ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

24/Jan/2023

Tendência de baixa dos preços domésticos do trigo

As cotações domésticas do trigo em grão seguem em baixa no Brasil nos últimos dias, pressionadas pela posição retraída de compradores, que apontam ter estoques para as próximas semanas. Esses agentes esperam preços mais baixos para efetuarem novas aquisições, fundamentados na safra brasileira recorde. Além disso, os moinhos do País têm enfrentado dificuldades em vender os subprodutos do cereal, devido à baixa demanda. No entanto, representantes desses moinhos esperam aumento na procura por derivados a partir de fevereiro. O movimento de baixa dos preços é limitado pela valorização de 2,14% do dólar frente ao Real entre os dias 13 e 20 de janeiro e pela baixa produção de trigo na Argentina, o que se deve às condições climáticas desfavoráveis às lavouras do cereal no país vizinho na temporada 2022/2023. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a Argentina colheu 12,4 milhões de toneladas de trigo nesta safra, queda de expressivos 44,64% em relação à 2021/2022.

Com isso, as cotações do trigo FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 1,9% nos últimos sete dias, a US$ 377,00 por tonelada. O produto nacional está mais atrativo às indústrias domésticas comparativamente ao cereal estrangeiro. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na segunda semana de janeiro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 373,48 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar até o dia 13 de janeiro, o cereal importado era negociado a R$ 1.941,32 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média mensal de R$ 1.698,97 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 350,56 por tonelada na segunda semana, o equivalente a R$ 1.822,20 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.493,27 por tonelada na média do Estado. Nos últimos sete dias, os preços do trigo no mercado de lotes (negociações entre empresas) apresentam queda de 1,22% do Rio Grande do Sul e 0,29% em São Paulo.

No Paraná e em Santa Catarina, entretanto, os preços mostram avanço de respectivos 0,64% e 0,79% no mesmo comparativo. Quanto ao mercado de balcão (preço pago ao produtor), as cotações registram recuo de 0,67% no Rio Grande do Sul e de 0,36% no Paraná. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de janeiro, as importações de trigo tiveram média diária de 22,45 mil toneladas, contra 23,88 mil toneladas no mesmo mês de 2022, redução de 6%. Os preços de importação registraram média de US$ 351,48 por tonelada FOB origem nesta parcial do mês, 27,4% acima dos verificados no mesmo período de 2022 (US$ 275,86 por tonelada). Por outro lado, a depreciação do Real e a baixa oferta na Argentina atraíram importadores para o Brasil. Até a segunda semana de janeiro, o Brasil exportou média diária de 31,37 mil toneladas de trigo, contra 27,92 mil toneladas no mesmo mês de 2022, aumento de 12,33%. Os preços de exportação tiveram média de US$ 326,10 por tonelada FOB origem, 10,6% acima dos verificados em janeiro de 2022 (US$ 294,73 por tonelada).

Na Bolsa de Chicago, os futuros iniciaram a semana passada em alta, impulsionados pelos maiores preços do milho (os dois grãos tendem a ter comportamentos semelhantes porque são substitutos na ração). As declarações do presidente russo sobre a possibilidade de limitar algumas exportações para manter as reservas de alimentos no país, que é o maior exportador de trigo do mundo, também deram suporte às cotações. No entanto, no dia 19 de janeiro, a percepção de que os preços do grão norte-americano não estão competitivos no mercado internacional limitou os avanços. Com isso, o contrato Março/2023 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 7,41 por bushel (US$ 272,45 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, porém, o vencimento Março/2023 do trigo Hard Winter apresenta avanço de 0,5% no mesmo período, a US$ 8,48 por bushel (US$ 311,59 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.