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16/Mai/2023

M. Dias Branco: resultado do 1º trimestre de 2023

A fabricante de alimentos M. Dias Branco apresentou lucro líquido de R$ 69,9 milhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado é 84,9% maior na comparação com igual período de 2022, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 37,8 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 173,7 milhões, avanço de 95,4% frente aos R$ 88,9 milhões do primeiro trimestre do ano passado. A margem Ebitda ficou em 7%, ante 4,7% de um ano antes, incremento de 2,3 pontos porcentuais. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 1,6 vez, ante 1,4 vez reportada em igual período do ano passado. A receita líquida avançou 31,5% na mesma base comparativa, alcançando R$ 2,486 bilhões, ante R$ 1,89 bilhão do primeiro trimestre de 2022. O resultado foi recorde para o período. O crescimento de dois dígitos da receita é atribuído ao aumento de 22,7% do preço médio dos produtos na comparação anual do período e ao incremento de 7,3% do volume de vendas.

Por região, a maior alta na receita líquida foi observada pela empresa nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, chamada pela companhia de região de ataque, com incremento de 37% nas vendas líquidas. A região de Defesa, formada pelas Regiões Norte e Nordeste, obteve alta de 28% na receita líquida na mesma base comparativa. Do montante total da receita líquida, R$ 47,2 milhões vieram da receita da empresa no exterior, o que inclui exportações e a operação no Uruguai. Sobre a alavancagem, a M. Dias afirmou que a redução do nível de endividamento é reflexo da melhora do resultado operacional, o Ebitda dos últimos 12 meses. Quanto ao avanço do Ebitda, e consequentemente, da margem Ebitda, a companhia diz que é fruto da expansão do preço médio e da manutenção das despesas no nível de 20% da receita líquida. O resultado da M. Dias Branco mostra a tendência de consolidação da empresa iniciada no segundo trimestre do ano passado, após a normalização do consumo de produtos derivados de farinha de trigo.

Os resultados trimestrais foram afetados positivamente pelo aumento de preço médio em todas as categorias, ampliação dos volumes em todas as categorias, exceto em margarinas e gorduras e do crescimento de 116,6% da receita de outras linhas de produtos de maior valor agregado. Foi registrado avanço de 7,3% no volume de vendas no primeiro trimestre deste ano na comparação com igual período do ano passado. O volume vendido pela companhia passou de 375,5 mil toneladas para 402,8 mil toneladas. A maior alta, de 8,6%, foi observada no segmento de biscoitos, de 107,6 mil toneladas para 116,8 mil toneladas. As vendas de massas cresceram 3,5%, de 76,6 mil toneladas para 79,3 mil toneladas. Em relação ao trimestre anterior, quarto trimestre de 2022, as vendas da companhia recuaram, seguindo a tendência de sazonalidade no consumo destes produtos. Apesar do maior volume vendido, a M. Dias diminuiu sua participação de mercado de biscoitos na comparação entre o primeiro trimestre de 2023 e o de 2022, enquanto avançou em massas.

Em biscoitos, sua participação em volume decresceu 0,9%, para 32,6%. No segmento de massas, a participação aumentou 1%, para 31,7%. Em farinha de trigo, a participação de mercado em volume vendido saiu de 8,7% no primeiro trimestre do ano passado para 11,2% no primeiro trimestre deste ano, avanço de 2,5%. Em valor, houve crescimento anual de participação de mercado nas três categorias (massas, biscoitos e farinha). A M. Dias manteve a liderança no mercado nacional em massas e biscoitos no período. O preço médio de todas as categorias aumentou 22,7% na comparação anual dos trimestres, para R$ 6,20 por quilo. Em biscoitos, o incremento no preço médio dos produtos foi de 23,9%. Em massas, de 24,8%. Em farinha e farelo, de 18,2%, e em margarinas e gorduras, 2,9%. O preço médio de outras linhas de produtos (bolos, snacks, mistura para bolo, torradas, produtos saudáveis, molhos e tempero) aumentou 22,3% entre o primeiro trimestre do ano passado e o deste ano.

