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30/Jan/2023

Preço do trigo recua e mercado tem baixa liquidez

O mercado interno de trigo segue com baixa liquidez. Apenas pequenos volumes são comercializados nas principais regiões produtoras. A fraca movimentação deve-se à retração dos moinhos da mesa de negócios. Os exportadores demandam novos lotes do cereal nacional, mas a preços pouco atrativos para os vendedores. No Rio Grande do Sul, o mercado permanece estagnado com a logística comprometida com os embarques de milho e moinhos abastecidos para a menor demanda do período. Janeiro e fevereiro são, sazonalmente, meses de menor consumo com férias escolares, férias coletivas e Carnaval. Deve haver retomada real da atividade moageira a partir de março. A indústria considera que há uma safra volumosa no Estado para ser absorvida, em meio ao custo elevado de capital para armazenamento do cereal ou de farinha.

A indústria não está ativa porque sabe que tem trigo e, além disso, a competitividade da exportação diminuiu. No Estado, os moinhos indicam em média R$ 1.450,00 por tonelada no FOB para retirada imediata ou em fevereiro; R$ 1.500,00 por tonelada FOB para retirada em março; e R$ 1.550,00 por tonelada para retirada em abril. Os valores pagos pelo cereal se mantêm estáveis nos últimos sete dias. Os vendedores indicam R$ 1.500,00 por tonelada no spot. Não há grande distância entre o valor pago e o pedido numericamente, mas trata-se, sobretudo, de uma questão de mercado e demanda. Negócios pontuais rodam, mas em menor volume. Os pequenos contratos firmados partem de indústrias com necessidade de lotes específicos para abastecimento imediato ou de condições específicas de qualidade ou características especiais para produção de farinha premium.

Na exportação, os compradores indicam em média R$ 1.510,00 por tonelada CIF Porto de Rio Grande (RS), para entrega em fevereiro. Considerando frete em média de R$ 130,00 por tonelada saindo do interior com destino ao porto, as ofertas para mercado externo ficam menos atrativas que os valores pagos pelo mercado interno e, dessa forma, não atendem ao desejado pelos vendedores. Há dois fatores que pesam sobre a competitividade das exportações. Um deles é o câmbio, na casa dos R$ 5,10, que desfavorece os cálculos. Outro é a entrada atrasada da Rússia no mercado, aumentando a oferta global e prejudicando as exportações do Brasil. A Rússia ficou de fora do mercado de fevereiro até agosto do ano passado e quanto retornou precisou escoar 30 milhões de toneladas, o que pressionou o mercado global e está gerando efeitos até neste momento com Argélia, Nigéria e Egito adquirindo lotes russos.

Do lado do produtor, há também pouco interesse em se desfazer de lotes nos valores atuais em virtude da perspectiva de aumento das cotações já a partir do próximo mês, com a quebra na safra da Argentina e acentuação da alta na entressafra. O mercado deve subir R$ 200,00 por tonelada no fim de fevereiro e chegar em R$ 1.800,00 por tonelada a partir de março. Em abril e maio, os valores devem subir conforme for o escoamento da safra de soja e o excedente da safra argentina de trigo, o que fará importadores buscarem maior volume local. No Paraná, na região dos Campos Gerais, o mercado está praticamente travado. Na região de Ponta Grossa, os moinhos indicam em média R$ 1.650,00 por tonelada posto moinho com entrega imediata para cereal tipo 1, mas os vendedores pedem de R$ 1.780,00 a R$ 1.850,00 por tonelada FOB, o que limita a efetivação de novos acordos. Saem apenas negócios pontuais.

Os preços estão desanimadores para os vendedores. Além disso, a maioria dos moinhos estão com estoques comprados para fevereiro e março e agora estão carregando o que adquiriram anteriormente. Os produtores que ainda detém trigo tipo 1, o chamado tipo pão, tendem a segurar o cereal na tentativa de buscar preços mais altos na entressafra. De qualidade inferior, como o tipo 3, giraram lotes na região a R$ 1.300,00 por tonelada. Nos Campos Gerais, de 70% a 80% do trigo colhido é do tipo 2 e 3, em virtude dos períodos prolongados de chuva no desenvolvimento das lavouras. Na região, os preços do cereal cederam cerca de R$ 50,00 por tonelada ante a semana anterior. O recuo ocorre com a entrada de volume expressivo da safra do Rio Grande do Sul no mercado. Os moinhos do Paraná compraram bons volumes de trigo do Rio Grande do Sul a R$ 1.450,00 por tonelada, apesar do frete mais elevado. No Rio Grande do Sul, a qualidade está homogênea, o que é um bom diferencial. No Paraná, a qualidade foi prejudicada por muita chuva. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.