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31/Oct/2023

Impactos limitados dos leilões nos preços do trigo

Agentes do mercado veem efeito limitado dos leilões públicos de trigo nos preços do grão. Executivos de moinhos não consideram que os preços possam ter algum suporte nos primeiros leilões de apoio à comercialização a serem promovidos pelo governo. O volume escoado será pequeno ante a safra e os preços já subiram devido a adversidades climáticas. Os primeiros leilões de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), serão realizados nesta terça-feira (31/10). A medida foi adotada pelo governo como apoio aos produtores do cereal que registram valores pagos pelo cereal abaixo do Preço Mínimo de garantia à produção, que cobre o custo de produção.

Poderão ser leiloados por meio do Pepro 154,8 mil toneladas de trigo em grãos da safra 2023/2024 neste primeiro leilão, de produtores ou cooperativas localizados na Bahia, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. O PEP abrange, por sua vez, outras 154,8 mil toneladas de trigo em grãos da safra atual, produzida nos Estados citados acima. O Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo-SP) avalia que o montante que pode ser escoado via leilões não é expressivo. O governo disponibilizou R$ 400 milhões para os leilões. Estima-se que há um deságio de R$ 400,00 por tonelada, que tende a ser o prêmio pago com a subvenção, portanto, abrangeria 1 milhão de toneladas com PEP ou Pepro. Somente o Rio Grande do Sul deve produzir entre 1,5 milhão e 2 milhões de toneladas de trigo tipo ração, o qual tende a ter dificuldade de liquidez no mercado.

Um reajuste de preço do trigo exigiria repasse do valor para a farinha e, consequentemente, para pães, biscoitos e massas, podendo haver pressão inflacionária pela cesta de alimentos derivados de trigo. O Moinho Anaconda observa que o impulso dos preços do trigo, que subiram cerca de R$ 100,00 por tonelada em uma semana, veio da incerteza climática e da quebra na safra do Rio Grande do Sul. Os leilões não geraram impacto imediato nos preços. Os reflexos virão, ou não, somente após a absorção do cereal no mercado. A questão agora é saber quanto da safra nacional será de trigo tipo pão, de qualidade superior. Na mesma linha, o Sindicato das Indústrias de Trigo do Rio Grande do Sul (Sinditrigo-RS) explica que o incremento dos preços do cereal deve-se ao clima desfavorável e ao câmbio. É cedo para ver os leilões como drivers de preço. Cálculos da indústria mostram que os valores atuais pagos pelo cereal estão abaixo do Preço Mínimo.

Na avaliação dos moinhos, o instrumento mais utilizado tende a ser o Pepro. Ainda há muitos fatores em aberto para entender o impacto dos leilões nos preços do cereal. É preciso saber de onde sairá o cereal, até quando os leilões serão realizados, qual trigo será ofertado, se ração ou pão. O cenário ainda é muito incerto. Precisam ser incluídos no cálculo de direcionamento de preços do cereal a incerteza quanto à safra argentina e à real produção argentina na safra 2023/2024. Em virtude da menor liquidez, o mercado de trigo no spot é menos especulativo que o de soja e milho, havendo uma reação mais lenta do mercado. Há anos que o governo não lança mão desse tipo de medida. É preciso ver como o mercado vai absorver. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.