Acompanhando o aumento no volume de vendas, a produção passou de 564,1 mil toneladas no primeiro trimestre de 2022 para 596,2 mil toneladas processadas no primeiro trimestre deste ano. A capacidade total de produção foi ajustada de 1,093 milhão de toneladas para 1,075 milhão de toneladas. O nível de utilização da capacidade total de produção subiu 3,9%, de 51,6% para 55,5%. Ainda como fatos relevantes do primeiro trimestre deste ano, a companhia destacou a manutenção da elevada verticalização dos dois principais insumos: farinha de trigo e gordura vegetal em, respectivamente, 99,8% e 100%. No período, a empresa investiu R$ 45,2 milhões, 10% abaixo do valor investido em igual intervalo de 2022. Os principais aportes foram investimentos para expansão e manutenção, distribuídos em máquinas e equipamentos, obras civis e sobretudo em sistemas. O resultado obtido pela M. Dias Branco no primeiro trimestre deste ano, de alta de 85% no lucro líquido e receita líquida recorde com avanço de 31,5%, foi considerado muito bom.

Houve aumento de lucro, aumento de receita, maior geração de caixa, preço médio maior e aumento na participação de mercado em valor em todas as categorias. O lucro líquido não só superou o obtido em igual trimestre do ano passado em 85%, como foi 351% maior na comparação com o quarto trimestre de 2022. Quanto à receita, que foi recorde, de R$ 2,486 bilhões, foi obtida pela melhora dos dois principais indicadores: o preço médio, que subiu 23%, e o volume de vendas, que aumentou 7%. O preço médio aumentou por meio de uma série de iniciativas pelos repasses feitos ao preço final dos produtos ao longo de 2022 e pelos lançamentos e marcas adquiridas que trouxeram itens com maior valor agregado, tanto em preço quanto em margem de rentabilidade. Os volumes vendidos cresceram tanto em massas quanto em biscoitos e a nossa participação de mercado foi maior em todas as categorias. A margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do trimestre de 7%, contudo, encerrou o mês de março em 13% ante 6,8% reportada em fevereiro e 2,1% negativa em janeiro. Dado que o preço do trigo e do óleo de palma está caindo, não dá para criar expectativa de que a margem continuará em 7%.

Sobre a alavancagem, que saiu de 1,4 vez negativa no primeiro trimestre de 2022 para 1,6 vez negativa no primeiro trimestre de 2023, em cenário de taxa Selic a 13,75% ao ano, a redução do indicador é relevante. A expectativa é a de que continue a redução até o fim do ano, porque a receita está subindo, o Ebitda está dentro do esperado e, com isso, diminui a dívida e aumenta a geração de caixa. A média histórica da alavancagem da companhia é de 1 vez. Apesar de ser um trimestre sazonalmente de consumo mais fraco para derivados de trigo, em virtude das férias escolares e do verão, as vendas da M. Dias Branco cresceram 7,3% em volume na comparação anual. Janeiro e fevereiro foi um bimestre em linha do ponto de vista de demanda e comportamento de janeiro. A partir de fevereiro, vimos a retomada da demanda nas compras dos varejistas. Observou-se, nos últimos anos, principalmente 2020 e 2021, as principais variáveis do mercado e da empresa se comportando de forma diferente em relação ao histórico: custo disparando, Real desvalorizado, repasses feitos pela indústria e, nisso, houve perda parte de volume e market share.

A empresa adotou uma agenda de recuperação ao longo de 2021 e 2022. As variáveis voltaram a se comportar de forma mais próxima do histórico. São mercados maduros, nos quais não deveria haver tanta volatilidade em preço, volume, margem e lucro. Agora, há uma normalização da demanda e, com isso, a escala e abrangência nacional da empresa voltam a fazer diferença (para ganhar participação de mercado). O aumento da participação de mercado da empresa é fruto da estratégia de negócios adotada pela companhia, que prevê crescimento do negócio com aceleração na área de ataque e defesa da posição de market share. Além disso, a estratégia é escalar as novas categorias e acelerar o processo de internacionalização. É isso o que vem sendo feito. A receita cresceu em todas as categorias e dobrou nas outras categorias. É resultado da estratégia que está em curso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.