ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

05/Sep/2023

Tendência baixista para os preços do trigo no País

Os valores do trigo estão atravessando o ano de 2023 em movimento de queda no Brasil. E, entre o encerramento de agosto e o início de setembro, as desvalorizações estão sendo intensificadas, sobretudo no caso dos preços ao produtor. A pressão vem da entrada de maior volume da nova safra nacional, tendo em vista o avanço da colheita no Paraná, que deve colher volume expressivo, e da demanda estável por parte dos moinhos no País. Além disso, a desvalorização externa também influencia o mercado interno. Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra recuo de fortes 8,08% no Paraná, 7,88% em Santa Catarina e 6,45% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços acumula queda de 4,21% no Paraná, 3,74% no Rio Grande do Sul, 3,39% em Santa Catarina e 2,42% em São Paulo. Em relação às médias mensais de agosto, são as menores desde dezembro de 2019 no Paraná e em São Paulo, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI).

No Paraná, a média de agosto foi de R$ 1.262,39 por tonelada, baixa mensal de 6,1% e anual de expressivos 36,5%. Em São Paulo, a média foi de R$ 1.284,36 por tonelada em agosto, com retrações de 5,3% na comparação com julho/2023 e de 37,3% com agosto/2022. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.378,38 por tonelada, retrações de 3,5% no mês e de 32,3% em um ano, sendo a mais baixa desde março de 2020, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). No Rio Grande do Sul, a média de agosto foi de R$ 1.282,88 por tonelada, quedas de 2,2% frente à de julho/2023 e de expressivos 33,9% em relação à de agosto/2022. A média atual ainda supera a de junho deste ano, que, por sua vez, havia sido a mais baixa desde fevereiro de 2020, em termos reais. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 21 a 25 de agosto, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina foi de US$ 321,68 por tonelada para o produto posto no Paraná.

Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 4,91, o cereal importado foi negociado a R$ 1.581,00 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 1.247,71 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 301,48 por tonelada, o equivalente a R$ 1.481,75 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.258,20 por tonelada na média para o Estado. No mercado internacional, a queda está atrelada à elevada oferta de trigo russo, à menor demanda e à valorização do dólar, que desfavorece as negociações com os Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2023 do Soft Red Winter apresenta baixa de 4,3% nos últimos sete dias, a US$ 5,67 por bushel (US$ 208,52 por tonelada). Vale ressaltar que este foi o menor valor do primeiro vencimento na Bolsa de Chicago deste ano e o mais baixo desde dezembro de 2020. Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra recuo de 4,4%, para US$ 7,20 por bushel (US$ 264,74 por tonelada).

O menor valor do primeiro vencimento do ano na Bolsa do Kansas é do dia 29 de agosto, a US$ 7,14 por bushel (US$ 262,53 por tonelada), o mais baixo desde setembro de 2021. No Porto de Buenos Aires, as cotações FOB do trigo apresentam avanço de 1,9% nos últimos sete dias, para US$ 314,00 por tonelada. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos 23 dias úteis de agosto, as importações somaram 279,53 mil toneladas, contra 536,22 mil toneladas em agosto/2022. O preço médio de importação em agosto/2023 foi de US$ 296,10 por tonelada FOB origem, 32,9% abaixo do registrado no mesmo mês de 2022 (de US$ 441,10 por tonelada). Quanto às exportações, o Brasil vendeu 189,1 toneladas em agosto deste ano. Em todo o mesmo mês do ano passado, o País não exportou. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 26 de agosto, a colheita avançou em Goiás (75%), Minas Gerais (60%), Mato Grosso do Sul (36%), Bahia (5%), São Paulo (4%) e Paraná (4%), representando cerca de 6,9% da oferta nacional.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a área semeada com trigo no Paraná nesta safra foi de 1,41 milhão de hectares, acima da divulgada anteriormente e 14% maior que a temporada anterior. A expectativa de produção no Estado é de 4,5 milhões de toneladas. Em relação à colheita, atingiu 13% da área até dia 28 de agosto. Segundo a Emater-RS, geadas verificadas em algumas regiões do Rio Grande do Sul podem desencadear perdas em lavouras mais avançadas, mas os danos ainda não foram avaliados. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que, até o dia 27 de agosto, 54% das lavouras de trigo de primavera haviam sido colhidas, 6% acima do mesmo período de 2022, porém, abaixo dos 63% da média dos últimos cinco anos (2018-2022). A colheita da safra de inverno foi finalizada. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a ausência de chuvas e a ocorrência de geadas nas regiões do centro e sul da área agrícola na Argentina estão prejudicando as condições de cultivo no país. Em relação à condição hídrica, 65% da área está ótima/adequada e 35%, regular/seca. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.