27/Jun/2023
A semeadura do trigo avança no Brasil e na Argentina e já ultrapassa a metade da área destinada ao cereal nesta safra em ambos os países. Vale ressaltar que a projeção da área com trigo na Argentina foi reduzida na última semana, devendo ser a mesma da última temporada. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que 60% das lavouras de trigo do País haviam sido semeadas até o dia 17 de junho, 4,6% acima do registrado no mesmo período de 2022. A semeadura avança no Paraná (82%), no Rio Grande do Sul (135%) e em Santa Catarina (7%). No Paraná, especificamente, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicou que, até o dia 19 de junho, a semeadura da nova safra somava 83% da área estimada. Do total já implantado, 82% estão em desenvolvimento vegetativo; 9%, em floração, 7% em germinação, e apenas 2% estão em frutificação.
A Emater-RS informou que, no Rio Grande do Sul, a semeadura atingiu 55% da área do estado até o dia 22 de junho, apenas 2% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado e 8% inferior à média dos últimos cinco anos. Chuvas no Estado dificultaram o avanço dos trabalhos em campo na última semana. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires diminuiu em 200 mil hectares a área de trigo, estimada agora em 6,1 milhões de hectares, devido ao clima seco no centro-oeste do país. A semeadura atingiu 58,1% da área destinada ao trigo até o dia 22 de junho, com avanço de 18,6% na semana. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 18 de junho, 15% das lavouras de trigo de inverno norte-americanas haviam sido colhidas, abaixo dos 23% do mesmo período de 2022 e dos 20% da média dos últimos cinco anos (2018-2022).
Em relação às condições das lavouras, 38% estavam boas/excelentes; 33%, razoáveis; e 29%, ruins/péssimas, leve melhora frente à semana anterior. Da safra de primavera, 98% já emergiram e 51% apresentam boas/excelentes condições, 9% abaixo do mesmo período da semana anterior. A SovEcon reduziu em 1,2 milhão de toneladas a estimativa da safra de trigo na Rússia frente à previsão anterior, apontada agora em 86,8 milhões de toneladas. Isso ocorreu devido à piora das condições do trigo de primavera no país. No Brasil, no mercado balcão (preço pago ao produtor) as cotações estão em alta, enquanto há recuo no mercado de lotes (negociação entre empresas).
Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão registra alta de 0,41% no Rio Grande do Sul e 0,3% no Paraná, com estabilidade em Santa Catarina. No mercado de lotes, os preços apresentam baixa de 2,28% em São Paulo, 1,82% em Santa Catarina e 0,68% no Paraná, mas alta de 1,36% no Rio Grande do Sul. Tomando-se como base dados da Conab, de 12 a 16 de junho, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 356,93 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 4,84, o cereal importado era negociado a R$ 1.729,54 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 1.387,79 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 334,76 por tonelada, o equivalente a R$ 1.622,10 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.244,15 por tonelada na média do Estado.
As cotações FOB do trigo no Porto de Buenos Aires permanecem estáveis nos últimos sete dias, a US$ 354,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2023 do Soft Red Winter tem avanço de 9,2% nos últimos sete dias na Bolsa de Chicago, a US$ 7,33 por bushel (US$ 269,42 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra valorização de 2% no mesmo período, para US$ 8,59 por bushel (US$ 315,63 por tonelada). O movimento de alta está atrelado à piora das condições das lavouras dos Estados Unidos e ao clima. Além disso, já há preocupações quanto à não renovação do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro, entre Rússia e Ucrânia, na segunda quinzena de julho.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de junho, o Brasil havia importado 145,77 mil toneladas de trigo, contra 627,49 mil toneladas em todo o mês de junho de 2022. Os preços de importação do cereal tiveram média de US$ 320,20 por tonelada FOB origem, 17,7% abaixo da registrada no mesmo período de 2022 (US$ 388,90 por tonelada). Quanto às exportações, o Brasil ainda não havia embarcado cereal até a terceira semana deste mês, contra 36,3 mil toneladas em junho do ano passado. De acordo com o USDA, na semana de 15 de junho, foram exportadas 109,7 mil toneladas de trigo norte-americano da temporada 2023/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.