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15/Aug/2023

Tendência de pressão baixista sobre preços do trigo

Ainda que aos poucos, a colheita da nova safra de trigo foi iniciada no Paraná, um dos maiores produtores do cereal do Brasil. Por enquanto, as estimativas indicam que, apesar de o volume colhido no País poder ser menor que o da temporada passada, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) deve ser recorde, sobretudo devido às maiores importações. E, mesmo com os dados apontando aumento no consumo interno, os excedentes domésticos recordes exigirão que as exportações brasileiras do cereal também ocorram em bons volumes. Caso contrário, a pressão sobre os preços de comercialização do cereal pode ser reforçada. Vale lembrar que os valores do trigo estão em movimento de queda desde o encerramento de 2022. Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra recuo de 0,52% no Paraná e 0,37% em Santa Catarina, com estabilidade no Rio Grande do Sul.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam baixa de 1,97% em São Paulo, 0,69% no Paraná e 0,38% em Santa Catarina, mas com alta de 0,36% no Rio Grande do Sul. No geral, as negociações ocorrem de forma pontual, com moinhos esperando a entrada de um maior volume da safra nova para intensificar as compras. Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na semana passada apontam que a produção da nova safra de trigo no Brasil está estimada em 10,41 milhões de toneladas, queda de 0,2% em comparação ao relatório de julho e baixa de 1,4% (ou de 144,9 mil toneladas) frente ao recorde da temporada passada. A área com trigo no Brasil aumentou 11,2% frente à da temporada anterior, para 3,43 milhões de hectares. A produtividade está estimada em 3,03 toneladas por hectare, abaixo da apontada no relatório de julho e 11,3% inferior à registrada em 2022 (3,42 toneladas por hectare).

Quanto às importações, a Conab reduziu em 300 mil toneladas o volume estimado no relatório anterior, agora previstas em 5,2 milhões de toneladas no período de agosto de 2023 a julho de 2024. A disponibilidade interna foi reduzida frente ao relatório de julho, e está prevista em 16,29 milhões de toneladas entre agosto/2023 e julho/2024, mas ainda representando avanço de 3,3% frente à safra anterior. O consumo está projetado em 12,43 milhões de toneladas, apenas 0,4% maior que a estimativa da safra anterior (de agosto/2022 a julho/2023). As exportações foram mantidas em 2,6 milhões de toneladas no mesmo comparativo. Assim, os estoques finais, em julho/2024, seriam de 1,25 milhão de toneladas. De acordo com informações da Conab, 99,9% das lavouras de trigo do Brasil haviam sido semeadas até o dia 5 de agosto, avanço de apenas 0,2% em uma semana. A atividade falta ser finalizada apenas em Santa Catarina (98%).

A colheita avança em Goiás (70%) e em Minas Gerais (22%), que representam cerca de 2,7% da oferta nacional. Segundo a Emater-RS, a semeadura do trigo no Rio Grande do Sul foi finalizada. Do total, 91% estão em germinação/desenvolvimento vegetativo, 8%, em floração e 1% está em enchimento de grãos. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) informa que a colheita foi iniciada, porém, ainda não atingiu 1% da área no Estado. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que, até o dia 6 de agosto, 87% das lavouras norte-americanas de trigo de inverno haviam sido colhidas, apenas 2% acima do mesmo período de 2022, contudo, 1% inferior aos 88% da média dos últimos cinco anos (2018-2022). Além disso, as atividades envolvendo a safra de primavera foram iniciadas, com 11% da área colhida até a mesma data. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a semeadura do trigo foi finalizada na Argentina, atingindo os 6 milhões de hectares nesta safra de 2023/2024. Em relação às condições hídricas, 71% estão ótimas/adequadas e 29%, regular/seca.

Quanto à safra global, o USDA estimou, em relatório divulgado neste mês, a produção mundial em 793,37 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, recuo de 0,4% frente aos dados divulgados em julho, mas ainda 0,4% acima da produção em 2022/2023. Em comparação à safra anterior, foi apontado avanço representativo para a Índia e a Argentina, com altas de 9,50 milhões e 4,95 milhões de toneladas, respectivamente. Por outro lado, a produção na Austrália deve cair 10,68 milhões de toneladas e na Rússia, 7 milhões de toneladas. Quanto ao consumo mundial, o USDA prevê em 796,07 milhões de toneladas em 2023/2024, alta de 0,2% em relação a 2022/2023 e acima da produção global. Com isso, os estoques finais podem somar 265,61 milhões de toneladas, queda de 1% em relação à temporada anterior, sendo também os menores desde 2015/2016. O USDA indica que 211,85 milhões de toneladas devem ser transacionadas entre países na temporada 2023/2024, 1,0% abaixo do registrado na safra 2022/2023, com Rússia, União Europeia e Austrália como os principais exportadores mundiais.

Os embarques da Austrália e da Ucrânia devem recuar 7,3 milhões de toneladas e 6,3 milhões de toneladas, respectivamente, frente aos da safra anterior, enquanto as exportações da Argentina e da União Europeia devem crescer respectivos 6,3 milhões de toneladas e 4 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2023 do Soft Red Winter registra recuo de 1% na Bolsa de Chicago nos últimos sete dias, a US$ 6,26 por bushel (US$ 230,29 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter tem alta de 0,4% no mesmo período, para US$ 7,55 por bushel (US$ 277,69 por tonelada). A alta está relacionada às boas vendas externas dos Estados Unidos na primeira semana de agosto. Já o recuo é influenciado por dados do USDA indicando estoques acima do esperado nos Estados Unidos e pela elevada oferta de trigo da Rússia. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.