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23/Jan/2023

Brasil reduziu suas importações de trigo em 2022

Com a safra recorde de trigo, o Brasil importou no ano passado o menor volume do cereal desde 2015, no total de 5,716 milhões de toneladas. Já as exportações cresceram 172% em 2022 ante o ano anterior, para 3,073 milhões de toneladas, volume recorde. Os números confirmam a tendência esperada pelo mercado em meio à maior disponibilidade interna de cereal após duas colheitas crescentes e de os países importadores buscarem diversificar suas origens em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia. Apesar da exportação recorde, o País ainda necessita trazer de fora cerca de metade do volume consumido anualmente pela indústria moageira. Na comparação com o volume adquirido pelo País no ano anterior, de 6,224 milhões de toneladas, a importação foi 8% menor, refletindo a maior produção interna do cereal. O recuo nas importações do Brasil no ano passado se deve, especialmente, aos efeitos da guerra no Leste Europeu no mercado externo, o que fez com que países consumidores de trigo russo buscassem maior volume na Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil.

A Argentina se tornou uma alternativa importante para o mundo. Nessa conjuntura, o Brasil disputava trigo argentino com esses países, que, inclusive, pagavam mais pelo cereal argentino. Portanto, ficou caro para a indústria buscar o produto, o que inclui questões cambiais. Foi um cenário em que as indústrias brasileiras buscaram menos trigo no mercado externo e trabalharam mais com o cereal doméstico. Em contrapartida, o valor desembolsado com as compras do cereal foi 22,9% superior, para US$ 2,050 bilhões em relação aos US$ 1,668 bilhão gasto em 2021. O preço médio do trigo importado avançou 33,78%, passando de US$ 268,06 por tonelada em 2021 para US$ 358,60 por tonelada no último ano, números que refletem a valorização do cereal no mercado externo após a crise no abastecimento mundial do cereal com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Do volume total importado no ano passado, 4,454 milhões de toneladas foram de cereal argentino.

Na sequência, consta o cereal dos Estados Unidos (328,597 mil toneladas), do Paraguai (321,793 mil toneladas) e da Rússia (305,779 mil toneladas) como as três principais origens. O Brasil importa anualmente cerca de 50% a 60% do volume consumido internamente de trigo, de aproximadamente 12 milhões de toneladas. Em 2022, o Brasil bateu o recorde de exportações pelo segundo ano consecutivo. No ano, 3,073 milhões de toneladas de trigo brasileiro foram exportadas, com geração de receita de US$ 967,298 milhões. O volume foi 172% maior ao exportado no ano anterior (1,129 milhão de toneladas) e a receita avançou 240,6% na mesma comparação ante US$ 283,998 gerados em 2021. O preço médio do cereal exportado no ano passado foi de US$ 314,80 por tonelada ante US$ 251,48 por tonelada em 2021, alta de 25%. Foram números ótimos para o setor, que mostram que, além de ser importante para o ciclo dos grãos de verão, o trigo é possível ser uma cultura lucrativa e para exportação.

Além disso, foi uma safra com excelente qualidade. Há crescimento das exportações brasileiras desde a safra 2021/2022, especificamente a partir de meados de outubro de 2021. Todo cenário internacional de demanda firme por trigo e guerra na Ucrânia contribuiu para o trigo do Rio Grande do Sul ficar interessante para exportação e a ter maior demanda pelo cereal nacional, que se tornou uma alternativa viável em meio às sanções aos produtos russos. Além disso, durante o ano civil, houve a quebra da safra de soja 2021/2022 no Rio Grande do Sul, o que possibilitou ter espaço no porto para embarques de trigo. O País chegou a comercializar ao exterior em um único mês, volume que exportava durante toda a safra, de 200 a 300 mil toneladas. No ano, os três principais destinos foram Arábia Saudita (633,649 mil toneladas), Indonésia (595,035 mil toneladas) e o Vietnã (362,390 mil toneladas). Esses mercados já eram compradores cativos de trigo brasileiro de qualidade inferior e se tornaram destinos também de cereal de qualidade superior em meio às restrições nas exportações do cereal da região do Mar Negro.

Em dezembro, moinhos brasileiros compraram 498,572 mil toneladas de cereal do exterior, 12,4% a mais que em igual período do ano passado. O valor desembolsado com a importação do produto, foi 34,7% superior, no total de US$ 170,321 milhões. O preço médio do cereal importado ficou em US$ 341,62 por tonelada em dezembro. Em ambos os anos, o cereal argentino predominou entre as origens, com 264,561 mil toneladas adquiridas do país em dezembro do ano passado. No mês, as vendas externas de trigo brasileiro somaram 533,931 mil toneladas, gerando receita de US$ 183,153 milhões, queda de 1,22% em volume e alta de 16,37% em receita ante igual período do ano anterior. Para os próximos meses, são esperadas novas vendas expressivas do cereal local ao mercado internacional, impulsionados pelo dólar forte ante o real e safra cheia. A janela favorável à exportação do trigo nacional vai até março. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.