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17/Oct/2023

Preços do trigo firmes com o impacto das chuvas

Os agentes brasileiros estão atentos ao campo e ao clima. A colheita começa a ganhar ritmo nos principais Estados produtores: Rio Grande do Sul e Paraná, mas chuvas ainda deixam os produtores em alerta. Estimativas oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgadas na semana passada já apontam redução da produtividade e, consequentemente, da produção nacional. A nova safra de trigo no Brasil, a que está sendo colhida, é estimada em 10,46 milhões de toneladas, queda de 3,3% em comparação com o relatório de setembro e 0,9% abaixo do recorde da temporada passada. A área com trigo no Brasil aumentou 12,1% frente à da temporada anterior, para 3,46 milhões de hectares, mas a produtividade está estimada em 3,02 toneladas/hectare, redução de 3,6% frente à apontada em setembro e 11,6% inferior à registrada em 2022 (3,42 toneladas por hectare). Quanto às importações, a Conab manteve o volume estimado em 5 milhões de toneladas entre agosto de 2023 e julho de 2024. A disponibilidade interna recuou 2,2% em comparação ao relatório anterior, e está prevista em 16,2 milhões de toneladas entre agosto/2023 e julho/2024, com alta de 2,6% frente à da safra passada.

O consumo está projetado em 12,64 milhões de toneladas, 2% maior que a estimativa da safra anterior (de agosto/2022 a julho/2023). As exportações foram mantidas em 2,6 milhões de toneladas no mesmo comparativo. Assim, os estoques finais, em julho/2024, seriam reduzidos para 958,9 mil de toneladas em relação ao relatório de setembro, porém, ainda 29,5% superior à safra anterior. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu a projeção de produção da safra de trigo do país em 300 mil toneladas, para 16,2 milhões de toneladas. Isso foi ocasionado pela falta de chuvas em algumas regiões e por geadas em parte das lavouras. Apesar disso, essa produção ficaria acima da temporada passada (2022/2023), que foi de 12,2 milhões de toneladas. Em termos mundiais, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a produção, o consumo e os estoques finais da safra 2023/2024 devem ser inferiores aos registrados na temporada anterior (2022/2023) e aos apontados no relatório de setembro. A produção mundial foi novamente reduzida e está estimada em 783,43 milhões de toneladas, recuo de 0,5% frente aos dados divulgados em setembro, com quedas no Cazaquistão, Austrália e Brasil.

Em comparação à safra anterior, a retração foi de 0,8% na produção, sobretudo devido à Austrália e à Rússia, que devem colher, respectivamente, 15,18 milhões de toneladas e 7 milhões de toneladas a menos em 2023/2024. Apesar disso, as expectativas de aumento da produção na Índia e na Argentina continuam, com altas de 9,5 milhões de toneladas e 3,95 milhões de toneladas frente à safra anterior. O USDA prevê o consumo mundial em 792,86 milhões de toneladas em 2023/2024, queda de 0,2% em relação a 2022/2023 e ainda acima da produção global. Com isso, os estoques finais podem somar 258,13 milhões de toneladas, queda de 3,5% em relação à temporada anterior, além de serem os menores desde 2015/2016. Em relação aos volumes transacionados internacionalmente, devem somar 209,22 milhões de toneladas em 2023/2024, sendo 3,4% abaixo do registrado na safra 2022/2023, mantendo Rússia, União Europeia e Canadá como os principais exportadores. Os embarques da Austrália e da Ucrânia se reduziram em 10,8 milhões de toneladas e em 6,12 milhões de toneladas, respectivamente, frente aos da safra anterior.

Apesar disso, há expectativa de elevação representativa nas exportações da Argentina, que devem subir 5,8 milhões de toneladas na comparação com 2022/2023 e atingir 10,5 milhões de toneladas. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 7 de outubro, a colheita havia sido finalizada em Mato Grosso do Sul, Goiás e na Bahia. Em Minas Gerais, o total colhido atingiu 99,6%; em São Paulo, 75%; no Paraná, 69%; em Santa Catarina, 6%; e no Rio Grande do Sul, 3%. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) informou que as chuvas seguem preocupando, já que dificultam a colheita, geram acamamento de lavouras e elevam a incidência de doenças. Até o dia 9 de outubro, a colheita no Paraná somava 73% da área. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS, 11% das lavouras tinham sido colhidas até o dia 12 de outubro, com as atividades favorecidas pela redução das chuvas. Quanto ao mercado, as cotações do trigo mostram reação no mercado de lotes (negociações entre empresas), após uma sequência de baixas.

Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor) os preços registram recuo de 3,5% no Rio Grande do Sul e 0,39% em Santa Catarina, com alta de 0,37% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam avanço de 6,14% em São Paulo, 2,52% no Paraná e 1,85% no Rio Grande do Sul, com estabilidade em Santa Catarina. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2023 do Soft Red Winter acumula alta de 2% nos últimos sete dias, a US$ 5,79 por bushel (US$ 213,02 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter tem baixa de 0,7% no mesmo período, para US$ 6,69 por bushel (US$ 245,82 por tonelada). A alta na Bolsa de Chicago é influenciada pelo aumento da demanda pelo trigo dos Estados Unidos, ao passo que a queda na Bolsa de Kansas ocorre por conta do avanço da semeadura naquele país. No Porto de Buenos Aires, as cotações FOB do trigo registram recuo de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 298,00 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.