27/Fev/2023
A movimentação de trigo no mercado interno foi pontual na semana passada. O feriado prolongado de Carnaval e a retração de agentes resultaram em um mercado praticamente travado. Moinhos locais estão com estoque alongados. Os vendedores comercializam pouco, na medida da necessidade. Sem pressão de oferta e sem demanda, a negociação fraca tem sido uma tônica dos últimos dias. No Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, apenas lotes pontuais rodam. A Solo Corretora estima que 68% da safra do Estado, projetada em 5,8 milhões de toneladas, já tenha sido comercializada, o que faz com o mercado fique estagnado. O produtor está mais reticente em fazer novas vendas em virtude da estiagem. Ele está segurando a negociação de todos os ativos (soja, milho e trigo) e vende somente conforme a necessidade em um plano de contingência.
Como o produtor já vendeu bastante trigo e com isso já cumpriu seus compromissos, agora tem o volume de 30% para vender lentamente até a próxima colheita. Contudo, uma eventual disparada de preços poderia atrair os produtores a efetivar novos contratos, mas as cotações vêm se mantendo estáveis no Estado. No total, 3,980 milhões de toneladas do cereal do Rio Grande do Sul já foram vendidas, sendo 2,2 milhões de toneladas para exportação e 300 mil toneladas para moinhos das Regiões Norte e Nordeste via cabotagem. O restante foi comprometido para indústria moageira. No momento, os moinhos locais estão abastecidos, majoritariamente, até o fim de março. Os moinhos do Paraná que têm buscado o cereal no Rio Grande do Sul pela qualidade superior nesta safra veem suas ofertas serem afetadas pelos elevados preços de frete por causa do escoamento da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e por isso participam pouco do mercado.
A indicação de compra é de R$ 1.430,00 por tonelada FOB interior, com retirada em março e pagamento em abril. Para moinhos das Regiões Norte e Nordeste, via cabotagem, cargas pontuais saem por cerca de R$ 1.600,00 por tonelada CIF Porto de Rio Grande (RS), com entrega em março e pagamento sobre rodas. valor que retirando o custo do frete fica praticamente inalterado ante à proposta de moinho local. Os vendedores indicam em torno de R$ 1.450,00 por tonelada em lotes pontuais, mas não possuem grandes volumes disponíveis porque os produtores estão segurando. O mercado está bem ajustado. Não foi observada a chegada de cereal importado na região, mas negócios de cereal estão sendo fechados para entrada no mercado em meados de março e abril. Alguns moinhos buscam trigo argentino com glúten mais elevado para farinhas específicas, como para fabricação de pão congelado e de massa fresca, mas as cargas ainda não aportaram.
No Paraná, na região dos Campos Gerais, o ritmo dos negócios também é lento. Os vendedores indicam valores maiores para cargas do tipo 1 (qualidade superior, tipo pão) já que há baixa oferta do cereal disponível, enquanto os compradores estão bem abastecidos com cereal de tipo 2 e 3. Acordos são pontuais na região. Os valores pagos pelo cereal nos Campos Gerais permanecem inalterados. Os moinhos indicam R$ 1.650,00 por tonelada CIF, para entrega imediata e pagamento no fim de março. Os vendedores indicam R$ 1.700,00 por tonelada FOB. Os vendedores ainda possuem cereal disponível para comercialização, mas tendem a priorizar as vendas de soja e milho neste momento. O cereal do Rio Grande do Sul chega em moinho da região dos Campos Gerais entre R$ 1.680,00 e R$ 1.700,00 por tonelada tipo 1, para entrega imediata e pagamento em 30 dias. Não há registros na região de negociação antecipada para entrega futura envolvendo cereal da próxima safra.
Quanto ao mercado externo, o Brasil importou 439,705 mil toneladas de trigo em janeiro, com desembolso de US$ 156,638 milhões, de acordo com dados do Agrostat (sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro) divulgados na quinta-feira (23/02). Do volume total, 311,522 mil toneladas foram de cereal argentino. A maior parte deste volume é referente a contratos fechados nos últimos meses do ano passado, com embarques programados para ocorrer durante a janela de exportação argentina (dezembro a março), segundo operadores que trabalham com importação do cereal. Na comparação com o montante adquirido pelo País em igual mês do ano passado, de 501,650 mil toneladas, o volume foi 12,3% menor. A queda deve-se em parte à maior oferta local de cereal, após safra recorde colhida no ano passado, e ao baixo volume de moagem da indústria em meio ao arrefecimento do consumo.
O valor desembolsado com as compras do cereal foi 13,19% superior em relação aos US$ 138,383 milhões gastos em janeiro do ano passado. O preço médio do trigo importado avançou 29,1%, passando de US$ 275,86 por tonelada em janeiro de 2022 para US$ 356,23 por tonelada em janeiro de 2023, números que refletem a valorização do dólar ante o Real na comparação com igual mês do ano passado. As vendas cadenciadas do cereal se refletiram nas exportações mensais do Brasil. Em janeiro, o País exportou 4,2% menos de trigo que em janeiro de 2022, no total de 561,519 mil toneladas ante 586,393 mil toneladas vendidas ao exterior em igual período do ano passado. A receita gerada com as vendas externas foi de US$ 181,936 milhões em janeiro deste ano, avanço de 5,3% em relação aos US$ 172,826 milhões registrados em janeiro de 2022. O principal destino do cereal nacional no mês foi a Indonésia, com 199,51 mil toneladas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.