11/Abr/2023

Nos últimos meses, observou-se um aumento repentino nos preços do macarrão instantâneo. Nos supermercados, o produto passou de R$ 0,90 por pacote para quase R$ 3,00 por pacote. Item essencial na cesta básica de muitos brasileiros, o macarrão instantâneo teve um salto de preço em 2022 no Brasil. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o produto teve alta acumulada em 12 meses de quase 25% até fevereiro deste ano. O resultado é cinco vezes maior do que o patamar do IPCA, que fechou o segundo mês do ano em 5,6% anuais, mantendo trajetória de estabilização nos últimos meses. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o macarrão instantâneo passou a fazer parte do IPCA desde a última atualização da estrutura de ponderação do índice, em 2020.

Essas atualizações são feitas com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, que é quinquenal. Antes disso, o IPCA não pesquisava os preços desse produto. A primeira marca do segmento chegou ao mercado brasileiro em 1965, então pelas mãos da Miojo (que pertencia à Ajinomoto). Hoje, o negócio, que na cabeça de muitos consumidores se mistura ao próprio nome do produto, pertence à Nissin. Para a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), como o Brasil precisa importar mais da metade da quantidade de trigo necessária para atender à demanda do mercado local, produtos como o macarrão instantâneo ficam sujeitos à variação do dólar. Cerca de 70% do custo do alimento vem da farinha. Qualquer variação no preço do trigo tem impacto direto para os fabricantes.

Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia, que respondem, juntas, por 30% das exportações mundiais de trigo, também tem afetado a cadeia produtiva de alimentos. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV) o que explica o aumento mais forte do preço do macarrão instantâneo perante outros alimentos, como o macarrão comum, também é a questão climática. Os custos com grãos subiram muito em 2020 por causa do La Niña. Isso afetou também o custo da proteína animal. Ainda há problemas de seca na Região Sul. Para este ano, deve haver maior estabilidade de preços daqui para frente. Com uma safra recorde, pode até mesmo ocorrer uma redução de preços, começando pelos alimentos in natura. Mas, os industrializados podem demorar entre seis e nove meses para apresentar esse repasse. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.