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28/Fev/2023

Tendência de queda nos preços com a maior oferta

O fraco ritmo de negócios envolvendo o trigo, que vem sendo verificado desde o início deste ano, foi reforçado ao longo da última semana, que foi mais curta por conta do recesso de Carnaval. Alguns agentes de moinhos sinalizam estar abastecidos, enquanto outros relatam que a demanda atual por derivados está baixa, o que limita o interesse em negociar a matéria-prima. Do lado vendedor, muitos estão disponibilizando novos lotes do spot nacional, devido à necessidade de liberar espaço para armazenagem da safra de verão (1ª safra 2022/2023). Diante disso, a oferta está se sobressaindo, cenário que vem resultando em queda nos preços do trigo em grão em parte das regiões. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresenta leve alta de 0,94% no Paraná e 0,54% em Santa Catarina, com queda de 0,23% no Rio Grande do Sul.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços registram recuo de 1,18% em Santa Catarina, 0,98% no Paraná e 0,20% em São Paulo, mas avanço de 0,71% no Rio Grande do Sul. No geral, agentes de indústrias nacionais buscam se estocar, diante de preocupações com a safra da Argentina. O país vizinho teve perdas expressivas na temporada de 2022 e, com isso, redução nos excedentes exportáveis. A colheita brasileira em 2022, por sua vez, foi recorde, ultrapassando 10,5 milhões de toneladas, o que contribuiu para que a disponibilidade interna ficasse superior a 17 milhões de toneladas, caso as importações ainda fiquem próximas de 6 milhões de toneladas. Ressalta-se que, do lado da demanda por derivados, verifica-se certo desaquecimento. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre produção física industrial, a moagem de trigo e a fabricação de derivados caiu 0,9% em 2022 frente ao ano anterior.

Enquanto isso, as exportações seguem em bom ritmo. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 350,8 mil toneladas até a terceira semana de fevereiro, contra 820,2 mil toneladas em todo o mesmo mês do ano passado. Os preços de exportação registram média de US$ 317,30 por tonelada FOB porto na parcial deste mês, 6,6% acima dos verificados em fevereiro de 2022 (US$ 297,70 por tonelada). Quanto às importações, o Brasil adquiriu 236,6 mil toneladas de trigo até a terceira semana de fevereiro, contra 498,7 mil toneladas em todo o mês de fevereiro de 2022. Os preços de importação registram média de US$ 359,60 por tonelada FOB origem, 26,7% acima dos verificados no mesmo período de 2022 (US$ 283,90 por tonelada). Nos Estados Unidos, o contrato Março/2023 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago registra forte queda de 7,5% nos últimos sete dias, a US$ 7,08 por bushel (US$ 260,24 por tonelada), o menor patamar para um primeiro vencimento neste ano.

Na Bolsa de Kansas, o contrato Março/2023 do trigo Hard Winter tem expressiva baixa de 7,1% no mesmo período, a US$ 8,41 por bushel (US$ 309,29 por tonelada), o menor de fevereiro deste ano. O recuo está relacionado à valorização da moeda norte-americana, que desfavorece as exportações dos Estados Unidos, à ocorrência de chuvas em lavouras norte-americanas, às informações de boa condição da safra na França e ao menor preço do trigo russo. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na semana de 16 de fevereiro, foram exportadas 338,8 mil toneladas de trigo norte-americano, quantidade 62% maior que na semana anterior. Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram Filipinas (105 mil toneladas), México (69 mil toneladas) e China (68,3 mil toneladas).

No Fórum Anual de Perspectivas Agrícolas realizado na semana passada, o USDA indicou que a produção de trigo dos Estados Unidos foi de 44,9 milhões de toneladas na temporada 2022/2023. Para a nova safra, 2023/2024, as estimativas apontam aumentos de 14,3% na área, superando 20 milhões de hectares, e de 5,8% na produtividade. Com isso, a expectativa é de que a produção de 2023/2024 chegue a 51,3 milhões de toneladas. Na Rússia, a SovEcon reduziu em 300 mil toneladas a expectativa de exportação do país neste mês, que pode totalizar 3,4 milhões de toneladas. Apesar disso, ainda se trata de volume maior que o da média dos últimos cinco anos (2,5 milhões de toneladas). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires apresentam recuo de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 357,00 por tonelada, o menor valor deste ano. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.