16/Jan/2023
A negociação de trigo segue travada no Paraná, com moinhos argumentando estarem abastecidos, enquanto os vendedores buscam valores mais altos. O trigo argentino que chegou ao Porto de Paranaguá foi rapidamente absorvido, apesar do preço mais alto que o cereal paranaense e gaúcho, o que seria reflexo da necessidade de mistura com o trigo gaúcho com nível de proteína mais baixo adquirido anteriormente. No Rio Grande do Sul, há demanda para venda externa e consumo doméstico, porém sem grande movimentação reportada. No Paraná, na região dos Campos Gerais, os moinhos indicam R$ 1.700 por tonelada para entrega em fevereiro e pagamento no fim de fevereiro. A negociação continua travada. Os moinhos estão sem espaço, na maioria estão comprados. Os vendedores da região buscam R$ 1.750 a R$ 1.800 por tonelada, mas nesses valores a negociação não tem andado. Os moinhos estão esperando pressão de venda para liberar espaço nos armazéns para a safra de verão.
Os compradores até buscaram oferta de trigo gaúcho a R$ 1.450 por tonelada, sem sucesso. O interesse de vendedores está na faixa de R$ 1.500 a R$ 1.600 por tonelada FOB no Rio Grande do Sul. O frete aumentou de R$ 180 para R$ 250 por tonelada na comparação semanal. Quatro navios de trigo argentino que desembarcaram em dezembro já foram absorvidos, negociados a US$ 413 a tonelada posto em Paranaguá. O que chegou foi vendido e tem demanda para mais, mesmo a preço mais alto. Considerando o valor dos acordos, mais frete médio de R$ 145 por tonelada para transporte até o moinho no interior, vezes um dólar médio de R$ 5,22 da época, as cargas de trigo chegavam a R$ 2.300,86 por tonelada posto moinho para serem transformadas em farinha, contra R$ 1.800 por tonelada do trigo tipo 1 paranaense e R$ 1.700 por tonelada do trigo gaúcho, também entregues em moinho do Paraná. As farinhas de panificação não devem sofrer queda nos preços neste ano de 2023.
No Rio Grande do Sul, o trigo com 12% de proteína tem comprador entre R$ 1.480 a R$ 1.500 por tonelada sobre rodas no Porto de Rio Grande para entrega em fevereiro e pagamento em março, o que equivaleria a R$ 1.370 por tonelada FOB no interior. Para consumo interno, as indicações de compra são de R$ 1.450 por tonelada para entrega em janeiro e pagamento no fim do mês, R$ 1.470 por tonelada para entrega em fevereiro e pagamento no fim de fevereiro e R$ 1.500 por tonelada para entrega em março e pagamento no fim de março CIF nos moinhos pelo Estado. Os primeiros navios com trigo embarcados no Rio Grande do Sul estão chegando aos destinos na Ásia, com laudos de verificação de qualidade confirmando menor nível de proteína. As tradings que venderam com patamar mínimo de 12,5% ou mais tendem a sofrer descontos ou rejeição da carga. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros de trigo fecharam perto da estabilidade na sexta-feira (13/01).
O mercado foi influenciado em parte por estimativas de estoque nos Estados Unidos que vieram abaixo do esperado. Já os estoques de trigo dos EUA em 1º de dezembro de 2022 somavam 34,84 milhões de toneladas, queda de 7% ante igual data do ano anterior, quando totalizavam 37,48 milhões de toneladas. Esses fatores foram contrabalançados pela expectativa de oferta russa volumosa e fraca demanda pelo grão norte-americano. Ainda há previsão de fraca demanda e grande produção russa, o que deve ajudar a pressionar as cotações no mercado global. A demanda por trigo dos EUA tem sido decepcionante o ano inteiro e foi prejudicada pelas ofertas agressivas da Rússia. Uma área de inverno maior do que o esperado nos EUA também pesou sobre os contratos. Segundo o USDA, os produtores do país semearam 14,97 milhões de hectares com variedades de inverno em outubro e novembro do ano passado. O mercado estimava uma área menor, de 13,96 milhões de hectares. O vencimento março/2023 do trigo na CBOT ganhou 1,00 cent (0,13%), para US$ 7,43 por bushel. Na semana, ficou praticamente estável. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.