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03/Oct/2023

Preços do trigo pressionados no mercado interno

A colheita de trigo foi iniciada Rio Grande do Sul, Estado que, vale lembrar, colheu a maior parte da produção nacional em 2022. No Paraná, segundo maior estado produtor do País, a colheita deve ser menor que o estimado inicialmente, devido à alta incidência de doenças em lavouras, o que, por sua vez, se deve às temperaturas mais elevadas no inverno. Segundo a Emater-RS, até o dia 28 de setembro, apenas 1% da área do Rio Grande do Sul havia sido colhida. A umidade segue como forte preocupação de produtores do estado, já que está resultando em doenças. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) estima que o Estado deve colher 4,16 milhões de toneladas de trigo, 18% superior à temporada passada, mas 10% abaixo do potencial, de 4,62 milhões de toneladas. Até o dia 25 de setembro, a colheita no Paraná somava 60% da área, sendo que, do que ainda está no campo, 75% das lavouras apresentam boas condições, 20%, médias e 5%, ruins.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 24 de setembro, a colheita havia avançado em Mato Grosso do Sul (98%), em Goiás (95%), em Minas Gerais (93%), na Bahia (80%), no Paraná (48%), em São Paulo (35%) e em Santa Catarina (2%), representando cerca de 29% da oferta nacional. Em relação aos negócios, a demanda de trigo pelos moinhos segue desaquecida, já que a venda dos derivados também não mostra reação. Muitos agentes estão aguardando a entrada de um maior volume da safra nova para adquirir novos lotes. Diante disso, os preços continuam em queda. Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra recuo de 2,12% no Rio Grande do Sul e de 1,63% em Santa Catarina, com alta de 1,82% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam baixa de 3,28% no Rio Grande do Sul e 0,46% em Santa Catarina, com elevações de 1,46% no Paraná e de 0,88% em São Paulo.

No Rio Grande do Sul, a média de setembro foi de R$ 1.150,70 por tonelada, quedas de 10,3% frente à de agosto/2023 e de expressivos 34,1% em relação à de setembro/2022. Trata-se, também, da menor média mensal desde dezembro de 2019, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). Assim como em agosto, a média do Rio Grande do Sul de setembro foi superior à do Paraná. As médias mensais do Paraná e de São Paulo são as menores desde outubro de 2017, em termos reais. No Paraná, a média de setembro foi de R$ 1.065,73 por tonelada, baixa mensal de expressivos 15,6% e anual de 38,7%. Em São Paulo, a média foi de R$ 1.108,92 por tonelada em setembro, com retrações de 13,7% na comparação com agosto/2023 e de relevantes 39% frente a setembro/2022. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.228,37 por tonelada, diminuições de 10,9% no mês e de 33,5% em um ano, sendo a mais baixa desde maio de 2019, em termos reais.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que, até o dia 24 de setembro, 96% das lavouras de trigo de primavera norte-americanas haviam sido colhidas, igual ao mesmo período de 2022 e à média dos últimos cinco anos (2018-2022). Em relação à safra de inverno, 26% foram semeados até a mesma data e 7% emergiram. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2023 do Soft Red Winter registra baixa de 6,6% nos últimos sete dias, a US$ 5,41 por bushel (US$ 198,97 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta recuo de 6,7%, para US$ 6,63 por bushel (US$ 243,89 por tonelada). No dia 29 de setembro, especificamente, o primeiro vencimento registrou o menor patamar deste ano tanto na Bolsa de Chicago quanto na Bolsa de Kansas. Esse cenário esteve atrelado à menor demanda pelo trigo russo e aos dados de estoque e produção norte-americana acima das expectativas. O USDA informa que o estoque de trigo nos Estados Unidos, até o dia 1º de setembro, era de 48,45 milhões de toneladas, leve alta em comparação ao mesmo período de 2022.

Em relação à produção 2023 norte-americana, deverá atingir 49,32 milhões de toneladas, acima das expectativas. No Porto de Buenos Aires, as cotações FOB do trigo acumulam baixa de 3,2% nos últimos sete dias, a US$ 303,00 por tonelada. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de setembro, o Brasil havia importado 325,58 mil toneladas de trigo, contra 373,07 mil toneladas em todo o mês de setembro de 2022. Os preços de importação do cereal tiveram média de US$ 283,20 por tonelada FOB origem, 35,1% abaixo dos registrados no mesmo período de 2022 (US$ 436,20 por tonelada). Quanto às exportações, o Brasil não registrou escoamento externo, assim como em todo o mês de setembro do ano passado. De acordo com a consultoria SovEcon, as exportações de trigo da Rússia foram reduzidas em 2 milhões de toneladas, frente às de setembro de 2022, totalizando 4,1 milhões de toneladas até o dia 26 de setembro deste ano, com menor demanda, apesar da elevada oferta. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.