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02/Oct/2023

Preços do trigo estáveis e comercialização travada

Os preços do trigo no spot estão estáveis nas regiões produtoras do Brasil, mas ainda há muita incerteza em relação à qualidade da safra do Paraná e do Rio Grande do Sul por causa de questões climáticas. O excesso de chuvas nas lavouras do Rio Grande do Sul segue favorecendo o surgimento da doença giberela e, no Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) verificou alta incidência de brusone em alguns plantios por causa do excesso de calor nos últimos dias, o que fez com que a previsão de safra caísse 10% em relação à projeção original. Outro fator que pode movimentar os preços nos próximos dias é o fluxo tranquilo, até agora, do corredor humanitário para que a Ucrânia escoe sua produção de trigo pelo Mar Negro.

No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, o mercado spot de trigo segue travado. Há desacordo sobre preços entre compradores e vendedores e, além disso, os moinhos estão no aguardo da safra nova, cuja colheita começou, só que ainda pontualmente, e não vão muito ao disponível. Mesmo com a colheita atrasada, não há notícia de que a indústria esteja desabastecida. Assim, há condições de aguardar trigo novo. Os compradores estão confortáveis, pois têm trigo estocado e condições de pressionar. Os preços se mantêm estáveis, entre R$ 1.080,00 e R$ 1.130,00 por tonelada CIF colocada em moinho em Passo Fundo, para entrega imediata e pagamento em 30 dias para o trigo tipo pão.

Os produtores, porém, não se contentam com essas indicações e os negócios estão parados. Para o trigo futuro tipo pão, os moinhos indicam R$ 1.150,00 por tonelada CIF, para embarque em novembro/dezembro e pagamento em janeiro, mas os produtores indicam R$ 1.300,00 por tonelada CIF Porto de Rio Grande nos mesmos prazos, sem registro de acordos. Mesmo que os moinhos estejam no aguardo da safra nova, o excesso de chuvas que tem ocorrido nas regiões produtoras do Rio Grande do Sul já interfere na qualidade do cereal. A incidência de doenças está maior, o que é prejudicial principalmente nesta fase final do ciclo produtivo.

Segundo a Emater-RS, há crescente preocupação entre os triticultores, uma vez que o clima excessivamente úmido tem favorecido a proliferação de doenças fúngicas, especialmente giberela, nesses estágios críticos (floração e enchimento de grãos), o que ameaça a confirmação do potencial produtivo. A Emater-RS informou, ainda, que 1% da área foi colhida até o momento, principalmente na região noroeste do Rio Grande do Sul. Além disso, 18% das lavouras estão em maturação, 54% em enchimento de grãos e 23% em floração.

No Paraná, na região dos Campos Gerais, a colheita do trigo começou e promete, por enquanto, ser de qualidade, apesar de boletins divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) dando conta do surgimento de doenças nas lavouras em todo o Estado. Com 60% da área colhida, de 1,41 milhão de hectares, estima-se produção final de 4,16 milhões de toneladas, volume 10% inferior ao inicialmente previsto, de 4,62 milhões de toneladas. Um dos fatores que vêm reduzindo a produtividade é a incidência de brusone, que se beneficiou das altas temperaturas verificadas durante o inverno. Já pode ser caracterizado como perda, mas pode reduzir ainda mais.

Para o que falta colher, como nos Campos Gerais, 70% da área ainda tem boas condições, 5% ruins e 20% médias. Há má formação de grãos, o que reduz a produtividade em volume mais intenso do que o comum. Ainda há preocupação com as lavouras a serem colhidas no centro-sul. Na região de Ponta Grossa, nem a entrada da safra nova ou do cereal recém-colhido no oeste e norte do Paraná tem movimentado o mercado spot do trigo no Estado, que está travado. Os moinhos estão abastecidos e seguem tentando pressionar preços, mas, nos últimos sete dias, o valor indicado por compradores segue em R$ 950,00 por tonelada CIF Ponta Grossa, para entrega em novembro e pagamento em dezembro.

Os produtores se mantêm firmes, indicando entre R$ 1.000,00 e R$ 1.100,00 por tonelada FOB, nos mesmos prazos. O produtor não recua nas indicações porque está observando a safra do Rio Grande do Sul, que pode ser afetada pelo excesso de chuvas. E, com o tamanho da safra do Paraná, se a do Rio Grande do Sul tiver quebra, a demanda vai se deslocar para o Paraná. Mesmo com as perdas verificadas, a safra do Paraná ainda será recorde. Embora houvesse previsão de seca nas lavouras de trigo na segunda quinzena de setembro, choveu pontualmente, o que não afetou o cereal.

Os produtores de trigo não têm reclamado do clima; não tem atrapalhado a colheita. Em relação ao trigo da safra 2024 nos Campos Gerais, não há indicações da ponta compradora, nem vendedora. Com o tamanho da safra atual, ninguém está pensando em compras antecipadas. Na Argentina, houve redução da qualidade da safra que está no campo neste momento. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a parcela da safra de trigo em condição boa ou excelente diminuiu de 25% para 22% na última semana. A parcela em condição normal passou de 53% para 51%. Outros 27% apresentavam condição regular/ruim, ante 22% na semana anterior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.