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13/Jul/2023

Acordo do Mar Negro e segurança alimentar global

A possível saída da Rússia do acordo de grãos com a Ucrânia aumenta os temores sobre a segurança alimentar global. A eventual revogação impediria o fluxo de grãos ucranianos para regiões que enfrentam a fome. Na expectativa de uma quarta renovação na próxima segunda-feira (17/07), o acordo permitiu que a Ucrânia embarcasse 32,8 milhões de toneladas de grãos, mais da metade para países em desenvolvimento. Agora, no entanto, a quantidade de produtos que saem do país já apresenta quedas, passando de 4,2 milhões de toneladas em outubro de 2022 para 1,3 milhão em maio de 2023. Em meio a isso, a Rússia foi acusada de retardar as inspeções conjuntas de navios que carregam os grãos.

O Ministério da Infraestrutura da Ucrânia informou na terça-feira (11/07) que 29 navios estavam parados na Turquia porque a Rússia teria se recusado a permitir a inspeção. Os produtos agrícolas ucranianos desempenham um papel significativo na segurança alimentar global. Mas, nos últimos meses, o corredor de grãos esteve praticamente fechado. A Organização das Nações Unidas (ONU) se esforça para manter o acordo vivo, já que Ucrânia e Rússia são grandes fornecedores de trigo, cevada, óleo vegetal e outros produtos alimentícios dos quais dependem países da África, Oriente Médio e partes da Ásia.

A revogação colocaria em risco uma fonte de ajuda do Programa Mundial de Alimentos para países em risco de fome, como Somália, Etiópia e Afeganistão, e aumentaria os problemas de segurança alimentar em lugares vulneráveis que enfrentam conflitos, crises econômicas e secas. Se o acordo não for estendido, os países que dependiam da Ucrânia para suas importações terão de procurar outras fontes de importação, muito provavelmente a Rússia, algo que a Rússia, provavelmente, pretendia, afirmou o Programa Global de Segurança Alimentar, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. A Rússia alega que o acordo não funcionou para suas próprias exportações, culpando as dificuldades impostas por sanções Ocidentais.

A Rússia, no entanto, aumentou suas exportações de trigo para máximas históricas após uma grande colheita. Os embarques passaram de 33 milhões de toneladas em 2021 para 44 milhões de toneladas no ano passado, com expectativas de 46 milhões este ano. Enquanto isso, os embarques da Ucrânia caíram cerca de 60%, de 19 milhões de toneladas em 2021 para previsões de cerca de 7 milhões a 8 milhões de toneladas este ano, um grande golpe para sua economia dependente da agricultura. Além disso, espera-se que a Europa e a Argentina aumentem os embarques de trigo, enquanto o Brasil vem de um ano bom para o milho, do qual a Ucrânia também é um importante fornecedor.

Com isso, segundo a S&P Global, deve haver um aumento temporário nos preços dos grãos nos mercados mundiais se o acordo do Mar Negro não for renovado. Segundo o Comitê Internacional de Resgate, com aproximadamente 80% dos grãos da África Oriental sendo exportados da Rússia e da Ucrânia, mais de 50 milhões de pessoas na África Oriental estão passando fome, e os preços dos alimentos dispararam quase 40% este ano. É vital para a comunidade internacional não apenas firmar um acordo de longo prazo, mas também construir soluções duradouras para combater a insegurança alimentar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.