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19/Sep/2023

Preço do trigo pressionado pelo avanço da colheita

Agentes de mercado estão atentos às constantes chuvas no Rio Grande do Sul e aos possíveis impactos sobre as lavouras de trigo. Vale lembrar que o Estado é o maior produtor de trigo do Brasil. Segundo a Emater-RS, a umidade em parte das lavouras do Rio Grande do Sul já está elevando a ocorrência de doenças no trigo, podendo prejudicar a qualidade dos grãos. Apesar desse cenário, os preços do cereal seguem em forte queda no Brasil. A pressão vem do avanço da colheita nacional e da consequente maior disponibilidade interna. Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra recuo de 4,5% em Santa Catarina, 3,41% no Paraná e 3% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam queda expressiva de 7,72% em São Paulo, 5,68% no Paraná, 4,23% no Rio Grande do Sul e 2,02% em Santa Catarina.

Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2023 do Soft Red Winter tem alta de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 6,04 por bushel (US$ 222,02 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta avanço de 2% no mesmo período, para US$ 7,46 por bushel (US$ 274,29 por tonelada). As altas estão atreladas à redução em estimativa de estoques mundiais e à menor expectativa de safra em alguns países, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Além disso, ataques a portos ucranianos também influenciaram as elevações. No Porto de Buenos Aires, as cotações FOB do trigo se mantêm estáveis nos últimos sete dias, a US$ 319,00 por tonelada. Dados divulgados na semana passada pelo USDA indicam que a produção, o consumo, os estoques finais e, consequentemente, as transações internacionais da safra 2023/2024 devem ser inferiores ao registrado na anterior (2022/2023).

A produção mundial está estimada em 787,34 milhões de toneladas, recuo de 0,8% frente aos dados divulgados em agosto, com quedas para Argentina, Austrália, Canadá e União Europeia. Em comparação à safra anterior, o recuo foi de 0,4% na produção, sobretudo devido à Austrália e à Rússia, que devem colher respectivamente 13,68 milhões de toneladas e 7 milhões de toneladas menos. Apesar disso, há expectativas de produção positivas para a Índia e a Argentina, com altas de 9,5 milhões e 3,95 milhões de toneladas, na mesma ordem, frente à safra anterior. Quanto ao consumo mundial, o USDA prevê em 795,85 milhões de toneladas em 2023/2024, queda de apenas 0,03% em relação a 2022/2023 e acima da produção global. Com isso, os estoques finais podem somar 258,61 milhões de toneladas, baixa de 3,2% em relação à temporada anterior, sendo também os menores desde 2015/2016.

Em relação aos volumes transacionados mundiais, o USDA indica que deve somar 209,79 milhões de toneladas em 2023/2024, sendo 2,6% abaixo do registrado na safra 2022/2023, com Rússia, União Europeia e Canadá como os principais exportadores. Os embarques da Austrália e da Ucrânia devem recuar 9,8 milhões de toneladas e 5,8 milhões de toneladas, respectivamente, frente aos da safra anterior. Por outro lado, há expectativa de alta para as exportações da Argentina, que deverão aumentar 5,8 milhões de toneladas. Para a safra da Argentina, a Bolsa de Rosário informou que a seca em lavouras do país é responsável pela redução de 600 mil toneladas na estimativa da safra 2023/2024, sendo atualmente apontada em 15 milhões de toneladas. Apesar disso, ainda será superior à safra anterior, que foi de apenas 11,5 milhões de toneladas.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de setembro, o Brasil havia importado 8,88 mil toneladas de trigo, contra 373,07 mil toneladas em todo o mês de setembro de 2022. Os preços de importação do cereal tiveram média de US$ 310,30 por tonelada FOB origem, 28,9% abaixo dos registrados no mesmo período de 2022 (US$ 436,20 por tonelada). Quanto às exportações, o Brasil não registrou escoamento externo, assim como em todo o mês de setembro do ano passado. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 10 de setembro, a colheita havia avançado em Mato Grosso do Sul (87%), em Goiás (85%), em Minas Gerais (80%), na Bahia (50%), no Paraná (26%) e em São Paulo (7%), representando cerca de 17,9% da oferta nacional. Nos Estados Unidos, o USDA aponta que, até o dia 10 de setembro, 87% das lavouras de trigo de primavera haviam sido colhidas, 4% acima do mesmo período de 2022 e igual à média dos últimos cinco anos (2018-2022). Em relação à safra de inverno, 7% foi semeada até a mesma data. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.