19/Dez/2022
A negociação de trigo está mais lenta no Paraná com moinhos já abastecidos e a proximidade das paradas do fim do ano. Em São Paulo e no Rio Grande do Sul, indústrias e cooperativas destacam o bom volume de suprimento. No Paraná, na região dos Campos Gerais, a negociação está travada. Os moinhos estão bem comprados. No Natal e Ano Novo param para manutenção e expurgos. Os compradores oferecem R$ 1.750 por tonelada para entrega imediata e pagamento em 16 de janeiro, mas vendedores pedem R$ 1.900 a R$ 2.000 por tonelada. Apesar do baixo volume de ofertas de trigo tipo 1 devido à perda de qualidade por causa das chuvas, os preços cederam R$ 100 por tonelada na comparação semanal. O trigo gaúcho é adquirido a R$ 1.500 por tonelada FOB no Rio Grande do Sul continua sendo entregue à região por R$ 1.650 a R$ 1.680 por tonelada, dependendo do frete. Em São Paulo, a produção atingiu novo recorde, superando as 500 mil toneladas, segundo levantamento do Sindicato da Indústria do Trigo do Estado (Sindustrigo) reunindo informações de cinco cooperativas e cerealistas.
Ao longo de 2022, as reuniões da Câmara Setorial do Trigo paulista já indicavam perspectivas otimistas para a produção, mas o resultado final superou as expectativas. A projeção inicial apontava uma safra de 400 mil toneladas de trigo e o número foi 100 mil toneladas superior. Esse é um momento muito importante para o setor tritícola em São Paulo, pois fomenta o trabalho não só da indústria moageira, mas também das áreas de panificação, massas, bolos, que transformam o trigo em alimento para a população. O cenário político e econômico mundial, marcado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, e a influência de fatores climáticos afetaram o mercado e a disponibilidade de trigo pelo planeta e que o aumento da produção no Brasil e no Estado veio num momento importante, considerando, também, a quebra da safra da Argentina em função da intensa seca enfrentada pelo país. A Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) estima que 55% da safra de trigo 2022 esteja vendida e que 65% da produção gaúcha, ou 3,2 milhões de toneladas, esteja nas cooperativas.
Isso preocupa porque há um curto espaço de tempo para realizar essa venda, segundo a entidade. No ano passado, 70% das 3,5 milhões de toneladas colhidas foram exportadas, para vários países e a exportação consolidou uma grande liquidez do trigo gaúcho. A colheita supera as 5 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, com produtividade média no Estado acima de 3 mil quilos por hectare. Alguns produtores conseguiram acima disso. Para 2023, a FecoAgro/RS apontou que o trigo segue como alternativa interessante no inverno. A entidade projeta um aumento de área de trigo. Segundo a Emater-RS, a colheita se aproxima do encerramento, atingindo 99% da área cultivada no Estado. O maior número de lavouras em finalização da maturação está em duas regiões distintas: nos Campos de Cima da Serra e na Campanha, onde as semeaduras ocorreram mais tardiamente. A produtividade manteve-se dentro do cenário favorável da maior safra do cereal no Estado. Ainda conforme a Emater, foi intenso o movimento de caminhões em unidades armazenadoras de cooperativas e empresas.
Isso denota o avanço na comercialização da produção, seja para gerar recursos para cumprir os compromissos financeiros de suas unidades de produção, seja para dispor do espaço para o armazenamento da futura safra de verão. Na Bolsa de Chicago, os futuros de trigo fecharam em baixa na sexta-feira (16/12), pressionados por um movimento de realização de lucros após a alta de 1,0% da sessão anterior. Os preços precisam continuar baixos para que o trigo norte-americano fique competitivo em relação ao grão da União Europeia e da Rússia. Além disso, os traders elevaram sua estimativa de exportações francesas para países de fora da União Europeia na atual temporada. A expectativa é de que a França exporte 10 milhões de toneladas de trigo em 2022/2023, ante 7,5 milhões de toneladas no ciclo anterior. O vencimento março/2023 do trigo na CBOT recuou 3,75 cents (0,50%), para US$ 7,53 por bushel. Na semana, acumulou valorização de 2,6%. Em Kansas City, igual vencimento do trigo duro vermelho de inverno caiu 16,50 cents (1,9%), para US$ 8,44 por bushel. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.