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17/Jul/2023

SC está ampliando a produção de cereais de inverno

O setor produtivo de Santa Catarina se uniu para alavancar o cultivo de trigo, triticale e centeio e já comemora um salto nas colheitas. Desde o início do Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos, a área plantada com trigo mais que dobrou no Estado: entre as safras 2019/2020 e 2021/2022, as lavouras cresceram de 50,8 mil para 102,8 mil hectares. No mesmo período, o volume colhido saltou de 154 mil para 347 mil toneladas. O projeto foi lançado em 2021 sob o comando da Secretaria de Estado da Agricultura e tem participação da Epagri, das cooperativas e dos produtores rurais. Alavancar a produção de cereais de inverno é uma estratégia para abastecer as cadeias produtivas de aves, suínos e bovinos, reduzindo a dependência do estado pelas importações de milho para alimentação animal.

Santa Catarina consome mais de 7 milhões de toneladas desse grão por ano, e cerca de 4 milhões são comprados de outros Estados ou países. Além de reduzir custos e melhorar a competitividade da pecuária, o cultivo de cereais de inverno é uma opção de renda adicional para as famílias rurais, pois aproveita áreas que não estavam sendo usadas economicamente e traz benefícios com a rotação de culturas. Durante o inverno, as áreas de grãos em muitas propriedades ficam subutilizadas ou protegidas com plantas de cobertura. Quando se ocupa essas áreas com o cultivo comercial de cereais de inverno, o solo se mantém protegido e ainda gera receita para as famílias. A aposta em cereais de inverno busca reduzir a dependência do Estado pelas importações de milho para alimentação animal. Com estudos voltados tanto para o consumo humano quanto para a produção de ração animal, a Epagri desenvolve pesquisas com cereais de inverno há mais de 20 anos.

Nesse projeto da Secretaria da Agricultura, o objetivo é avaliar quais são os melhores cultivares e como eles se adaptam em diferentes condições de solo e clima de Santa Catarina. As pesquisas ocorrem em Chapecó, Campos Novos, Canoinhas, Ituporanga, Jacinto Machado e Turvo, onde estão sendo avaliados 30 cultivares (22 de trigo, 5 de triticale e 3 de centeio). Ao longo das safras, os pesquisadores avaliam o desenvolvimento das plantas, a resistência a doenças, a produtividade e a qualidade dos grãos para recomendar as melhores opções aos agricultores. A ação conta com apoio das cooperativas Cravil, Coopersulca, Cooperalfa e Cooperja. Outro objetivo do projeto é viabilizar a produção dos cereais em regiões não tradicionais de cultivo em Santa Catarina. Isso porque, em muitas localidades, ainda não há informações técnicas sobre o comportamento de cultivares, nem mesmo a possibilidade de produção, por falta de zoneamento agrícola para a cultura.

Em 2022, os primeiros resultados dessas pesquisas começaram a ser divulgados para as famílias rurais, como recomendações de manejo, escolha de cultivares e épocas de semeadura. As pesquisas apontam que a escolha correta do cultivar pode resultar em incrementos superiores a 40% em produtividade, e a decisão adequada sobre a época de semeadura pode aumentar o rendimento em 25%. Em 2022, a Epagri atendeu mais de 2,5 mil famílias sobre o cultivo de cereais de inverno, divulgando orientações técnicas e viabilizando o acesso a políticas públicas. Por meio de treinamentos, palestras e dias de campo, foi possível capacitar os agricultores, ampliando a área de cultivo e a produtividade das lavouras. As famílias rurais de Santa Catarina ainda contam com apoio financeiro da Secretaria de Estado da Agricultura para investir nos cereais de inverno.

Por meio das cooperativas participantes, os produtores têm acesso a sementes e insumos para o plantio e realizam o pagamento no fim da safra, quando entregam os grãos e recebem o subsídio de R$ 350,00 por hectare cultivado, num limite de até 10 hectares. Os grãos entregues pelos produtores às cooperativas são destinados a agroindústrias e fábricas de ração. Em 2022, o programa apoiou 567 agricultores no plantio de 4,7 mil hectares, resultando na colheita de 12,4 mil toneladas de grãos. Além de tornarem a agricultura mais rentável, as famílias que produzem cereais de inverno também contribuem com a preservação ambiental. A manutenção de uma cobertura vegetal viva no solo nesse período é uma forma de conservar o solo e a água. Além disso, o cultivo desses cereais promove a rotação de culturas nas lavouras, diminuindo a necessidade do uso de agrotóxicos, tanto para o controle de plantas daninhas, quanto para combater pragas e doenças.

As lavouras de verão implantadas na sequência dos cereais de inverno chegam a alcançar um incremento de 15% na produtividade. Isso porque a palhada que permanece sobre o solo e a quebra dos ciclos de reprodução de plantas invasoras, pragas e doenças, permitem que a lavoura seguinte germine e se estabeleça melhor. A conservação do solo e da água na produção de grãos é um trabalho forte da Epagri, que estimula práticas como o plantio direto, com a manutenção de palhada durante todo o ano sobre o solo, o cultivo em nível e a construção de terraços na lavoura. Essas tecnologias impedem a erosão e o assoreamento de rios e lagos, ao mesmo tempo que reduzem a vulnerabilidade das lavouras a estresses climáticos, especialmente às estiagens. Com tecnologia e orientação técnica, a agricultura do Estado cresce sobre bases sustentáveis. Fonte: Epagri. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.