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04/Jul/2023

Preços do trigo sustentados no mercado doméstico

Enquanto a semeadura da safra nacional de trigo segue avançando, simultaneamente, a colheita já foi iniciada em algumas áreas no País. Na Argentina, principal origem do trigo importado pelo Brasil, a área com o cereal na atual temporada foi novamente reajustada para baixo e, agora, deve ser inferior à da safra passada. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que 68,8% das lavouras de trigo do País haviam sido semeadas até o dia 24 de junho, 5,1% acima do registrado no mesmo período de 2022. A semeadura avança no Paraná (83%), no Rio Grande do Sul (50%) e em Santa Catarina (27%). Além disso, a colheita já foi iniciada em Goiás, sendo que 25% da área com o cereal no Estado já foi colhida, mas ainda representando apenas 0,9% no total do País. No Paraná, especificamente, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicou que, até o dia 26 de junho, a semeadura da nova safra somava 91% da área estimada. Do total já implantado, 71% estão em desenvolvimento vegetativo; 17%, em floração, 8% em germinação, e apenas 4%, em frutificação.

Além disso, a produção desta safra no Estado foi estimada em 4,56 milhões de toneladas, 30% superior à temporada passada. A Emater-RS informou que, no Rio Grande do Sul, a semeadura atingiu 65% da área até o dia 29 de junho, 5% acima do verificado no mesmo período do ano passado, porém, 10% inferior à média dos últimos cinco anos. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu em 100 mil hectares a estimativa de área com trigo nesta temporada, fato justificado pelo clima seco, passando para 6 milhões de hectares. A semeadura atingiu 71,9% da área destinada ao trigo até o dia 29 de junho, com avanço de 13,8% na semana. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 25 de junho, 24% das lavouras de trigo de inverno haviam sido colhidas, abaixo dos 39% do mesmo período de 2022 e dos 33% da média dos últimos cinco anos (2018-2022). Em relação às condições das lavouras, 40% estavam boas/excelentes; 32%, razoáveis; e 28%, ruins/péssimas, melhora frente à semana anterior.

Da safra de primavera, 50% apresentam boas/excelentes condições, 9% abaixo do mesmo período da temporada anterior. Estimativas do USDA indicam que a área semeada com trigo de inverno nos Estados Unidos foi de 14,97 milhões de hectares, alta de 11% em comparação à temporada anterior. Para a safra de trigo de primavera, a projeção é de área de 4,49 milhões de hectares, 3% maior que a do ano passado. Em relação aos estoques de trigo norte-americanos, eram de 15,79 milhões de toneladas em 1º de junho desde ano, recuo de 17% na comparação ao mesmo período de 2022. A SovEcon, consultoria russa, reduziu para 17,9 milhões de toneladas a safra ucraniana, antes apontada em 18,5 milhões de toneladas. Em relação ao volume exportado pelo país, foi reduzido em 500 mil toneladas, e está estimado em 10 milhões de toneladas. No Brasil, os preços no mercado de balcão apresentam apenas leves reajustes. Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra avanço de 0,39% em Santa Catarina e 0,23% no Rio Grande do Sul, com leve queda de 0,19% no Paraná.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam alta de 1,41% em Santa Catarina e 1,33% no Rio Grande do Sul, mas com recuos de 1,11% em São Paulo e de 1% no Paraná. As médias mensais de junho são as menores desde 2020. No Rio Grande do Sul, a média de junho foi de R$ 1.260,57 por tonelada, quedas de 2,6% frente à média de maio/2023 e de expressivos 41,3% em relação à de junho/2022, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Trata-se, também, da menor média mensal desde fevereiro de 2020, em termos reais. No Paraná, a média de junho foi de R$ 1.384,89 por tonelada, baixas mensal de 4,4% e anual de 36,5%, e a menor desde janeiro de 2020. Em São Paulo, a média, de R$ 1.455,31 por tonelada, foi a mais baixa desde janeiro de 2020, com retrações de 7% na comparação com maio/2023 e de 30,5% com junho/2022. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.456,26 por tonelada, retrações de 0,4% no mês e de 30,5% em um ano, sendo também a mais baixa desde março de 2020.

As cotações FOB do trigo no Porto de Buenos Aires registram recuo de 4,5% nos últimos sete dias, a US$ 338,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2023 do Soft Red Winter apresenta queda expressiva de 13,2% na Bolsa de Chicago nos últimos sete dias, a US$ 6,36 por bushel (US$ 233,78 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter tem baixa de 6,7% no mesmo período, para US$ 8,01 por bushel (US$ 294,41 por tonelada). A baixa está relacionada à desvalorização do milho, à menor demanda pelo cereal dos Estados Unidos, ao avanço da colheita norte-americana e à melhora do clima no país. Apesar da queda semanal, no mês de junho, houve alta do primeiro vencimento na Bolsa de Chicago em 6,5%, em comparação a maio/2023, com média de US$ 6,60 por bushel (US$ 242,53 por tonelada) para o Soft Red Winter na Bolsa de Chicago. Na Bolsa de Kansas, o contrato Maio/2023 do trigo Hard Winter cedeu 3,3% de maio para junho, com média de US$ 8,19 por bushel (US$ 301,24 por tonelada) para o Hard Winter na Bolsa de Kansas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.