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24/Oct/2023

Tendência altista para os preços do trigo no Brasil

Diante da maior demanda por farelo de trigo, as moageiras estão elevando a procura pela matéria-prima. Além disso, os preços do trigo são influenciados, também, pelas irregularidades climáticas na América do Sul. A qualidade do cereal (considerando-se o pH e o falling number, que são fatores determinantes para um bom rendimento) está comprometida tanto nas lavouras brasileiras quanto nas argentinas. De acordo com a Emater-RS, os produtores do Rio Grande do Sul têm detectado a presença de micotoxina, decorrente da alta umidade no período final do ciclo da cultura e da elevada incidência de giberela, que pode resultar em não conformidade com os padrões de legislação. A colheita no Estado, por sua vez, registra 19% da área total cultivada, acima dos 5% colhidos há um ano. Vale lembrar que o Rio Grande é responsável por produzir 46% da safra de trigo no Brasil, e o Paraná, 38%, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita no Paraná evoluiu para 80% até o dia 19 de outubro. Em âmbito nacional, a Conab aponta que a colheita do trigo havia alcançado 51,8% até 14 de outubro, acima dos 30,6% colhidos em igual período do ano passado. Nos últimos sete dias, os preços do trigo no Paraná registram alta de significativos 3,48% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Em Santa Catarina, as altas são de 1,84% e de 0,21%, para os respectivos mercados. Em São Paulo, os preços no mercado de lotes têm avanço de 1,28%. No Rio Grande do Sul, o aumento é de 3,5% no mercado de lotes; mas queda de 1,05% no mercado de balcão. Embora os preços do trigo tenham reagido, observa-se quedas consecutivas de janeiro a setembro em praticamente todos os Estados acompanhados.

Nesse cenário, notícias indicam que o governo federal tenha disponibilizado R$ 400 milhões para mecanismos de PEP (Prêmio para o Escoamento de Produto) e Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) a serem operacionalizados pela Conab, no intuito de retirar o trigo produzido na Região Sul do País (maior região produtora) para outras regiões. Na Argentina, o déficit hídrico tem prejudicado as lavouras de trigo. A Bolsa de Rosário aponta que a queda no rendimento potencial pode chegar a 50%. O lado bom é que há previsão de chuvas para esta semana, o que pode recuperar parte das áreas prejudicadas pela seca. No Porto de Buenos Aires, as cotações FOB do trigo registram recuo de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 296,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, a firme demanda da China está elevando os preços futuros. Além disso, há expectativas de aumento nas importações por parte de países do Oriente Médio. Neste caso, com receio da prolongação das tensões, essas nações podem buscar aumentar suas reservas. A desvalorização do dólar frente a uma cesta de moedas também influencia a alta externa.

Esse cenário tende a deixar o produto norte-americano mais atrativo aos importadores. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as vendas externas de trigo norte-americano aumentaram 15,9% entre as duas últimas semanas e 45,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2023 do Soft Red Winter apresenta alta de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 5,86 por bushel (US$ 215,32 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter tem leve avanço de 0,1% no mesmo período, para US$ 6,70 por bushel (US$ 246,18 por tonelada). No campo norte-americano, a semeadura do trigo de inverno alcançou 68% da área total até o dia 15 de outubro, aumento de 11% frente à semana anterior e em linha com a média dos últimos cinco anos, de acordo com o relatório de acompanhamento de safras do USDA. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.