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23/Oct/2023

Preços do trigo estáveis com clima adverso na safra

O excesso de chuvas nas regiões produtoras de trigo tem travado a negociação no spot, com incertezas sobre a qualidade da safra e, consequentemente, sobre o quanto o preço da tonelada vai valer de fato daqui a alguns dias. Além disso, o mercado aguarda o edital dos leilões públicos de PEP e Pepro a ser publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a fim de conter a queda de preços pagos ao produtor. O Ministério da Agricultura publicou portaria autorizando repasse de R$ 400 milhões para subvenção ao cereal por meio dos leilões, a fim de conter a queda de preços pagos ao produtor. A partir daí, as sinalizações de preço devem ficar mais consistentes. No Paraná, estão previstas mais chuvas na região dos Campos Gerais nesta semana, o que já tem afetado a qualidade da safra 2022/2023, em plena colheita.

Os vendedores estão na defensiva. Quem colheu e tem trigo de boa qualidade, tipo 1, prefere aguardar, na expectativa de que os preços subam. Surgem cada vez mais notícias de doenças que afetam a produtividade e a qualidade do trigo, como giberela e brusone. No Rio Grande do Sul, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Estado (FecoAgro/RS), afirmou que os preços do trigo estão caindo muito ao longo das últimas semanas, sobretudo por causa da baixa qualidade de parte da safra, igualmente em função do excesso de chuvas. E, como a colheita não chegou nem na metade, a indústria não está demandando. De fato, os moinhos aguardam o avanço da colheita na Região Sul para fazer um balanço mais consistente sobre a qualidade e só depois comprar.

Segundo a Emater-RS, a retirada do cereal no Rio Grande do Sul atinge 19% da área cultivada, de 1,505 milhão de hectares. Das lavouras, 47% estão em maturação, 30% em enchimento de grãos e 4% em floração. Os resultados obtidos até agora indicam a redução na produtividade inicial, a ser estimada à medida que a operação evoluir, pois há resultados diversos, mesmo dentro de uma mesma região. O Rio Grande do Sul não vai ter trigo de boa qualidade e o Paraná ainda está com 70% do trigo para ser colhido e recebendo chuva. A tendência é de que o trigo tenha uma qualidade ruim. No Paraná, há registro de negócios a R$ 1.150,00 por tonelada CIF, para entrega em moinho no norte e oeste do Estado. Na região dos Campos Gerais, os compradores indicam R$ 1.100,00 por tonelada CIF, para entrega em outubro e pagamento em novembro, para o trigo tipo 1, valor estável nos últimos sete dias.

Entretanto, não saíram acordos porque os vendedores estão retraídos. Os problemas climáticos enfrentados nas regiões produtoras de trigo no País fizeram com que a consultoria StoneX revisasse para baixo a expectativa de safra 2022/2023 ante a estimativa de setembro. Agora, o País deve colher 10,5 milhões de toneladas de trigo, previsão 5,9% abaixo da do mês passado. Além das chuvas excessivas recentes, os mapas climáticos indicam mais volumes importantes de precipitação nas próximas semanas e a possibilidade de novos cortes na estimativa do cereal não está descartada. Há maior preocupação com a safra do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, em relação ao Paraná, onde os problemas estão concentrados apenas no sul do Estado.

As perdas no Rio Grande do Sul também devem condicionar mudanças nos fluxos do cereal, com exportações menores de trigo e de menor qualidade, além de eventualmente necessitar comprar um grão de maior qualidade, para panificação, em outros Estados, como o Paraná. Santa Catarina também poderá precisar comprar trigo em outras regiões e mesmo importar o cereal. No cenário internacional, o Commerzbank avaliou que a nova rota da Ucrânia no Mar Negro pode aliviar os preços do trigo a curto prazo, uma vez que o mercado do cereal enfrenta uma perspectiva de piora na oferta de países como Austrália e Argentina. No entanto, ainda há dúvidas se o corredor seria realmente seguro contra os ataques russos. Por isso, é questionável se a capacidade de exportação da Ucrânia vai recuperar os níveis que havia atingido antes que a Rússia encerrasse o corredor seguro de grãos pelo Mar Negro há três meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.