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27/Jul/2023

Importações brasileiras recuam com safra recorde

O crescimento da safra nacional diminuiu a necessidade de importação de trigo pelos moinhos brasileiros no primeiro semestre deste ano. Com a colheita recorde em 2022, o Brasil importou 2,074 milhões de toneladas do produto nos primeiros seis meses deste ano, 35% menos em comparação com igual período do ano passado. Os números confirmam a tendência esperada pelo mercado em virtude da maior disponibilidade interna de cereal após duas colheitas crescentes e do recuo dos preços externos, que prejudicou a competitividade do grão local. Já as exportações recuaram 17% na comparação anual do primeiro semestre, para 2,054 milhões de toneladas, de acordo com dados do Agrostat (sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro). Na primeira metade de 2022, as importações do grão haviam somado 3,195 milhões de toneladas.

O valor desembolsado com as compras do cereal no período caiu 30,83%, para US$ 709,356 milhões em relação ao US$ 1,025 bilhão gastos nos seis primeiros meses do ano passado. O preço médio do trigo importado avançou 6,57%, passando de US$ 320,95 por tonelada no primeiro semestre de 2022 para US$ 342,03 por tonelada em igual período deste ano. Esses números refletem a valorização do cereal no mercado externo após a crise com a guerra entre Rússia e Ucrânia. A queda nas compras externas reflete a produção recorde do cereal em 2022, estimada em 9,5 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), diminuindo a necessidade de internalização do produto e a menor safra da Argentina, de onde vem grande parte do trigo trazido do exterior. O menor volume importado deve-se sobretudo à safra robusta colhida no Rio Grande do Sul. Os moinhos da Região Nordeste, que são grandes importadores de trigo, compraram cerca de 530 mil toneladas de trigo do Rio Grande do Sul.

Portanto, importaram menos trigo argentino. A maior safra do Estado pressionou os preços, fazendo com que o cereal do Rio Grande do Sul ficasse mais competitivo que o trigo argentino, sendo usado para produção de biscoito e na mescla para pão. Do volume total importado nos seis primeiros meses, 1,427 milhão de toneladas foram de cereal argentino, quase metade a menos ante 2,777 milhões de toneladas importadas do país vizinho nos seis primeiros meses do ano passado. Na sequência, aparece o cereal do Uruguai (349,707 mil toneladas) e da Rússia (209,141 mil toneladas). O Brasil importa anualmente de 50% a 60% do volume consumido internamente de trigo, de aproximadamente 12 milhões de toneladas. Em relação à exportação, a redução dos embarques do grão decorre do recuo dos preços pagos pelo cereal, o que desestimulou as vendas. No semestre, foram exportadas 2,054 milhões de toneladas de trigo pelo Brasil ante 2,467 milhões de toneladas vendidas ao exterior em igual período do ano passado.

Os produtores perderam oportunidades de venda. Houve momentos de preços favoráveis ao produtor no ano passado, com janela de vendas em meio à menor safra de soja e demanda internacional, mas os produtores tiveram receio de comprometer volumes antecipados em virtude do risco climático. Com isso, o Brasil perdeu oportunidades de fixação de preço e quando produtores foram vender ao longo destes seis meses, as cotações estavam mais baixas, o que retraiu as exportações. As exportações brasileiras de trigo geraram receita de US$ 659,897 milhões no primeiro semestre do ano. O valor foi 13% menor que o obtido no ano anterior, de US$ 758,957 milhões. O preço médio do cereal exportado no período foi de US$ 321,28 por tonelada ante US$ 307,68 por tonelada dos três primeiros meses de 2022, alta de 4,42%, o que reflete a valorização externa da commodity. No acumulado do ano, os três principais destinos do produto brasileiro foram Indonésia (637,204 mil toneladas), Arábia Saudita (270,142 mil toneladas) e Equador (169,284 mil toneladas).

Esses mercados já eram compradores de trigo brasileiro de qualidade inferior e se tornaram destinos também de cereal de qualidade superior com as restrições nas exportações do cereal da região do Mar Negro, após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia. Para o segundo semestre, a expectativa é que as importações continuem fracas. A importação deve continuar dentro da média para o segundo semestre. A cabotagem não tem mostrado preço nas últimas semanas, o que está sendo embarcado já foi fechado há pelo menos 65 dias. O desempenho das vendas externas vai depender da reação das cotações do cereal. Neste mês, os futuros do cereal negociados na Bolsa de Chicago acumulam alta de 15% (vencimento dezembro), impulsionados principalmente pelo rompimento do acordo de exportação de grãos entre Rússia e Ucrânia. As entregas de trigo russo e ucraniano estão praticamente suspensas com receio de bombardeios em navios. O principal fator da queda anterior dos preços era o cereal russo sendo negociado abaixo dos demais.

No curto prazo, Estados Unidos e Europa estão suprindo o mercado e as cotações tendem a não subir muito mais, mas o direcionamento dos preços vai depender também da entrada ou não do trigo russo e ucraniano no mercado. Ainda há trigo remanescente no Rio Grande do Sul que poderá ser negociado neste semestre, antes da entrada da safra nova, para exportação ou para atender a demanda dos moinhos da Região Nordeste. Isso vai depender das condições do mercado. Os preços ainda não entusiasmam os vendedores. O cereal no spot gira em torno de R$ 1.300,00 por tonelada, enquanto para entrega em dezembro para exportação as propostas de compra rodam entre R$ 1.100,00 e R$ 1.150,00 por tonelada CIF Porto de Rio de Grande (RS). Contudo, com uma safra maior no Rio Grande do Sul e a previsão de uma safra boa no Paraná, os preços podem cair mais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.