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31/Oct/2023

Tendência de alta nos preços domésticos do trigo

As condições climáticas adversas durante a colheita de trigo têm deixado os produtores atentos à qualidade das lavouras. Nos dois mais importantes Estados produtores, Paraná e Rio Grande do Sul, alguns agentes já relatam perdas no campo. Diante desse cenário e da demanda mais ativa por parte de moinhos, os preços do cereal estão em alta. Vale lembrar que os valores vinham registrando movimento de queda há praticamente um ano e, portanto, operam em patamares considerados baixos por produtores. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os valores apresentam alta de 5,4% no Rio Grande do Sul e 6,8% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), são verificadas altas de 5,5% no Rio Grande do Sul, de 1,3% em São Paulo, de 2,1% no Paraná e de 4,3% em Santa Catarina.

A Emater-RS divulgou que, apesar do tempo instável, a colheita chegou a 43% da área estadual até o dia 26 de outubro, avanço semanal de consideráveis 24%. Em relação ao cereal ainda no campo, 46% das lavouras estão em fase de maturação e 10%, em enchimento de grãos e apenas 1% está em floração. Conforme a colheita avança, as produtividades médias vêm sendo reduzidas. Em Santa Maria, a queda no rendimento pode chegar a 25% e, em Santa Rosa, a expressivos 44%. Além disso, o PH menor que 78 é predominante em algumas regiões. No Paraná, informações do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) do dia 26 de outubro indicam que a produção deve totalizar 3,86 milhões de toneladas, 300 mil toneladas a menos do que o estimado no mês anterior, também reflexo da redução da produtividade.

No Paraná, as chuvas recorrentes, os poucos dias de sol e a incidência de doenças prejudicaram algumas lavouras. A colheita está na reta final, restando 16% da área semeada. Das lavouras que ainda estão por colher, somente 5% estão apresentando condições ruins; 65% são consideras boas e 30%, médias. Quanto à Santa Catarina, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que, até o dia 21 de outubro, a área colhida soma 14%. O relato é de que o excesso de chuvas pode prejudicar a qualidade das lavouras do Estado. Em São Paulo e em Minas Gerais, os trabalhos de campo foram finalizados. A média nacional colhida é de 59,2%, avanço de 7,4% entre 15 e 21 de outubro, segundo a Conab.

Em meio às preocupações de produtores com a qualidade e com a produtividade das lavouras e ainda aos baixos preços praticados durante o ano, o governo federal, através da Conab, divulgou que o primeiro leilão de trigo nos mecanismos de PEP (Prêmio para o Escoamento de Produto) e Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) deve ocorrer no dia 31 de outubro. O objetivo dos leilões é ajudar a situação de triticultores. Nos Estados Unidos, os futuros passaram a maior parte da semana passada em baixa, pressionados pela melhora do clima na Argentina e na Austrália e pela manutenção do corredor humanitário no Mar Negro. Notícias haviam indicado a possibilidade de minas marítimas russas no local e possível suspensão do acordo.

As desvalorizações só não foram mais intensas por conta de preocupações com as exportações do Leste Europeu, da demanda chinesa aquecida e da continuidade dos conflitos entre os países do Oriente médio, que podem buscar aumentar as reservas dos grãos. Nos últimos sete dias, o primeiro vencimento (Dezembro/2023) do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra recuo de 1,8%, a US$ 5,75 por bushel (US$ 211,46 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem desvalorização de 4% no mesmo período, a US$ 6,43 por bushel (US$ 236,26 por tonelada). De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a semeadura do trigo de inverno norte-americano alcançou 77% da área total até o dia 22 de outubro, aumento de 9% frente à semana anterior e em linha com a média dos últimos cinco anos.

Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, nos últimos sete dias, há expressiva alta de 5,7% nos preços FOB, a US$ 313,00 por tonelada. O impulso vem das preocupações com a oferta nacional, em consequência do déficit hídrico durante a semeadura da temporada. Em relatório divulgado no dia 26 de outubro, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que, até a data, 6,8% da área semeada havia sido colhida, avanço semanal de 3,8%. Quanto à qualidade, até o dia 26 de outubro, 13% das lavoras estavam entre boa e excelente, melhora de 2% em relação à semana anterior. Quanto às condições hídricas adequadas, passaram para 54%, avanço de 8% no mesmo período. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.