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01/Aug/2023

Preços globais do trigo continuarão sustentados

Segundo o Itaú BBA, os preços internacionais do trigo devem continuar sustentados pelo aperto entre oferta e demanda no balanço global e pelas incertezas da guerra entre Rússia e Ucrânia. Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam para redução da relação entre estoque e consumo para 33,5%, o menor nível das últimas dez safras. Ademais, a soma do volume dos estoques finais dos principais exportadores também segue em queda, ou seja, para a demanda dos importadores a disponibilidade se projeta menor. No cenário de oferta apertada, a Rússia, principal exportador global do grão, pode ter dificuldades no escoamento do trigo em virtude da continuidade do conflito com a Ucrânia.

Além das incertezas relacionadas à Rússia, o impacto negativo do El Niño pode pressionar a produção estimada para Índia, China e Austrália, dificultando ainda mais o quadro global de suprimento do trigo. Ainda do lado de influência altista para as cotações do grão na Bolsa de Chicago, observa-se a relação apertada historicamente entre consumo e produção na safra norte-americana. Apesar do cenário construtivo para preços, a perspectiva de balanço global de milho mais folgado define um teto para o trigo. Em contrapartida, a maior safra da América do Sul, puxada por Brasil e Argentina, poderia limitar eventuais elevações dos preços internacionais do trigo. O Itaú BBA prevê safra argentina de trigo 24% maior, para 16,9 milhões de toneladas, e safra brasileira de 12,5 milhões de toneladas, novo recorde.

Com isso, aumentará a disponibilidade do cereal mesmo sustentando recordes de exportação, em função da diminuição da oferta do Mar Negro. Apesar da produção recorde estimada, deve-se considerar que o El Niño tende a trazer mais chuvas na época da colheita na Região Sul, o que pode comprometer parte da produção, reduzindo a oferta de trigo de maior qualidade. A previsão de uma nova safra recorde, se confirmada, pode pressionar os preços do trigo no mercado interno, mesmo com as exportações consumindo parte do balanço doméstico. O câmbio pode não ajudar na paridade de exportação. Além disso, o principal fornecedor ao Brasil, a Argentina, também caminha para uma disponibilidade maior do cereal.

O que pode ajudar o produtor é a política de Preços Mínimos, que estipulou o valor de R$ 79,20 por saca de 60 Kg (equivalente a R$ 1.320,00 por tonelada) para o trigo nesta safra. A próxima safra será de margens próximas aos níveis médios históricos da commodity para o produtor e menor necessidade de formar estoques, reduzindo o custo dos mesmos, para os moinhos e também ampliando as janelas de aquisições. Do lado da farinha, os preços do produto, bem como os do farelo, também tendem a ceder em função do aumento da oferta e, com isso, pode haver uma redução do faturamento. Contudo, a combinação entre os custos financeiros um pouco menores somados à boa disponibilidade do cereal, que reduz o custo da matéria-prima, pode trazer mais um ano com margens acima da média ao setor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.