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08/Aug/2023

Rússia: ofensiva visa sufocar economia ucraniana

A ofensiva russa às exportações de grãos ucranianos golpeou duplamente a esperança de uma solução pacífica e razoável do conflito. Primeiro, ela sinaliza que Vladimir Putin não hesitará em empregar a economia como arma e impor custos e vítimas à população ucraniana, à sua própria e à do mundo inteiro para avançar sua guerra criminosa. Mostra também que Putin não busca uma saída diplomática, mas se prepara para uma guerra maior e mais longa. Por outro lado, o golpe baixo é um sinal de que suas opções estão se esgotando. Em meados do ano passado, as partes beligerantes fizeram um acordo supervisionado pela Turquia e pela ONU para garantir o escoamento de grãos ucranianos pelo Mar Negro. Normalmente, a Ucrânia responde por 10% das exportações de trigo para o mundo e de 10% a 15% das de milho. O acordo ajudou a reduzir os preços aos níveis pré-guerra e evitar uma epidemia de fome. Mas, no dia 17 de julho, a Rússia repudiou o acordo e passou a bombardear portos e outros canais de exportação.

A alegação de Putin de que o acordo só enriqueceu países Ocidentais e que as promessas de isentar exportações russas de sanções foram quebradas é uma mentira flagrante. As exportações russas de alimentos e fertilizantes não estão sob sanções e cresceram em 2022, e o arranjo beneficiou todos os que importam alimentos. A intenção de Putin é estrangular a economia ucraniana e extorquir o Ocidente. A curto prazo, o primeiro objetivo deve se mostrar mais bem-sucedido. Desde o início da guerra, a Ucrânia e seus aliados buscam rotas alternativas. Mas, elas são insuficientes e custosas e têm sido atacadas pela Rússia. No mercado global, embora os preços já tenham subido, as pressões devem ser, por ora, amortecidas. Desde 2022, as safras e exportações de trigo da Europa, Austrália, Canadá, Estados Unidos e da própria Rússia aumentaram. A escassez do milho ucraniano tende a ser compensada pela produção do Brasil. Mas, a médio prazo, os riscos de desastre alimentar crescem.

O bloqueio concentrará o suprimento em poucos exportadores, tornando o mercado mais vulnerável a novos choques. Ondas de calor e estiagem podem reduzir as safras. E as exportações russas são manipuladas a serviço da guerra. Além dos impactos econômicos, a ofensiva russa sinaliza o afastamento da diplomacia. Recentemente, o Parlamento russo aprovou uma lei ampliando a capacidade de alistamento compulsório. Putin sugere que a condição para retomar o acordo é um alívio às sanções. Mas, a chantagem não será aceita pelo Ocidente, que já planeja maneiras de romper o bloqueio ilegal em águas internacionais, seja fornecendo mísseis à Ucrânia, seguros aos comboios ou, no limite, escolta militar. Mas, isso amplia os riscos de confronto direto entre a Rússia e outros países. Para as nações que pressionam por um cessar-fogo desigual ou tentam se manter neutras, essa situação serve para advertir de que sua isenção só fortalece as mãos do tirano russo para perpetuar crimes contra a Ucrânia, e, se necessário, sacrificar suas próprias populações.

Por outro lado, um míssil ucraniano atingiu no domingo (06/08) a ponte Chonhar, uma das três vias de conexão da região de Kherson, na Rússia, ao norte da Crimeia, território anexado pelos russos em 2014. A ponte já havia sido atacada em 22 e 29 de julho. O ataque causou danos menores à estrada da ponte. Na madrugada de domingo (06/08), a Rússia fez uma ofensiva de mísseis e drones que matou ao menos seis pessoas na Ucrânia. A ação foi uma retaliação por um ataque ucraniano a um petroleiro russo. A Ucrânia informou que uma bomba guiada atingiu um centro de transfusão de sangue no distrito de Kupyan na noite de 5 de agosto. Na Rússia, o segundo maior aeroporto do país suspendeu brevemente os voos no domingo (06/08), após um ataque frustrado de drones. A tentativa com drones ocorreu após a noite de ataques na Ucrânia. De acordo com a força aérea ucraniana, a Rússia lançou 70 drones de ataque e mísseis aéreos e marítimos ao longo da madrugada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.