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20/Jun/2023

Tendência de preço sustentado no mercado interno

Após atingir recorde em 2022, a produção nacional de trigo deve ser um pouco menor em 2023. Isso porque, apesar de a área a ser semeada no Brasil superar a de 2022, a perspectiva é de queda na produtividade. Na Argentina, estimativas atuais apontam recuperação da oferta nesta safra. No Brasil, de acordo com os dados divulgados neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção da nova safra está estimada em 9,7 milhões de toneladas, leve alta em comparação ao relatório de maio, porém, 7,4% inferior à da temporada passada, que foi recorde. A área com trigo no Brasil está prevista para ser 9,7% maior que a da temporada anterior, para 3,38 milhões de hectares. Todavia, as estimativas de produtividade se reduziram 0,2% frente às de maio, ficando 15,6% inferior a 2022, com média nacional de 2,88 toneladas por hectare. A Conab manteve a estimativa de importação em 5,6 milhões de toneladas e a de exportação em 2,6 milhões de toneladas, considerando-se o período de agosto de 2023 a julho de 2024.

Para o mesmo período, o consumo está projetado em 12,43 milhões de toneladas, apenas 0,3% maior que a estimativa da safra anterior (referente ao período de agosto/2022 a julho/2023). A disponibilidade interna está prevista em 16,45 milhões de toneladas entre agosto/2023 e julho/2024, avanço de 1,1% frente à anterior. Assim, os estoques finais, em julho/2024, seriam de 1,42 milhão de toneladas. Dados da Bolsa de Rosário demonstram a primeira estimativa da safra da Argentina para este ano, em 16,2 milhões de toneladas, alta representativa frente a 2022. Se confirmada, ainda será a segunda menor em oito anos. No Brasil, a semeadura atingiu quase metade da área destinada ao cereal nesta temporada. A Conab indica que 46,9% das lavouras de trigo do País haviam sido semeadas até o dia 10 de junho, 2,0% acima do registrado no mesmo período de 2022. A semeadura avança no Paraná (75%), no Rio Grande do Sul (12%) e em Santa Catarina (4,6%). No Paraná, especificamente, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicou que, até o dia 12 de junho, a semeadura da nova safra somava 82% da área estimada.

Do total já implantado, 84% estão em desenvolvimento vegetativo; 11%, em germinação, 4%, em floração e apenas 1% está em frutificação. A Emater-RS informou que, no Rio Grande do Sul, a produção do Estado está estimada em 4,55 milhões de toneladas nesta safra, queda de 14% na comparação com o recorde do ano passado (5,28 milhões de toneladas). Isso se deve principalmente à redução da produtividade, que deverá ser de 3,02 toneladas por hectare, 12,65% menor que a de 2022, já que a estimativa da área com o cereal é de apenas 1,52% menor no mesmo comparativo. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires divulgou que, na Argentina, a semeadura atingiu 39,5% da área destinada ao trigo até o dia 14, com avanço de 20% na semana. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que que, até o dia 11 de junho, 8% das lavouras de trigo de inverno norte-americanas haviam sido colhidas, abaixo da média dos últimos cinco anos (9%). Em relação às condições das lavouras, 38% estavam boas/excelentes; 31%, razoáveis; e 31%, ruins/péssimas, leve melhora frente à semana anterior.

Da safra de primavera, 97% foram semeados, acima do registrado no mesmo período do ano passado (92%) e igual à média dos últimos cinco anos. Do total implantado, 90% emergiram. Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra recuo de 0,55% no Rio Grande do Sul e 0,21% no Paraná, com estabilidade em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam alta de 0,79% no Paraná, de 0,75% em São Paulo, de 0,45% no Rio Grande do Sul e de 0,35% em Santa Catarina. As cotações FOB do trigo no Porto de Buenos Aires apresentam baixa de 2,2% nos últimos sete dias, a US$ 354,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2023 do Soft Red Winter registra avanço de 9,2% na Bolsa de Chicago nos últimos sete dias, a US$ 6,88 por bushel (US$ 252,80 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter acumula alta de 5,5% no mesmo período, a US$ 8,42 por bushel (US$ 309,38 por tonelada). As altas estão relacionadas à piora do clima em áreas com lavouras nos Estados Unidos, apesar do avanço da colheita da safra de inverno no país norte-americano.

Além disso, há preocupações relacionadas à renovação do acordo de exportação no Mar Negro, em julho. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de junho, o Brasil havia importado 50,92 mil toneladas de trigo, contra 627,49 mil toneladas em junho de 2022. Os preços de importação do cereal tiveram média de US$ 316,60 por tonelada FOB origem, 18,6% abaixo da registrada no mesmo período de 2022 (US$ 388,90 por tonelada). Quanto às exportações, o Brasil não embarcou o cereal nas duas primeiras semanas deste mês, contra 36,3 mil toneladas em junho do ano passado. Segundo a SovEcon, o volume exportado de trigo da Rússia deverá ser entre 2,8 milhões de toneladas e 3,2 milhões de toneladas neste mês, o triplo na comparação com junho de 2022. De acordo com o USDA, na semana de 8 de junho, foram exportadas 165 mil toneladas de trigo norte-americano da temporada 2023/2024, tendo como principais destinos México, Vietnã e Chile. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.