscoitos e massas e queda nos itens de menor valor agregado, como farinha de trigo e margarinas e gorduras, que acompanharam a queda das commodities. Em biscoitos, o incremento no preço médio dos produtos foi de 8,3%. Em massas, de 5,7%.

Em farinha e farelo, houve queda de 10,9%, e em margarinas e gorduras, o preço médio recuou 7,3%. O preço médio de outras linhas de produtos, bolos, snacks, mistura para bolo, torradas, produtos saudáveis, molhos e temperos, aumentou 11,9% entre o terceiro trimestre do ano passado e o deste ano. Acompanhando a queda no volume de vendas, a produção da M. Dias passou de 747 mil toneladas no terceiro trimestre de 2022 para 657,8 mil toneladas processadas no terceiro trimestre deste ano. A capacidade total de produção foi ajustada de 1,110 milhão de toneladas para 1,087 milhão de toneladas. O nível de utilização da capacidade total de produção caiu 6,8%, de 67,3% para 60,5%. Ainda como fatos relevantes do terceiro trimestre deste ano, a companhia destacou a manutenção da elevada verticalização dos dois principais insumos: farinha de trigo e gordura vegetal em, respectivamente, 99,9% e 100%.

No período, a empresa investiu R$ 106,3 milhões, 49,1% acima do valor investido em igual intervalo de 2022. Do montante, 72,3% foram destinados para manutenção e 27,7% direcionados para ampliação de capacidade. Os principais aportes foram investimentos em máquinas e equipamentos e sistemas. A M. Dias Branco aprovou alteração em sua política de remuneração aos acionistas e passará a distribuir 80% do lucro líquido ajustado, em comparação a 60% anteriormente. Para os pagamentos trimestrais, o valor fixado dos dividendos foi elevado de R$ 0,05 para R$ 0,06 por ação. A companhia observou, porém, que caso a relação dívida líquida/Ebitda atinja 1,5x ou mais no fechamento do exercício de referência, o porcentual do lucro líquido a ser distribuído passará a ser de 60%. A frequência de cinco pagamentos anuais foi mantida, com quatro pagamentos trimestrais e um pagamento anual referente ao valor residual.

A M. Dias Branco vem ampliando o seu estoque de trigo russo e brasileiro. Hoje, a empresa tem 20% de estoque russo, que passou a comprar antes da pandemia. O estoque de trigo brasileiro está próximo a 20%. A empresa tem aproveitado as oportunidades de aquisição nos mercados russo e brasileiro. A companhia possui em média estoque de trigo para abastecimento de quatro meses. A ampliação de reservas do cereal nacional ocorre em meio à entrada da safra. Neste ano, a safra deve ficar em torno de 9,6 milhões de toneladas de trigo, em virtude das chuvas fortes na Região Sul. O mercado esperava cerca de 11 milhões de toneladas, mas ainda assim é muito superior ao que o País tinha antes da pandemia, de 5 milhões a 6 milhões de toneladas Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.