20/Dez/2022
Com a colheita de safra recorde praticamente finalizada no País, a maior disponibilidade de trigo segue pressionando os valores de negociação do cereal, mesmo que em intensidade pequena. Além disso, a menor paridade de importação também influencia as baixas nos valores domésticos, à medida que favorece a compra externa do cereal. O atual movimento de queda nos preços pode se enfraquecer ou até mesmo ser revertido, fundamentados na expressiva redução na produção da Argentina. A colheita de trigo foi finalizada no Paraná. No Rio Grande do Sul, as atividades foram praticamente encerradas. A colheita de trigo no País somava 98,5% da área até o dia 10 de dezembro.
Em Santa Catarina, a área colhida totaliza 86,7% da área cultivada. Na Argentina, a Bolsa de Comércio de Rosário reduziu, novamente, a projeção da produção do país vizinho, agora para 11,5 milhões de toneladas. A restrição hídrica é o principal fator da expressiva redução de 10 milhões de toneladas na comparação com a temporada 2021/2022. Nos últimos sete dias, o valor pago ao produtor caiu 0,9% no Rio Grande do Sul e 0,3% no Paraná, com estabilidade em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as baixas foram de 0,7% no Paraná, de 0,5% em São Paulo e de 0,2% em Santa Catarina, mas houve alta de 0,2% no Rio Grande do Sul.
A paridade de importação do trigo com origem na Argentina é de US$ 360,83 a tonelada para o produto posto no Paraná. O trigo importado é negociado a R$ 1.887,33 a tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, tem média de R$ 1.806,2 a tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 338,63 a tonelada, o equivalente a R$ 1.771,20 a tonelada. Em relação aos derivados, as cotações dos farelos continuaram em queda, já que os moinhos estão funcionando normalmente e que o volume de farelo produzido é elevado. Por isso, nos últimos sete dias, as baixas nos preços foram de 1,5% para o produto ensacado e de 1,2%, para o a granel. Os valores das farinhas ficaram praticamente estáveis no mesmo período.
Até a segunda semana de dezembro, o Brasil importou 77,020 mil toneladas de trigo, contra 443,49 mil toneladas em todo o mês de dezembro de 2021. Os preços de importação registram média de US$ 345,50 a tonelada FOB origem, 21,2% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 285,00 a tonelada). Para as exportações, o volume foi de 23,440 mil toneladas no mesmo período, contra 540,5 mil toneladas em dezembro do ano passado. Nos últimos sete dias, as cotações FOB porto de Buenos Aires recuaram 0,3%, para US$ 396,00 a tonelada. 53,5% da safra de trigo da Argentina havia sido colhida até o último dia 14. Nos Estados Unidos, nos últimos sete dias, o contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago se valorizou 5,7%, fechando a US$ 7,35 por bushel (US$ 276,86 a tonelada).
Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter cedeu 0,8% no mesmo período, para US$ 8,44 por bushel (US$ 310,12 a tonelada). A alta foi relacionada à expectativa de maior demanda pelo trigo dos Estados Unidos, enquanto a baixa esteve atrelada à volta dos embarques no porto de Odessa, na Ucrânia, que haviam sido paralisados após ataque russo na região. De acordo com o USDA, até o dia 8 de dezembro, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2022/2023) somavam 11,1 milhões de toneladas, 2,5% inferior ao volume escoado no mesmo período do ano passado (11,4 milhões de toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.