26/Jun/2023

A comercialização de trigo no mercado interno avançou pouco ao longo da última semana. Apenas volumes pontuais remanescentes de trigo giraram nas principais praças produtoras, com vendedores preferindo efetuar novos acordos de soja e milho. Os preços do cereal permanecem estáveis em relação aos da semana anterior. A negociação antecipada da próxima safra caminha a passos ainda mais lentos em meio aos estoques elevados da indústria moageira e à expectativa dos produtores de melhora nos preços. No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, têm rodado lotes pontuais de trigo tipo pão na casa de R$ 1.280 a R$ 1.300 por tonelada FOB, com retirada imediata e pagamento em 30 dias. Já o trigo branqueador sai a R$ 1.545 a R$ 1.550 por tonelada FOB, com retirada imediata e pagamento em 35 dias.

A demanda vem sobretudo de indústrias do Paraná e de São Paulo. Os moinhos gaúchos estão abastecidos, no aguardo da nova safra, por volta de outubro. Há bastante trigo para ser comercializado da safra passada. O produtor está liberando lotes conforme a necessidade. Além disso, há soja e milho estocados e ele vai liberando lotes conforme os preços de um ou outro grão vão ficando mais vantajosos. Os produtores gaúchos que ainda dispunham de soja preferiram negociar a oleaginosa em detrimento de milho ou trigo. Porém, como está chegando a época de fazer expurgo (fumigação para controle de pragas no cereal estocado) no trigo, produtor deve liberar mais alguns lotes para reduzir custos. Quanto às negociações de trigo futuro, não há indicação de preços e o produtor não tem feito vendas antecipadas do cereal há bastante tempo.

No Paraná, na região dos Campos Gerais, giram volumes pequenos de trigo, com moinhos adquirindo o cereal apenas da mão para a boca. Os contratos são negociados em torno de R$ 1.500 por tonelada CIF Ponta Grossa, com entrega em julho/agosto e pagamento no fim de agosto, valor estável em relação à semana anterior. Entretanto, continua chegando trigo gaúcho à região, cotado por volta de R$ 1.470 a R$ 1.480 a tonelada. Mesmo com a qualidade um pouco mais baixa do que o trigo paranaense (o gaúcho, assim como o do PR, é tipo 1), dá pra usar na mistura. Outro fator pelo qual as vendas não fluem como deveriam é que o produtor agora está preferindo negociar lotes pontuais de milho para fazer caixa. Além disso, está todo mundo de olho no plantio do trigo da safra 2023.

Choveu bem, o que melhorou as condições para o trigo já plantado, mas mais à frente tem o fenômeno climático El Niño, então pessoal está segurando lotes para ver como vai ficar a safra futura e também os preços, pois quando a próxima safra for colhida ainda terá trigo da safra velha. Para o cereal da próxima safra, que está sendo plantado agora, ideia de compra gira em torno de R$ 1.100 a R$ 1.200 por tonelada CIF moinho Ponta Grossa, com entrega em outubro e pagamento em novembro. Mas o produtor nem está mostrando preço e, aliás, este valor proposto está abaixo do Preço Mínimo do governo, então ninguém quer negociar com antecedência. Os valores também estão estáveis em relação à semana anterior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.