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21/Mar/2023

M. Dias Branco: resultado do 4º trimestre de 2022

A fabricante de alimentos M. Dias Branco apresentou lucro líquido de R$ 15,5 milhões no quarto trimestre deste ano. O resultado é 89,7% menor na comparação com igual período de 2021, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 151,1 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 121,3 milhões, recuo de 33,6% frente ao quarto trimestre do ano anterior. A margem Ebitda ficou em 4,4%, ante 8,4% de um ano antes. A receita líquida avançou 27,7% na mesma base comparativa, alcançando R$ 2,76 bilhões, ante R$ 2,16 bilhões do quarto trimestre de 2021. Em comunicado para a imprensa e investidores, a empresa destacou que no trimestre o volume de vendas ficou praticamente estável enquanto o preço médio subiu 27,4%. No ano, a receita da M.Dias Branco atingiu o recorde de R$ 10,13 bilhões, 29,6% maior do que em 2021. O lucro líquido da empresa em 2022 foi de R$ 481,8 milhões, queda de 4,6% na mesma base de comparação.

O Ebitda totalizou R$ 900,4 milhões em 2022, crescimento de 31,7% ante o ano anterior, com margem Ebitda de 8,9%, 0,1% acima de 2021. O aumento da receita no ano foi fruto do aumento de 28,5% do preço médio e de 0,9% dos volumes. A empresa destacou o crescimento de dois dígitos em todas as categorias e em todas as regiões do País, fechando o ano com participação de mercado superior à registrada em 2021 em biscoitos, massas e farinha de trigo doméstica. Por região, a maior alta na receita líquida no quarto trimestre foi observada pela empresa no Norte e Nordeste, chamada pela companhia de região de Defesa, de 28%. Nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, chamada pela companhia de região de ataque, o incremento foi de 27% na mesma base de comparação. As vendas externas tiveram alta de 36% na comparação entre o quarto trimestre de 2022 e 2021. No ano, a receita líquida cresceu 30% nas regiões de Ataque e Defesa, enquanto na exportação o incremento foi de 4%. Houve avanço de 0,3% no volume de vendas de seus produtos no quarto trimestre deste ano na comparação com igual período do ano passado.

O volume vendido pela companhia passou de 439,9 mil toneladas para 441,3 mil toneladas. A maior alta, de 88,4%, para 8,1 mil toneladas, foi observada no segmento de outras linhas de produtos (bolos, snacks, mistura para bolo, torradas, produtos saudáveis, molhos e temperos). Entre os segmentos mais tradicionais, o destaque foi farinha e farelo, com aumento de 11,4%, de 171,3 mil para 190,8 mil toneladas. O volume de vendas de massas caiu 9,4%, e o de biscoitos, 9,1%. No ano, o crescimento em volume de outras linhas de produtos ficou em 37,1%, o de farinhas e farelos, em 4,0%, e o de biscoitos, em 0,2%, enquanto massas teve queda de 4,2% e margarinas e gorduras, de 5,8%. A companhia encerrou o quarto trimestre com participação de mercado em volume de 32,8% em biscoitos, ante 32,5% um ano antes. Em massas, sua participação em volume subiu 1,1 ponto porcentual, para 31,1%. Em farinha, o market share em volume aumentou de 6,6% para 10,8% na mesma base de comparação.

Em valor, também houve crescimento anual de participação de mercado nas três categorias - massas, biscoitos e farinha. No quarto trimestre, o preço médio de todas as categorias aumentou 27,4% na comparação com igual período de 2021, para R$ 6,27 por Kg. Em biscoitos, o incremento no preço médio dos produtos foi de 32,4%. Em massas, o aumento atingiu 32%. Em farinha e farelo, foi de 33,2%, em margarinas e gorduras, 14,6%, e, em outras linhas de produtos, de 36,19%. A produção da M. Dias passou de 641,9 mil toneladas no quarto trimestre de 2021 para 618,1 mil toneladas nos últimos três meses de 2022. No ano, a produção atingiu 2,612 milhões de toneladas, ante 2,596 milhões de toneladas em 2021. O nível de utilização da capacidade instalada atingiu 56,7% no quarto trimestre e 59,3% em 2021. O ano de 2022 foi muito positivo para a companhia. Houve receita recorde (R$ 10 bilhões, +30% ante 2021), que veio de aumento de preço médio e dos volumes, ganhando market share.

O resultado (bottom line) foi impactado pela alta dos custos, porque isso não controlamos. É possível postergar ou mitigar através de estoque das commodities e de hedge, mas é impossível anular o impacto. De alguma forma os resultados foram impactados pela alta dos custos, mas as despesas foram bem controladas e o Ebitda subiu 32%. O lucro líquido da empresa caiu 4,6% em 2022, para R$ 481,8 milhões. Além do aumento de volumes vendidos, houve aumento do preço médio de venda em 2022. Essa alta de preço médio vem principalmente dos ajustes que foram feitos para compensar a alta das commodities e a desvalorização do Real, uma readequação das embalagens para deixar os produtos mais acessíveis e a melhora do mix que vem em função das inovações, ou seja, dos lançamentos de produtos com maior valor agregado, e das aquisições, que trouxeram produtos de maior valor agregado para o portfólio.

É destaque o aumento de participação de mercado nas principais categorias onde a empresa atua, biscoitos, massas e farinha de trigo, e o fato de que três das suas principais marcas, Piraquê, Adria e Finna, tiveram incremento de market share. Os custos subiram em 2022 versus 2021, uma alta de 31%, principalmente em função da alta dos preços do trigo e óleo de palma em dólar. Naquele momento em que houve o início da guerra, os preços dispararam, e isso acabou impactando o mercado inteiro. A empresa cortou despesas e fez economias com redesenho organizacional nos últimos anos que seguem influenciando o resultado. Foi possível, nos últimos anos, reduzir as despesas como percentual da receita líquida de 26% para 20%, e está mantendo os 20%. Para 2023, a empresa tem “otimismo realista” sobre possíveis quedas dos preços das matérias-primas trigo e óleo de palma. Já se observa uma redução no trigo. As commodities, mesmo ainda com a guerra, deram uma arrefecida importante. Com o crescimento do Ebitda e da receita em 2022 e custos em queda, a tendência é um ano de 2023 melhor.

Do lado do consumo interno, janeiro e fevereiro não costumam ser meses tão bons para M. Dias Branco, mas março foi mais forte do que do que a companhia esperava. Este ano demonstra que será melhor do que 2022. Quanto a novas aquisições, a empresa está atenta ao mercado. Se não aparecerem grandes oportunidades que sejam verdadeiramente importantes para a M. Dias, este deverá ser um ano de menos aquisição e mais integração. A M. Dias adquiriu três empresas em menos de 18 meses. Agora, precisa agora olhar um pouco mais para dentro, integrar essas companhias na rede de distribuição, colocar a força de vendas para vender esses produtos para ‘escalar’ essas companhias o quanto antes. A M. Dias Branco atribuiu ainda a queda do lucro líquido no quarto trimestre, de 89,7%, para R$ 15,5 milhões, a maiores despesas financeiras sobre endividamento devido ao aumento dos juros (CDI). O aumento da receita do trimestre, de 27,7%, se deveu à elevação do preço médio dos produtos e maiores volumes na comparação com igual período do ano anterior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.