01/Aug/2023
Os agentes do mercado de trigo seguem atentos ao desenvolvimento das lavouras, especialmente no Hemisfério Sul, enquanto no Hemisfério Norte, os trabalhos de colheita avançam. Ao mesmo tempo, esses agentes monitoram os desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia, que se acirrou após o fim do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro no mês de julho. De acordo com informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 97,9% das lavouras de trigo do Brasil haviam sido semeadas até o dia 22 de julho, avanço de 4,3% em sete dias. No geral, as atividades já estão na reta final, principalmente no Rio Grande do Sul (97%) e em Santa Catarina (78%). No Cerrado, a colheita também avança, com destaque para Goiás (70%) e Minas Gerais (7%), que representam cerca de 2% da oferta nacional.
No Paraná, especificamente, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica que, até o dia 24 de julho, 94% das lavouras estavam em boas condições, e 6%, em condições medianas. Do total, 43% estão em desenvolvimento vegetativo; 28%, em frutificação; 26%, em floração; e apenas 3%, em maturação. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura havia alcançado 96,4% da área destinada ao trigo até o dia 26 de julho, avanço de 4,2% na semana. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que, até o dia 23 de julho, 68% das lavouras de trigo de inverno haviam sido colhidas, abaixo dos 76% do mesmo período de 2022 e dos 77% da média dos últimos cinco anos (2018-2022). Da safra de primavera, 49% apresentam condições boas/excelentes; 35%, condições razoáveis; e 16%, ruins/péssimas, leve piora frente à semana anterior.
De acordo com a consultoria russa SovEcon, a colheita de trigo soma 14% da área cultivada na Rússia, abaixo dos 22% do mesmo período do ano passado. As atividades de campo estão mais lentas devido às chuvas no país. Quanto às estimativas de safra da Rússia, foram elevadas para 87,1 milhões de toneladas, contra 86,8 milhões de toneladas na estimativa anterior. No Brasil, moinhos têm se abastecido ocasionalmente. Do lado vendedor, os produtores estão mais retraídos, na expectativa de valorizações após a não renovação do acordo de exportação de grãos entre Rússia e Ucrânia. Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra alta de 2,18% no Paraná e 1,01% em Santa Catarina, mas leve queda de 0,18% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam avanço de 1,3% no Rio Grande do Sul e 0,34% em Santa Catarina, recuando 0,89% em São Paulo e 0,13% no Paraná.
Tomando-se como base dados da Conab, de 17 a 21 de julho, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina foi de US$ 360,41/tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 4,79, o cereal importado foi negociado a R$ 1.729,49 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 1.345,43 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 338,02 por tonelada, o equivalente a R$ 1.622,05 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.310,96 por tonelada na média para o Estado. Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2023 do Soft Red Winter tem avanço de 1% na Bolsa de Chicago nos últimos sete dias, a US$ 7,04 por bushel (US$ 258,77 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter acumula queda de 0,5% no período, para US$ 8,56 por bushel (US$ 314,62 por tonelada).
A alta do Soft Red Winter está atrelada aos ataques russos ao Porto de Odessa e a terminais de grãos no Rio Danúbio no início da última semana, além do atraso da colheita na Rússia. A baixa do Hard Winter ocorre devido ao avanço da colheita de inverno nos Estados Unidos e à previsão de chuvas em regiões produtoras do país. No Porto de Buenos Aires, as cotações FOB do trigo apresentam recuo de 3% nos últimos sete dias, para US$ 328,00 por tonelada. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de julho, o Brasil havia importado 229,95 mil toneladas de trigo, contra 499,15 mil toneladas em todo o mês de julho de 2022. Os preços de importação do cereal tiveram média de US$ 286,10 por tonelada FOB origem, 21,9% abaixo da registrada no mesmo período de 2022 (US$ 420,40 por tonelada).
Quanto às exportações, o Brasil não embarcou trigo até a terceira semana de julho, enquanto em julho do ano passado, os embarques somavam 1,3 tonelada. De acordo com o USDA, na semana de 20 de julho, os Estados Unidos exportaram 233,2 mil toneladas de trigo da temporada 2023/2024. Os maiores volumes tiveram como destino Filipinas (72,4 mil toneladas), Nigéria (28,1 mil toneladas) e Honduras (25,8 mil toneladas). Segundo a Bolsa de Rosario, entre dezembro de 2022 e junho de 2023, a Argentina exportou o segundo menor volume de trigo desde 1988, somando 2,4 milhões de toneladas. Essa quantidade é maior apenas que a embarcada na safra 2013/2014 (1,2 milhão de toneladas). Vale ressaltar que, na temporada passada (2021/2022), o volume exportado somou 13,8 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.