14/Fev/2023
O volume de trigo colhido no Brasil em 2022 superou 10 milhões de toneladas, um recorde. Agora, estimativas oficiais indicam produção recorde na temporada mundial 2022/2023. Apesar disso, o consumo global segue acima da produção da temporada, e os estoques finais continuam os mais baixos desde a safra 2016/2017. No Brasil, em relatório divulgado neste mês, a Conab indicou que a colheita da safra de 2022, portanto, já encerrada, somou 10,5 milhões de toneladas, expressiva alta de 37,4% frente à temporada de 2021 e um recorde. A produtividade esteve 22% maior que a da safra anterior, indo para 3,4 toneladas/hectare. A área colhida foi mantida em 3,08 milhões de hectares, elevação de 12,7% no mesmo comparativo. A expectativa do volume importado foi novamente reduzida, passando de 6 milhões de toneladas para 5,8 milhões de toneladas de agosto/2022 a julho/2023, 4,6% menor que na temporada passada. Com a maior produção nacional, a disponibilidade interna foi elevada e está prevista em 17,1 milhões de toneladas, e o consumo doméstico, em 12,4 milhões de toneladas.
A exportação está estimada em 3,1 milhões de toneladas (agosto/2022 a julho/2023). Assim, o estoque final foi reajustado positivamente, para 1,5 milhão de toneladas em julho/2023. Em termos globais, o USDA elevou a produção mundial, o consumo e os estoques finais da safra 2022/2023 entre os relatórios de janeiro e fevereiro. A produção mundial é estimada em 783,8 milhões de toneladas, 0,6% acima dos da temporada passada. Na comparação com a temporada passada, as altas mais expressivas da produção seguem sendo da Rússia e do Canadá, com aumentos de 16,8 milhões de toneladas e de 11,4 milhões de toneladas, respectivamente. Apesar disso, ocorreram quedas expressivas na Ucrânia, na Argentina e na Índia. A estimativa de consumo mundial é de 791,1 milhões de toneladas, 0,2% menor que a da safra 2021/2022, e inferior à produção global. Os estoques de passagem foram previstos em 269,3 milhões de toneladas, avanço de 0,4% no mês, mas ainda são os menores dos últimos seis anos.
Para as exportações da safra 2022/2023, o USDA prevê volume de 211,4 milhões de toneladas, 0,9% acima do relatório de janeiro e 3,0% maior que na safra anterior. Apesar da redução mensal do Canadá, houve alta nos volumes da Austrália, União Europeia, Rússia e Ucrânia. Já frente à safra 2022/2023, as reduções expressivas são estimadas para os embarques da Argentina (-10 milhões de toneladas), Índia (-8 milhões de toneladas) e Ucrânia (-5,3 milhões de toneladas). No Brasil, as negociações de trigo continuam lentas, com baixo interesse de compra por moinhos, que têm expectativa de maiores quedas de preços com a entrada mais intensa da safra de verão, que necessitará de espaço para armazenagem. Nos últimos sete dias, o valor pago ao produtor recuou 0,6% no Paraná e 0,1% em Santa Catarina, mas houve elevação de 0,8% no Rio Grande do Sul.
No mercado de lotes (negociações entre empresas), as baixas foram de 1,6% no Rio Grande do Sul, de 1,1% em Santa Catarina e de 0,9% em São Paulo. No Paraná, houve alta de 0,4%. No mesmo período, o dólar avançou 1,6%, para R$ 5,223. Nos Estados Unidos, nos últimos sete dias, o contrato Março/2023 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago (CME Group) subiu 3,9%, para US$ 7,86/bushel (US$ 288,81 a tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Março/2023 do trigo Hard Winter avançou 4,1% no mesmo período, para US$ 9,09/bushel (US$ 334,00 a tonelada). A alta ocorreu após a intensificação de ataques da Rússia em território ucraniano, ambos países importantes na produção de trigo. Na Argentina, no mesmo período, as cotações FOB porto de Buenos Aires recuaram 2,1%, para US$ 365,00 a tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.